Gloria rápida e vida intensa são bem melhor que uma vida enfadonha e longa.
Viver 10 anos a 1.000 km/h é mais interessante que viver 1.000 anos a 10 km/h, era exatamente assim que eu pensava (e ainda penso), tinha certeza na adolescência que não emplacaria os vinte anos.
Mas os deuses não queriam assim, e completei os vinte anos dizendo que não confiava em ninguém com mais de Trinta (e ainda não confio) e continuei, a toda, morro antes dos trinta.
Mas as moiras haviam trançado um fio mais longo para mim. E o tempo foi passando e eu fui envelhecendo contra minha vontade. Ou melhor, meu corpo foi envelhecendo, será ? Ainda gosto do meu corpo. Algumas rugas, mas o espelho ainda pisca pra mim.
Na cabeça continuo um moleque, que se espanta quando completa 57 anos, meu pai morreu com 56 e minha filha teve um filho, como eu posso ter chegado a isto? Cinquenta e sete anos e avô! Devo estar velho! Caraca!
Mas continuo levando a vida a mil, há quarenta e tantos anos, que faço o que posso e o que não posso pra viver tudo que é possível. Amo a vida!
Não sei quando vou parar de ser o moleque que queria abraçar o mundo e conhecer tudo o que pudesse.
Tem tanta coisa ainda pra fazer, tantos livros pra ler, tantas coisas pra escrever e tanta vida ainda a viver... Quem sabe ainda consigo fazer uma tia, mais nova, para o filho da minha filha. Quem sabe o que as tecelãs fiaram pra mim?
Eu não sei, mas confesso:
Vou continuar vivendo a toda!
Azar de quem não vive!