quarta-feira, dezembro 31, 2014

Pro Ano Nascer Feliz



Fim de tarde do ultimo dia de 2014, olho para este céu de capa de revista de Testemunhas de Jeová, e sorrio.

Foi um bom ano, mesmo com muito que podia melhorar, foi a princípio um ano muito bom. Voltei a me encontrar comigo mesmo, e com tudo que era importante pra mim e olhando para este céu se abrindo, pensei que se a moira cega me chamasse, eu seria o cara mais sorridente que Caronte veria na fila para atravessar o Aqueronte em sua vida imortal...
Sim, estou feliz, tão feliz, que imediatamente peço aos Deuses que a Fiandeira tenha fiado um fio muito mais longo...

Este ano me reencontrei com o Cezar militante, que lutava pela liberdade e assim lutei contra o que se apresentava como uma nova ditadura, perdi, mas esta perda foi uma vitória, pelo menos pra mim, pois me fez sentir que aquele cara de muitos anos atrás estava vivo e bem vivo!

Me reencontrei com o Cezar aventureiro, com várias viagens por lugares inóspitos, várias visitas a paredões e cavernas com artes rupestres, que me lembraram da minha fé no ser humano, e neste país que vivo, onde a cada dia nos aprofundamos no tempo e vemos coisas pintadas nas paredes tal qual as cavernas anciãs da Europa.
Só não me reencontrei com meus deuses, que nunca haviam me abandonado e mesmo nos momentos mais desesperados, estiveram ao meu lado me garantindo a força pra ir adiante.

Minha namorada/noiva, que me apoiou quando nem eu acreditava tanto em mim, me apoiou e caminhou ao meu lado, e juntos buscamos novos horizontes.

Olho para minha família e vejo filhos fortes e trilhando caminhos independentes, vejo netos, sementes da minha semente, mostrando que meu DNA seguirá em frente, mesmo quando eu me for.

Por tudo isto, agradeço a vida, aos deuses e peço mais vida, pois velho fica quem não tem mais sonhos e eu voltei a sonhar.


Apesar dos pesares, gostei muito de 2014, e que 2015 seja uma sequência deste ano que pra mim foi maravilhoso.

quinta-feira, novembro 27, 2014

O Cio da Vida



Vem chegando o verão
O calor no coração
Essa magia colorida
São coisas da vida...
Não demora muito agora
Toda de bundinha de fora
Top less na areia
Virando sereia


Essa noite eu quero te ter
Toda se ardendo só pra mim
Essa noite eu quero te ter
Te envolver, te seduzir.


Vem chegando o verão... Algo acontece com a vida no hemisfério sul. Não importa o sexo, estado civil, nem identidade de gênero, o tesão toma conta da vida. A grande maioria nem percebe, mas algo estranho acontece para aqueles que não percebem o que acontece com a natureza em torno de si.

Para aqueles que são realmente pagãos, e sentem a sacralidade da natureza e a observam com religiosidade sabem que a grande mãe está fértil, sabem que o ventre de Tellus Mater está fecundo e pronto para reproduzir.
Um mínimo de observação da natureza, nos mostra que os animais, e as plantas que se revigoraram na primavera, agora lançam seus rebentos, e as trepadeiras envolvem o vigor da terra. Os Deuses da Vegetação aproximam-se do seu vigor, de sua potencia reprodutiva e induzem seus filhos ao sexo e a reprodução. Para estes não importa que usem métodos contraconceptivos, condons, diafragmas ou outras artimanhas. O falo do Deus está ereto e pronto, liquido seminal brota com em uma fonte vindo do interior da terra, escorre...

No verão a vida é mais plena, completa. A vitalidade humana está em seu ápice e não podemos negar o chamado da natureza...

sexta-feira, novembro 21, 2014

Todo dia é especial

Nenhuma data especial para comemorar, apenas 1 ano, 8 meses, 5 dias e algumas horas... ou seja, fazem 615 dias e algumas horas que encontrei uma chinesinha magrela no metro, depois de raras conversas na rede por alguns anos.

A principio nem percebi, mas o tempo foi passando e minha vida foi se mudando, ganhou, mais, vida, mais cor. Olho no varal e vejo roupas coloridas onde o preto dominava tudo, na minha casa, as cores ganharam tons mais vivos, ainda que mudassem as cores, espaços e janelas agora nunca mais se fecham, e duas cadelas magrelas, correm pelos tacos de madeira, onde antes existia um horrível carpete sujo.


Tudo foi acontecendo com muita naturalidade, nenhuma mudança brusca, mas a vida foi circulando com mais força, no quarto onde os moveis e coisas da minha mãe falecida, ainda permaneciam como uma mórbido memorial, foi onde as cores realmente mudaram, as paredes fria de um verde gelado, ficaram rosa antigo, com uma parede vermelha, a porta deixou de existir e um novo espaço aberto, a luz entrou. Depois uma biblioteca, que juntou livros espalhados e empoeirados, ganhou um espaço próprio, a eles se juntaram outros tantos que viviam em escuros maleiros e hoje recebem luz e calor do sol, que com a aproximação do solstício de verão, lava a biblioteca e aquece eliminando possíveis fungos. Olho para os meus livros e sinto a felicidade deles por estarem todos radiantes por estarem visíveis, e por saberem, que as vezes encontro algum, e busco um texto da lembrança, e as vezes o leio em voz alta.


Aos Livros se juntou um Piano, que quando tocado ecoa por toda a casa, um dock s
tation potente para mp3, meus computadores e logo terá uma mesa de desenho, pois voltou a necessidade de voltar a pintar e colorir telas. Junto com uma quase obrigação premente de escrever. Agora, aquele espaço dedicado à morte e ao esquecimento, hoje pulula de novas ideias, que ululam e lamentam, por ainda não estarem no papel.


Enfim, hoje não é um dia para comemorar, não é uma data especial, mas é mais um dia para agradecer a mulher, que me estendeu a mão, não para me ajudar, mas sim, para caminhar comigo de mãos dadas, percorrendo novos caminhos, por um mundo mais vivo e colorido. Obrigado Rachel 


China Girl
(Não sei como o Bowie sabia de tudo que acontece no dia que não te vejo, um ano antes de você nascer)

sexta-feira, março 07, 2014

Retornando ao ponto onde interrompi a jornada.


Por vezes, temos que dar um passo atrás para seguir o caminho, ou pegar estradas tortuosas para chegar onde se desejava, ainda que pra isto muitas vezes nos perdêssemos em lugares obscuros.
O importante é não perder seus sonhos ou sua identidade, afinal, quando deixamos de sermos nós mesmos, abdicamos dos nossos sonhos.
Há 11 anos voltando de uma viagem ao Mato Grosso, após visitar alguns sítios arqueológicos com pinturas rupestres e com milhões de minhoquinhas na cabeça, conheci um Padre salesiano, no museu D. Bosco de Campo Grande, onde está um dos melhores acervos de artes e instrumentos indígenas e paleameríndios, que já conheci, este padre tinha interesses parecidos e já tinha rodado toda a região do centro oeste, em seu trabalho e aproveitou para visitar praticamente todos os sítios arqueológicos que existiam por lá. Nesta longa conversa, onde debatemos uma infinidade de conceitos religiosos e antropológicos (adoro gente inteligente) ele me deixou bem claro que eu apenas estava raspando as camadas superficiais do que existia no Brasil, de histórias antes da História escrita de nosso país. E para não prolongar esta conversa com vocês, ele finalizou dizendo que eu deveria ir para Costa Rica, uma cidade emancipada há pouco tempo que tinha em seu entorno sítios ainda inexplorados, em que eu acharia algumas preciosidades.
Estava no fim da viagem, precisando voltar pra casa, pois o trabalho recomeçaria em dois dias, guardei as dicas para uma viagem futura, quem sabe no próximo ano.
Mas o tempo passou e muito do que eu pensava em fazer, não importa por que motivo não pode ser feito. Em pouco tempo minha vida mudou, minha visão sobre a religiosidade ancestral mudou completamente, pois passei a cultuar junto a natureza e é aí que as forças da natureza que comumente chamamos de deuses, falam mais forte e muitas das minhas verdades foram desmoronando, e comecei a ver o universo com outros olhos ao ver que muito que cultuávamos na terra estava reproduzido nos céus, com as constelações, planetas e seus mitos. Orion e o Escorpião, nunca estavam juntos no céu, o Sol para três dias na sua caminhada pelo horizonte nos solstícios e tantas outras coisas que nunca tinham me passado pela cabeça, ainda que eu me autointitulasse neopagão.
Mas meu interesse, pelos antigos cultos nunca deixou de existir e revendo várias das minhas antigas posições sobre deuses e panteões foram balançadas, pois estes deuses que brotavam na natureza se repetiam em várias civilizações e muitas vezes mantinham as mesmas características e muito da iconografia destes deuses também se repetia desde do paleolítico há mais de 30 mil anos em todos os continentes... Desde que o homem começou a contar suas histórias fazendo pinturas e gravações nas pedras de suas cavernas.
Neste meio tempo tive a oportunidade de conhecer a grande arqueóloga brasileira Niède Guidon, que numa conversa informal, confirmou uma das minhas suspeitas, a temática das pinturas rupestres, se repetiam de acordo com a idade delas de maneira muito parecida em três continentes, o americano, o europeu, e o africano. Ou seja, o homem em sua evolução repetia temas de outros povos que nem mesmo sabiam existir, numa clara visão de que o olhar para as forças naturais e universais, fazia parte desta evolução. Os deuses falavam com os homens de maneira muito parecida, possivelmente no mundo inteiro, como se deuses e homens caminhassem juntos.
Mais um tempo se passou e finalmente consegui chegar à região de Costa Rica e Alcinópolis e me surpreender com alguns sítios Arqueológicos e entender tudo o que aquele padre conversou comigo há 12 anos. E por mais estranho que possa parecer, não teria adiantado muito ter ido ver aqueles sítios, já que sem dúvida nenhuma, não iria vê-los com toda a compreensão que tenho hoje, o que teria sido uma viagem praticamente inútil.

Tudo isto para dizer pra vocês, principalmente para aquelas pessoas que me seguem a muitos anos, que minha crença no Destino, é muito bem fundada por coisas que acontecem na minha própria vida. Ter retomado algo que cortei há muitos anos é uma prova que eu precisava ganhar conhecimento para descobrir muito sobre mim mesmo, sobre o que acredito e sonho. Posso tranquilamente agora parar de dar voltas sobre voltas no meu Labirinto, e finalmente voltar a escrever...

segunda-feira, outubro 08, 2012

VISTA DA LUA: UMA NOVA IMAGEM DO HOMEM Archibald MacLeish





            A CONCEPÇÃO que o homem tem de si próprio e de seus semelhantes sempre dependeu da ideia que ele fazia da Terra. Quando a Terra era o Mundo – o tudo todo que existia – e as estrelas eram luzes do céu de Dante, e o chão debaixo dos pés dos homens constituía o teto do Inferno, os homens viam-se como criaturas situadas no centro do universo, constituindo a única e especial preocupação de Deus – e, desse alto lugar, governavam, conquistavam e matavam como lhes apetecia.

E quando, séculos após, a Terra já não era mais o Mundo, mas um pequeno e úmido planeta a girar no sistema solar de uma estrela de pequena magnitude, ao largo da margem de uma galáxia insignificante nas distancias incomensuráveis do espaço – quando o céu de Dante desaparecera e já não mais havia Inferno (pelo menos já não havia Inferno debaixo dos pés), os homens começaram a ver-se, não como atores dirigidos por Deus no centro de um nobre drama, mas como vitimas indefesas, sendo que milhões deles poderiam ser mortos em amplas guerras mundiais, em cidades bombardeadas, ou em campos de concentração, sem um pensamento ou uma razão, salvo a razão – se a chamarmos assim – da força.
Agora, nas ultimas poucas horas, tal ideia talvez possa ter de novo mudado. Pela primeira vez em todo o tempo, homens viram a Terra: viram-na não como continentes ou oceanos vistos da pequena distancia de 100, 200 ou 300 quilômetros, mas das profundezas do espaço; viram-na inteira, redonda, bela e pequena como nem mesmo Dante – aquela “primeira imaginação da Cristandade”  – jamais sonhou vê-la; como os filósofos do absurdo e do desespero do século XX foram incapazes de supor que ela pudesse ser vista. E, vendo-a assim, uma pergunta assomou as mentes daqueles que a fitaram. “Será ela habitada? - perguntaram  entre eles a rir – mas, depois, não riram. que lhes assomou à mente a mais de 160 mil quilômetros no espaço – “metade do caminho ate a Lua” , como disseram –, o que lhes assomou a mente era a vida naquele pequeno, solitário, flutuante planeta: aquela minúscula balsa na noite enorme, vazia. “Será ela habitada ?” 
            
A ideia medieval da Terra colocou o homem no centro de tudo. A ideia nuclear da Terra não o pôs em parte alguma – colocando-o alem até mesmo do alcance da razão – perdido no absurdo e na guerra. Esta ultima ideia talvez possa ter outras consequências. Formada como o foi na mente de viajantes heroicos que eram também homens, ela talvez refaça a nossa imagem da humanidade. Não mais sendo aquela grotesca figura colocada ao centro, não mais sendo aquela vitima degradada e degradante posta ao largo das margens da realidade e cega de sangue, talvez o homem, finalmente, se torne ele próprio.
           
Ver a Terra como ela realmente e, pequena, azul e bela no silencio eterno em que flutua, e ver a nos próprios como passageiros unidos e comuns da Terra, irmãos naquele brilho encantador em meio do frio eterno – irmãos que sabem, agora, que são verdadeiramente irmãos.


sábado, outubro 06, 2012

Em Busca do Tempo Perdido



Às vezes, como nasceu Eva de uma costela de Adão, nascia uma mulher, durante meu sono, de uma falsa posição de minha coxa. Oriunda do prazer que eu estava a ponto de experimentar, imaginava que era ela que mo oferecia. Meu corpo, que sentia no dela meu próprio calor, procurava juntar‑se‑lhe, e eu despertava. 0 resto dos humanos se me afigurava como coisa muito remota em comparação com aquela mulher que eu havia deixado momentos antes; minha face estava ainda quente de seu beijo e meus mem­bros doloridos pelo peso de seu corpo, Se, como às vezes acontecia, apresentava os traços de alguma mulher a quem conhecera na vi­da, ia dedicar‑me inteiramente a este fim: encontrá‑la, tal como os que empreendem uma viagem para ver com os próprios olhos uma desejada cidade e imaginam que se pode gozar, em uma coisa real, o encanto da coisa sonhada. Pouco a pouco sua lembrança se dissi­pava, e eu esquecia a filha de meu sonho.

(Marcel Proust – No caminho de Swann)

Dialogo 7: DE HEFESTOS E APOLO*

(Do livro Dialogo dos Deuses de Luciano de Samósata)











HEFESTOS
Apolo, tu já viste o filho de Maia**, nascido há pouco? Como é belo, sorri para todos e já revela que há-de sair dali algo magnifico!

APOLO
Hefestos, um recém-nascido ou uma coisa magnífica, ele que é mais experiente do que Jápeto***, em artifícios?!

HEFESTOS
 (Admirado) Mas que mal é que um recém-nascido poderia ter feito?

APOLO
Pergunta a Poseídon, de quem ele roubou o tridente, ou a Ares, a quem ele tirou, às escondidas, a espada da bainha,
isto para já não falar de mim, que ele desarmou do arco e das Flechas

HEFESTOS
(Espantado) Esse recém-nascido, que mal se aguenta em 
pé nos seus cueiros, fez isso?!

APOLO
Já vais saber, Hefestos, basta ele aproximar-se de ti.

HEFESTOS
Mas ele já se aproximou.

APOLO
E então? Tens todas as tuas ferramentas e nenhuma delas e venceu-o imediatamente

HEFESTOS
 (Depois de conferir rapidamente) Todas, Apolo

APOLO
Ora vê bem.

HEFESTOS
(Verificando novamente e ficando aflito, de repente) Por Zeus, não estou a ver as tenazes!

APOLO
Mas hás-de vê-las nos cueiros do miúdo.

HEFESTO
 (Ainda incrédulo) Mas ele é assim tão ágil, como se ti­vesse exercitado a arte do roubo no ventre da mãe?

APOLO
De certeza que ainda não o viste a falar com desenvoltura e agilidade! E de resto, ele está preparado para acompanhar-nos. Ontem desafiou Eros e venceu-o imediatamente
na palestra, ainda não sei como. Depois, enquanto recebiaos elogios de Afrodite29, que o abraçava pela vitória, roubou-lhe o cinto e também o cetro de Zeus, enquanto ele se ria! E se o raio não fosse tão pesado, nem tivesse tanto fogo, provavelmente tê-lo-ia igualmente roubado.
HEFESTOS
Por essas coisas que dizes, é uma criança terrível.

APOLO
E não fica por aí — também é músico.

HEFESTOS
O que é que te faz pensar isso?

APOLO
Encontrou algures uma tartaruga morta e a partir dela construiu um instrumento musical. Adaptou e colocou braços, em seguida fixou as cravelhas e dispô-las por baixo do cavalete, esticou sete cordas e tocou tão graciosa e harmoniosamente, Hefestos, que até a mim, que toco cítara há tanto tempo, me causou inveja.
 E Maia dizia que à noite ele não fica no Céu, mas completamente tomado pela curiosidade, desce do Hades, certamente para roubar algo dali. Além disso é alado e inventou um bastão com um poder assombroso, com o qual guia as almas para os Infernos e faz descer os mortos.

HEFESTOS
Eu é que lho dei, para brincar

APOLO
Pois ele deu-te a recompensa, as tenazes...

HEFESTOS
Fazes mesmo bem em lembrar! Ora então, vou buscá-las ! Pode ser que estejam, como dizes, nos cueiros dele.


*A divindade de quem se fala neste diálogo é Hermes, filho de Zeus e de Maia e senhor do comércio e do roubo. São muitos e variados os episódios em que Hermes revela os seus atributos, desde a infância.
**Hermes
** Titã, Filho de Urano e Gaia, o Céu e a Terra
Por vezes a natureza rejeita sua própria criação, de tantas coisas que a natureza engendra, algumas não vingam. Infelizmente algumas destas malformadas criações insistem em nascer, como no caso do Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou a mãe, os médicos e outros envolvidos no aborto sofrido por uma menina de 9 anos, prenhe de gêmeos, após ser abusada sexualmente pelo padrasto.

A menina de 9 anos corria risco de vida, e qualquer idiota deve saber que uma criança não tem maturidade para ser mãe. Porém o Arcebispo é tão idiota que prefere seguir uma norma imbecil da igreja de manter a proibição do aborto mesmo em caso de estupro.

O padrasto da menina, um animal que deveria, assim como o arcebispo, ter sido abortado antes de nascer, saí ileso da condenação da igreja católica, e possivelmente por estupidez das leis brasileiras, sairá também livre da justiça dos homens, já que é primário.

Sou totalmente contra estes abortos da natureza humana, pessoas como este padrasto, deveriam ser castrados, para evitar que cometa outros atos de pedofilia, pois é claro que mais dia menos dia ele vai reincidir no crime.

A igreja católica já gasta milhões na defesa de seus padres pedófilos, agora vemos que a igreja defende também os pedófilos profanos. Será que tudo isto é uma interpretação errada das palavras do carpinteiro:

Vinde a mim as criancinhas.


terça-feira, setembro 25, 2012

Mulheres




É estranho, ando com uma terrível e avassaladora vontade de escrever, porém quando sento em frente ao teclado, só escrevo coisas que não quero escrever agora. Não quero falar de mim, de como estou e me sinto. Creio que não é o momento de falar, muita coisa tem acontecido numa seqüência de dissabores nos últimos dois anos terão que agüentar, pois só serão escritas e publicadas depois que toda a poeira deste vendaval assentar.

Falar do presente não é nada gratificante, afinal o espaço que chamamos de presente é tão liliputiano, que a cada ponto final se transforma em passado. O presente acontece aqui e agora, assim pode mudar a qualquer momento e por isto perde completamente o sentido.

Porém, neste meio tempo, milhões de idéias estão rolando na minha cabeça e estou lendo e relendo muito e me apaixonando por alguns autores que eu não conhecia, como o Amós Oz,  é fascinante ver ele transformando assuntos indigestos em uma literatura palatável e mágica que nos envolve completamente, fazendo inclusive que até nos esqueçamos o quanto “aquilo” não nos agradava.

Segue um texto do Livro “De Amor e Trevas”  com um pequeno comentário meu ao final.

“E aos noventa e três anos, uns três anos após a morte de meu pai, vovô deci­diu que era chegada a hora, pois eu já tinha idade bastante para que ele conver­sasse comigo de homem para homem. Convidou‑me ao seu gabinete, fechou as janelas, trancou a porta com chave, sentou‑se formalmente à sua escrivaninha ordenou­-me me sentasse à sua frente, não me chamou de pirralho, Cruzou as pernas, apoiou o queixo no punho fechado, pensou um pouco e disse:



"Chegou a hora de conversarmos um pouco sobre as mulheres."

E logo esclareceu:

Bem sobre as mulheres, em geral."

(Eu já tinha trinta e seis anos de idade, estava casado havia quinze e era pai de duas filhas adolescentes.)

Meu avô deu um profundo suspiro, uma tossidinha discretamente protegida pela palma da mão, endireitou a gravata, pigarreou duas vezes e disse afinal:

"Bem, a mulher sempre me interessou. Isto é, sempre. Você que não me venha de jeito nenhum entender coisas feias! 0 que eu estou dizendo é algo completamente diferente. Bem, só estou dizendo que a mulher sempre me interessou Não, não a 'questão feminina'! Nada disso, a mulher como pessoa”.

Sorriu e consertou a frase:

"Bem, sempre me interessou em diversos aspectos. Durante toda a vida sempre observei as mulheres. Sempre, mesmo quando era apenas um pequeno tchildak, um molequinho. E daí que, não, não, de jeito nenhum, nunca olhei para uma mulher como um pashkudníak, um cafajeste, nada disso, sempre olhei com todo o respeito. Olhando e aprendendo. Bem, e o que aprendi, é isso que quero ensinar a você agora. Então, preste toda a atenção, é assim:"

Interrompeu‑se e olhou bem para um lado e depois para o outro, como se quisesse se certificar de que realmente estávamos a sós. Sem nenhum ouvido estranho. Só nós dois. Deu uma tossidinha.

"A mulher", disse ele, "bem, em alguns aspectos ela é igualzinha a nós. Como nós, igualzinha. Mas em alguns outros aspectos", continuou, "a mulher é completamente diferente. Nada, nada parecida conosco”.

Aqui ele fez uma pausa e de novo pensou um pouco, talvez evocando lembranças, imagens, a face se iluminou com o seu sorriso infantil, e finalizou assim sua tese:

"Mas é aí que está: em quais aspectos a mulher é exatamente igual a nós e em quais ela é muito diferente de nós? Bem, sobre essa questão", encerrou o assunto e se levantou, "sobre essa questão eu prossigo trabalhando."

Tinha noventa e três anos de idade, e é provável que tenha continuado o seu “trabalho” sobre esta questão até o ultimo dia. Eu também ainda trabalho nessa questão.”

E eu aqui, esperando viver até os 100 anos... solto um UFA!!!!  Tenho muito tempo ainda pra trabalhar esta questão!

sexta-feira, junho 08, 2012

Operação Resgate.





Vendo os comentários novos e vendo que mais gente se perdeu no labirinto, comentei com uma amiga esta coisa de gente que cai de pára-quedas, começa a ler as paredes escritas e ao invés de se perder acaba se achando, lendo coisas que ela mesma podia ter escrito... Ou que quase escreveu, escreveu algo parecido ou não escreveu porque pareceria que estava ficando louca, imagine se alguém lesse?

Falando sobre isto, esta amiga com quem eu conversava me disse: “é porque você fala de seus sentimentos, fala de dentro, de coração e sem medo de que algum idiota te ache ridículo.” E continuou “Hoje, poucos mostram seus verdadeiros sentimentos. É tanto medo de sentir realmente alguma coisa verdadeira que as pessoas estão deixando de sentir.”

Não sei se concordei com ela, afinal eu escrevo assim, pois esta é a única maneira que sei escrever e isto vem desde a publicidade, nunca falei mentiras sobre os produtos que eu vendia, se o produto não tivesse um Plus, eu acabava achando e se não achasse de maneira alguma buscava somente despertar o apetite, a vontade, o desejo através de coisas subjetivas, mas preferia sempre a verdade pura e simples sobre o produto. É meu jeito, eu sou isto!

Embora concorde muito com esta amiga sobre as pessoas terem medo de viver, ou pelo menos viver a própria vida. Porque acredito que as pessoas queriam tanto sua individualidade, que fazem o impossível para parecer diferente de que realmente são, criam outra imagem, vivem uma vida que só existe para eles próprios.

Eu pelo meu lado tenho uma vida própria, minha e só minha onde alegria e tristezas se mesclam como um mosaico onde centenas de pequenos pedaços coloridos antes dispersos se juntam numa figura mágica que é uma vida plena. A plenitude está em viver todos os sentimentos, esgotar cada emoção e não fugir das emoções e sentimentos.

As vezes nem escrevo ou publico, para não expor uma dor indizível, uma tristeza profunda que possam causar pena ou uma alegria intensa que pode causar inveja e que para quem não me conhece pareça fingimento ou mentira, já que as pessoas fogem dos sentimentos com medo do estes possam causar e buscam uma mesmice, uma vida fria e sem emoções, preenchida de sentimentos e alegrias fabricadas, é o que vivem estes que só se gostam, quando estão fora de si.

Eu ao contrário, gosto de expurgar todos os sentimentos, de esgotá-los, de viver tudo com intensidade e integridade. Não escondo ou oculto o que sinto, e creio que todos são da mesma maneira, mas como temem a dor e buscam se esconder aquilo que tem de mais valioso que é a humanidade, e fogem do que acreditam ser ruim ou mau, sem compreender que a vida é feita de bem e mal e luz e sombras, sem isto não vivemos. Vamos passar pela vida sem entendê-la e muitas vezes acreditando que ela é injusta.

Passei por isto nestes tempos, o que sem duvida, me deprimiu um bocado, até que percebi, que não havia nenhuma injustiça e quem estava sendo injusto era eu, cobrando dos deuses algo que eles já estavam me dando. Percebi que minha vida estava andando e que eu estava mudando. Percebi então que estava imitando aqueles que eu tanto critico, os que olham apenas para o próprio umbigo, sem perceber o que está em nossa volta. Os deuses ensinam, e os deuses nos levam, mas quando não os percebemos, não os ouvimos, eles com certeza vão nos arrastar para que cumpramos o nosso destino.