sexta-feira, setembro 28, 2007

Sonhos de Borges

Um dia Jorge Luís Borges sonhou que estava perdido num labirinto fechado. E que quando chegara ao centro do labirinto dera com um espelho armado. Só que o rosto que aparecia no espelho não era o dele, era de outro angustiado.

Borges respirou aliviado. Obviamente, o sonho era de outro coitado.

E Borges pôs-se a passear pelo labirinto despreocupado.

O Cortejo de Dionisio

O som de Sírinx, a flauta de Pã, traduzia a angustia e o desespero, da ninfa correndo em pânico fugindo sem se desvencilhar do deus dos sátiros. Era a urgência e o desespero que davam o ritmo ao cortejo dionisíaco. Os tamborins acompanhavam os gritos enlouquecidos das ménades, possuídas da fúria divina, do transe e da loucura da paixão pelo deus da terra, o ctônico Dionisio.

O duas vezes nascido, enlouquecido por Hera percorreu os mais longínquos países, juntando aos seu cortejo os desvalidos, os mal paridos e a todos os párias. A musica era de pânico, dor e terror, mas ao invés de assustar e fazer com que todas as portas e janelas fossem fechadas e que este cortejo atravessasse as cidades desertas e mortas como um bando de leprosos, que silenciosos reviram o lixo em busca de comida, este cortejo, atraía as multidões. O grito de horror que saia da terra, que como que se abria à passagem do deus, clamava às mulheres que atendendo ao chamado, abandonavam seus filhos com os atônitos pais e rasgavam suas roupas, jogavam terra nos cabelos e buscavam o sabor da carne viva, pulsante, como o coração de Dionisio, no ritmo da pulsação do planeta e percorriam os campos pulando sobre apenas um pé e gritando Evoé !

Dionisio não era o deus da alegria e das festas, era sim o deus do desespero, dos loucos, dos dominados. Dava aos que nada tinham o poder de sonhar, de buscar um mundo melhor além da realidade levava os humanos a transcendência lhes dando o ctônico sangue da terra, por isto sempre foi adorado pelas mulheres, as que sempre mais sofriam com a dominação. Enquanto os demais olímpicos prendiam criavam obrigações, Hera as amarrava com os laços do matrimonio, Athena às tarefas domésticas, Ártemis a maternidade que ela própria recusara, Héstia as prendia a família, enquanto todos os deuses só davam trabalho e cadeias, Dionisio era o único que as libertava, que compreendia a necessidade de liberdade que existia na mulher. Por ele elas rasgavam as vestes, lanhavam a carne, deixavam que seu sangue molhasse a terra. Por ele arrancavam o coração de seus filhos, comiam a carne nascida da própria carne, pois em Dionisio nascia a liberdade e morriam as dores e as humilhações.

No cortejo eram todas rainhas, como cetro o tirso que ostentavam sua devoção, como manto, as sangrentas peles dos animais mortos por suas unhas e dentes que dava a elas a superioridade no mundo selvagem, pois na barbárie as regras sociais e a tolerância eram abandonadas, nos campos incultos se deitavam com o homem que escolhessem, ou com a mulher que lhes agradasse, nenhum sátiro ou sileno, desobedecia ao deus as mulheres eram livres, enlouquecidas, possuídas, representando os verdadeiros poderes e o espirito orgiástico da natureza. E em sua sagrada loucura montavam feras, que as carregam gentilmente, amamentam animais selvagens em seus seios.

Com este exercito Dionisio conquistou a Índia, e em seu retorno combateu e venceu as Amazonas e mesmo os terríveis gigantes fugiram da aproximação do cortejo, pois este era o caos ctônico contra a ordem celestial dos dominadores e seus deuses organizadores, Dionisio é o deus dos vulcões, não das forjas criativas de Hefesto, mas da erupção, do jorro da lava destruidora que mata o velho, para que o novo nasça. Este é o Zagreus o Grande Caçador, o Deus com Chifres de touro o consorte da Grande Mãe, que renasce entre os Olimpicos para libertar as potências criadoras reprimidas, e justamente por isto tão reprimido e proibido pelas sociedades grega e romana.

Dionisio é o seu insano cortejo, é causa do pânico anunciado por Pã nos gemidos alucinados de Sirinx. Ele é a desordem temida pelos governantes e pelos poderosos, é o terror para os pequenos dominadores, aqueles que controlam cultos, e tiram proveito em nome dos deuses.

Dionisio é o que renasce dos humores e miasmas da terra, quando a mãe está ferida, e o equilíbrio corre riscos, quando a organização e a sociedade sufoca; ele como um sopro de oxigênio renova e incendeia a mente dos que não mais suportam a opressão.

quinta-feira, setembro 27, 2007

..., alegria, balde d’água fria e a confirmação – II





Bem terminei o primeiro relato com o aparecimento da cobra e o seu conseqüente sacrifício, motivado por dois motivos; primeiro que eu precisava da cobra, precisava da cabeça da cobra, da pele da cobra e dos ossos da sua coluna vertebral, (uma defumação com vértebras de cobra bane mais que defumação com pimenta) e em segundo lugar porque a cobra havia invadido o espaço humano e poderia caso eu só a espantasse voltar e acabar picando a filha do caseiro, meus cachorros ou mesmo eu e meus familiares, portanto virou troféu pendurada no meu pescoço na foto do tópico anterior. E também era um item dos mais difíceis do enxoval da minha consagração á Dionisio, por isto acredito, que ele em força e presença, levou a serpente na minha estufa de mudas. Fiquei muito feliz pelo empenho do Deus em comungar comigo. Sorry era eu ou a cobra !


Mas para alguns aqui que vão passar pelos mesmos preceito, quero avisar que os deuses têm sua maneira própria de agir e muitas vezes não conseguimos entender e logo em seguida ao que aconteceu no fim de semana mais coisas estranhas voltaram a acontecer...


Na Sexta feira, antes portanto do fim de semana, depois de uma procura insana por um jarro, pote, vaso ou qualquer recipiente com tampa, onde guardarei alguns fundamentos dionisíacos e mais de mil idéias que não me satisfaziam, finalmente apareceu aquele que falou comigo com a voz da divindade.


Fazendo roteiro turístico/comercial com uma tia da Lu, fomos comer no mercadão e ela quis ir as compras nos muambódromos da 25 de março e lá eu vi pela primeira vez o Touro de bronze da dinastia Sui ou T'ang. E ele nem estava totalmente visível, estava num canto quase que jogado, coberto de poeira, mas meus olhos olharam para aquele ponto e me aproximei para ver o que era. E era ele o vaso que Dionisio queria. É claro que o preço era pornográfico! E que também não tinha dinheiro no bolso para comprá-lo.


Fui para casa com a cabeça martelando, depois aconteceu o fim de semana descrito no post anterior, onde tivemos o carro apreendido, andamos de carro de policia para chegar ao sitio e quando ganhei a cobra. Na Segunda pela manhã, juntamos os trocados para resgatar o carro e à tarde paguei o que devia ao estado (licenciamento atrasado) e como havia entrado um dinheiro corri para a 25 de março para comprar o Touro.


Não iria contar isto para ninguém, mas dado ao resultado final da aventura, creio que posso contar e apesar de vocês poderem achar estranho não dirão que enlouqueci.


Percorri o "Shopping Muamba" inteiro, passei uma 30 vezes pelo local onde ficava a loja do china, e nada... a loja havia desaparecido. Como? Não me perguntem. Ela simplesmente sumiu como aquelas coisas que de tão óbvias ficam imperceptíveis, invisíveis.


Depois de 1 hora procurando a loja, me conformei, errei de Shopping.


Dia seguinte de manhã voltei ao local, agora depois de ter me informado com a Lu sobre o andar e o shopping, que segundo ela, era exatamente onde eu tinha ido no dia anterior. E novamente não encontrei a loja.


Na Terça a tarde fui para Piedade resgatar o carro, onde tive sérias dificuldade para me devolverem o carro, tanto que só consegui resgata-lo no dia seguinte à tarde. A noite dormi sozinho no sitio e vários sonhos me diziam sobre o touro e Dionisio a ponto de acordar pensando que jamais eu iria encontrar aquele touro. Ele me mostrara e eu não comprei na hora, fazer o que? Alem de reiniciar a busca.


Hoje pela ultima vez resolvi voltar a 25 de março e logo que cheguei dei de cara com a loja e o touro. Fiquei sem entender nada, mesmo porque o china só falava em chinês e só consegui entender ele dizendo que sabia que eu voltaria pois ele viu que meus olhos brilharam com o touro e orgulhoso da sua ancestralidade havia passado os últimos dias me esperando e pensando em me dar um bom desconto, afinal o touro estava na loja há 2 anos e nunca ninguém tinha olhado para ele. Ele sabia que deveria vende-lo para mim ainda que fosse pelo preço de custo. O que foi maravilhoso, afinal não se pode regatear quando se trata de coisas que oferecemos para as divindades e este desconto foi providencial, pois é hora de comprar muitas coisas...


terça-feira, setembro 25, 2007

Festa, alegria, balde d’água fria e a confirmação.


Eiiiita fim de semana!!

Começou com uma alegria imensa de compartilhar e festejar com os deuses e com pessoas que se tornaram meus familiares, depois um intermezzo com uma situação restritiva e constrangedora para colocar os pés no chão e finalmente a comprovação de que o caminho é mesmo este.

Poucos sabem ou entendem como agem os deuses, mas eles nos dão lições através do seus mitos. Dionisio é epidêmico, suas epifanias acontecem com a loucura e a alegria, mas não podemos esquecer que um Penteu, sempre vai aparecer para impor a autoridade dos humanos. Dionisio não é só um deus que morre e renasce é também um deus que compartilha o sofrimento humano, que não é reconhecido e por vezes é humilhado. Mas é Deus, quem sabe, o mais humano dos deuses. Nos mostra sempre o que é a vida, o viver tudo que nos está fiado pelas moiras, a vida total e inteira com alegrias, tristezas, gloria e humilhação.

Depois da festa, alegria e purificação pelas sagradas águas, almas lavadas e postas ao Sol. Muitas certezas, nenhuma duvidas e de repente do nada, todas as duvidas e todo medo. O risco de ficar perdido no meio do nada, causado pela estúpida autoridade humana. A restrição a liberdade, a perda do direito de ir e vir e o abandono.

Tudo para mostrar a força da divindade, que torna os agressores em serviçais, aqueles que o impediram de prosseguir e seus aurigas, motoristas que o conduzem ao seu templo. Faz do senhor escravo e do cativo o cavalheiro. Inverte muda a ordem das coisas e nos mostra o mundo em mudança, é o deus da transformação, do movimento, da vida.

Dionisio Zagreus, é aquele que morre para renascer, e renasce a cada instante se mostrando presente e vivo pois os deuses nunca morrem. Se mostra em epifanias e nos dá o que precisamos para mostrar que nunca saiu do nosso lado. Aparece nos observando e desliza como água verde escura correndo rápida contra a gravidade e se dá em sacrifício, nos entregando aquilo que precisávamos para a sua consagração e glória. E tudo o que temos que fazer é reconhecer a sua presença, em todas as suas metamorfoses, é o touro, é o menino e é a cobra.

Quem não quiser ver, um dia será obrigado a ver, já aquele que enxerga e o reconhece em suas mascaras é como seu filho e recebe seus presentes e suas graças. Eu o reconheço e gosto de vê-lo em mim, eu como uma de suas mascaras, humano e deus.

Evoeh Zagreus !!!!

segunda-feira, setembro 17, 2007

O mar que me desgoverna

O Mar que mora em mim é plácido e calmo. Navego por minhas próprias águas, caminho por elas e sua força me sustenta. Viajo por toda sua extensão, seus sonhos e fantasias.

Mergulho também em outro mar, este externo que me acolhe e recebe meu corpo, envolve minha pele e todas as minhas vontades um mar de desejos e promessas.

O mar de fora e que me abraça, cinge meus cabelos de algas e me coroa de espuma, costuma se unir ao meu oceano interior e funde a terra e a água fazendo que só exista um mar verde esmeralda prenhe de possibilidades e futuro.

Porém por vezes este mar se afasta numa vazante que transforma minha praia num imenso deserto seco e vazio, levando consigo as ocêanides, os peixes coloridos e os reflexos da lua e das estrelas.

Este refluxo regido pela Lua leva as águas que me envolvem para longe de mim, fazendo que meu sangue e todos os liquido do meu interior, queiram acompanhar o mar que se esvai, se afasta e foge.

Este turbilhão desperta aquele que causa terremotos, que chega com um uma manada de cavalos indomáveis num tropel alucinado com cascos de prata, que soam como trovões subterrâneos brotando do interior da terra.

Se o mar deixa de beijar a terra com o vai e vem de suas ondas, a ordem do universo é quebrada e todo pode se perder. O clamor do que sacode a terra é rápido e destruidor, mas retorna a placidez com a virada da maré, quando influxo novamente lambe a praia e a água volta

Somente a visão da escondida trazida pelos delfins pode acalmar o deus cavalo soberano das tormentas Ctônias. Maremotos e furacões brotam no mais profundo do ser e escapam como impropérios através dos dentes, quando só queriam dizer: Volta, me envolve antes que o fogo seque as águas e o mar que existe em mim.


É ISSO AI !!!

quinta-feira, setembro 13, 2007

O MINOTAURO

A idéia de uma casa feita para que as pessoas se percam talvez. seja mais extravagante que a de um homem com cabeça de touro, mas as duas se ajudam e a imagem do labirinto convém à imagem do minotauro. Fica bem que no centro de uma casa monstruosa haja um habitante monstruoso.
O minotauro, metade touro e metade homem, nasceu dos amores de Pasífae, rainha de Creta, com um touro branco que Posêidon fez sair do mar. Dédalo, autor do artificio que permitiu se efetivarem tais amores, construiu o labirinto destinado a encerrar e a ocultar o filho monstruoso. Este comia carne humana; para seu alimento, o rei de Creta exigia anualmente de Atenas um tributo de sete mancebos e sete donzelas. Teseu decidiu salvar sua pátria daquele gravame e ofereceu-se voluntariamente. Ariadne, filha do rei, deulhe um fio para que não se perdesse nos corredores; o herói matou o minotauro e pôde sair do labirinto.
Ovídio, em um pentâmetro que pretende ser engenhoso, fala do bomem metade touro e touro metade bomem; Dante, que conhecia as palavras dos antigos mas não suas moedas e monumentos, imaginou o minotauro com cabeça de homem e corpo de touro (Inferno, X11, 1-30).
O culto ao touro e à acha dupla (cujo nome era labrys, que depois pôde resultar em labirinto) era típico das religiões pré-helênicas, que celebravam tauromaquias sagradas. Formas humanas com cabeça de touro figuraram, a julgar pelas pinturas murais, na demonologia cretense. Provavelmente, a fábula grega do minotauro é uma versão tardia e canhestra de mitos antiqüíssimos, sombra de outros sonhos ainda mais horríveis. ( Jorge Luís Borges – O Livro dos Seres Imaginários)

O DRAGÃO


Uma corpulenta e alta serpente com garras e asas talvez seja a descrição mais fiel do dragão. Pode ser negro, mas convém que também seja resplandecente; costuma-se exigir igualmente que exale baforadas de fogo e de fumaça. A descrição acima refere-se, naturalmente, a sua imagem atual; os gregos parecem ter aplicado seu nome a qualquer serpente considerável. Plínio conta que no verão apetece ao dragão o sangue do elefante, que é extremamente frio. Ataca-o de repente, enrosca-se nele e crava-lhe os dentes. O elefante exangue rola por terra e morre; também morre o dragão, esmagado pelo peso de seu adversário. Lemos também que os dragões da Etiópia, em busca de melhores pastos, costumam atravessar o mar Vermelho e emigrar para a Arábia. Para realizar essa façanha, quatro ou cinco dragões se abraçam e formam uma espécie de embarcação, com as cabeças fora d'água. Há outro capítulo dedicado aos remédios derivados do dragão. Lê-se aí que seus olhos, secos e batidos com mel, constituem um linimento eficaz contra os pesadelos. A gordura do coração do dragão, guardada na pele de uma gazela e amarrada ao braço com os tendões de um cervo, assegura o êxito nas contendas; os dentes, igualmente amarrados ao corpo, fazem com que os amos sejam indulgentes e os reis afáveis. O texto menciona com ceticismo um preparado que torna os homens invencíveis. Elabora-se com pêlo de leão, com a medula desse animal, com a espuma de um cavalo que acaba de ganhar uma corrida, com as unhas de um cão e com a cauda e a cabeça de um dragão.
No livro XI da Ilíada, lê-se que no escudo de Agamenon havia um dragão azul e tricéfalo; séculos depois os piratas escandinavos pintavam dragões em seus escudos e esculpiam cabeças de dragão nas proas dos navios. Entre os romanos, o dragão foi insígnia da coorte, como a águia da legião; essa é a origem dos atuais regimentos de dragões. Nos estandartes dos reis germânicos da Inglaterra havia dragões; o objetivo de tais imagens era infundir terror aos inimigos. Assim, lê-se na balada de Athis:

Ce souloient Romains porter, Ce nous fait moult à redouter
(O que os Romanos soíam levar / É o que nos faz assim amedrontar.)

No Ocidente o dragão sempre foi concebido como malvado. Uma das façanhas clássicas dos heróis (Hércules, Sigurd, São Miguel, São Jorge) era vencê-lo e mata-lo. Nas lendas germânicas, o dragão custodia objetos preciosos. Assim, na Gesta de Beowulf, composta na Inglaterra por volta do século VIII, há um dragão que durante trezentos anos é guardião de um tesouro. Um escravo fugitivo se esconde em sua caverna e leva consigo um jarro. O dragão desperta, percebe o roubo e decide matar o ladrão. De quando em quando desce à caverna e a revista bem. (Admirável ter ocorrido ao poeta atribuir ao monstro essa insegurança tão humana.) O dragão começa a devastar o reino; Beowulf o procura, trava combate com ele e o mata.
As pessoas acreditaram na realidade do dragão. Em meados do século XVI, isso é registrado na Historia Animalium de Conrad Gesner, obra de caráter científico. O tempo desgastou extraordinariamente o prestígio dos dragões. Acreditamos no leão como realidade e como símbolo; acreditamos no minotauro como símbolo, ainda que não como realidade; o dragão talvez seja o mais conhecido mas também o menos afortunado dos animais fantásticos. Parecenos pueril e costuma contaminar de puerilidade as histórias em que figura. Convém não esquecer, todavia, que se trata de um preconceito moderno, possivelmente provocado pelo excesso de dragões que há nos contos de fadas. Entretanto, na Revelação de São João se fala duas vezes do dragão, "a velha serpente que é Diabo e é Satanás". Analogamente, escreve Santo Agostinho que o Diabo "é leão e dragão; leão pelo ímpeto, dragão pela insídia". Jung observa que no dragão estão a serpente e o pássaro, os elementos da terra e do ar.
( Jorge Luís Borges – O Livro dos Seres Imaginários)

quarta-feira, setembro 12, 2007

Labiríntico





Este é o labirinto de Creta.

Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro.

Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações.

Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como a Deusa e eu nos perdemos.

Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como a Deusa e eu nos perdemos naquela madrugada de 23 de Abril e continuamos perdidos no tempo, esse outro labirinto.


(Jorge Luis Borges, com uns grifos meus)

segunda-feira, setembro 03, 2007

A dança do Fogo



A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida...

Mário Quintana