sexta-feira, outubro 31, 2008

Mais epigramas amorosos

A Cortesã

Tuas palavras são impudicas, teus olhares insolentes, e és conquista fácil.

Outros te censurem: eu te louvarei.

Não admiramos cavalos arrogantes e os pássaros que vivem de cabeça erguida?

Conserva o orgulho da sua beleza. Aceitas um salário? Danae aceitou ouro.

Oferecem-te coroas? Tambem as oferecem aà virgem Ártemis.

Entregas-te às vezes aos campônios? Helena entregou-se ao pastor Paris.

Não recusas marinheiros? Jasão, o primeiro, dizem, que afrontou os perigos

do mar, foi amado por uma Nigromante.

Não desdenhas os escravos? Ó generosa amiga, não tem eles, presos em teus braços

a ilusão da liberdade.

O Vento

Por que não sou o vento? Quando passeias pela praia, eu acariciaria os teus seios nus.

O Exilado

Tem piedade, Ródope, de um infeliz que Mírteia exilou de sua morada.

Lembra-te de que outrora os ateniences acolheram os Heráclitas errantes.

Sê boa, e Mírtea ficará sabendo que me consolaste dos seus desdéns:

Pensa que os olhos dela, então, boiarão em lágrimas furiosas.



sexta-feira, outubro 24, 2008

Venerdì



O Retrato

Grande pintor, vem e pinta o retrato da minha amiga. Eu a descreverei.

Pinta os seus longos cabelos, negros e macios, untando-os, se puderes, com um óleo que conserve o mais doce perfume. Pinta-lhe a fronte de marfim e as lindas sobrancelhas. Os seus olhos por vezes lançam chamas – olhos claros como os olhos de Atena, úmidos como os de Afrodite.

Para pintar-lhe o nariz e as faces, Porá leite de rosas em suas tintas. Os lábios dela sugerem o beijo. No queixo, nas espáduas, sente-se o sortilégio de todas as graças.

Depois cobrir-lhes-ás o corpo com uma leve púrpura, que deixara transparecer um pouco de sua carne idolatrada.


Os Presentes

Quase nada tenho, minha amiga, mas sou teu, de todo o coração, juro-o. E a dádiva que lhe faço vale mais que os presentes preciosos.

Recebe esta lã fofa e espessa, que a púrpura florida colora. Toma ainda este tecido rosa. Para os teus cabelos aceita o perfume que este vidro Glauco encerra.

Passarás num vestido gracioso, provarás que são hábeis suas mãos. Eu guardarei de ti uma perfumada lembrança.


A Amante

Dentro da noite, enganando meu marido, eu vim. A chuva pesada molhou-me toda. E agora? Vamos nos sentar, sem fazer nada? Vamos dormir?

Ora, como se aos amantes fosse permitido dormir?


Irene

Como se eles deixassem os dourados domínios de Cípris, os amores descobriram a terna Irene. Flor sagrada, Irene desabrochava. E nela então eles adoravam todas as graças virginais. E estendendo os nervos purpurinos dos arcos dardejavam inumeráveis flechas sobre os rapazes.


Afrodite de Ouro

Homero, que sempre falava bem, afirmou que Afrodite é de ouro. Foi a coisa mais justa que ele disse.

Trazes algum dinheiro? Ès amigo da Casa, nenhum porteiro te detém e não encontras nenhum cão no vestíbulo. Vens de mãos vazias? O Próprio Cérbero se levanta contra ti.

Ó Mulheres, criaturas ávidas: quem vos viu alguma vez desdenhar a riquesa, vós que com asco repelis a pobreza

sexta-feira, outubro 17, 2008

+ Epigramas Amorosos

Em dia corrido de Pai da Noiva, não posso deixar de louvar Afrodite com versos escritos há dois mil anos.

Que ela traga e ofereça a minha filha Ariane todos os seus dons.

E que Hera proteja este casamento.

A Ametista

Ametista! Engastada em Ouro, esta pedra translúcida tem o poder de trair os homens que

vogam a distancia, ao sabor das ondas, e de seduzir as crianças recém-saídas da câmara materna.

Foi uma nigromante de Larissa quem deu a Nikô. Envolvida em lã purpúrea de uma ovelha,

oferece Nikô à terna Afrodite.

Nossis

Nada é mais doce que o amor. A felicidade que ele nos oferece é a maior de todas.

Por vezes minha boca desdenhou até o mel.

Assim fala Nossis. Quem não desejou Cípris, ignora que flores são as rosas.

O Cinto

Rodante, a divina criança, não ousava beijar-me os lábios. Era ainda tão tímida!

Desapertando o cinto, ela atirou-me uma ponta, que eu segurei. Em seguida,

Cobriu o cinto de ternos beijos. E meus lábios sedentos restituíam de longe estes beijos.

Este jogo me consolara um pouco. O delicado cinto era como um regato, onde ria uma onda amorosa.

Melíssias

Melíssias despreza o amor. Todo o seu corpo grita, portanto, que mil flechas o feriram.

Ela anda a passos agitados, incertos; tem a respiração ofegante e um brilho estraqnho nos olhos fundos – brilho que se extingue de súbito para reaparecer um instante depois. –

Ò desejos, por vossa mãe Citeréia, queimai, queimai a criança rebelde, forçando-a a não mais negar que está amando.



sexta-feira, outubro 10, 2008

Epigramas* Amorosos da Antologia Grega.

Nas próximas sextas feiras, dia de Afrodite, vou publicar mais alguns destes epigramas que falam de amor e da deusa da beleza.

Oferenda

Eis aqui algumas flores, amada Afrodite, Rainha do Ouro.

Colhi-as nos campos da querida Hélade, não as margens dos largos caminhos por onde passaram, depois do divino cego, o piedoso Ésquilo e o sábio Euripedes, Masw ao longo dos atalhos modestos, por onde a exemplo do elegante Meleagro, passearam Leônidas, honra de Tarento e o povo dos campos. Sei que adoras, Cipris estes caminhos humildes. Aí te vêem sorrir os amantes sem glória e as pequenas cortesãs. Perdemo-nos por eles muitas vezes com prazer.

Nem todas as amorosas procuram, Tintárida, aventuras ilustres. Conheces amantes que sem terem tido o destino de Paris, julgaram feliz a sua existência. E por ser muito famoso, Menelau não é, talvez, o mais digno de Lastima dentre daqueles que tu desgraçaste.

Assim, numa época em que os servos de um deus triste desejariam Proscrever-te, Citeréia, receba de mim esta guirlanda de flores.

* Epigramas - entre os antigos gregos, qualquer inscrição, em prosa ou verso, colocada em monumentos, estátuas, moedas etc., dedicada à lembrança de um evento memorável, uma vida exemplar etc.

domingo, outubro 05, 2008

Lançamento livro com um conto meu

“Ulisses estava realizado, qualquer um que olhasse para ele diria isto. Tinha um bom trabalho, apartamento decorado com móveis assinados por bons designers contemporâneos, obras de arte, um bom carro, os filhos do primeiro casamento, terminando a faculdade e com carreiras definidas. Era, para todos que o conheciam, um exemplo de realização. Porém algo o incomodava, nem mesmo ele sabia o que.”

 

Este é o primeiro parágrafo do conto Ulisses de todos nós que escrevi para o livro Histórias do Tarô, junto com este que foi escrito para o arcano O Sol, mais vinte e dois contos fazem a viagem pelos arcanos maiores do Tarô, um livro gostoso de ler com visões destes arcanos que não encontramos nos livros de tarô.

O lançamento deste livro que já se encontra nas livrarias, (vi ontem, na Livraria Cultura da Paulista, dois exemplares na estante) vai acontecer no próximo sábado dia 18 de outubro de 2008 das 15 ás 18 horas, na Livraria Francisco Alves na Av. Paulista, 509 – em frente ao metrô Brigadeiro.

Estarei lá autografando meu conto, junto com os outros 22 autores, imaginem a oferta “compre 1 livros e pegue 23 autógrafos”.

Com certeza autografar tantos livros será um trabalho árduo, assim as 18:00 estarei maluco por uma cerveja e podemos toma-la juntos em algum boteco das vizinhanças.

Espero você lá

O link para imprimir o convite e ver todos os autores que participaram do projeto é http://www.tarjaeditorial.com.br/convites/convite_taro.htm