segunda-feira, dezembro 01, 2008

Oferendas e Avisos

As Samiences

Brito e Nannoin, as duas samiences, não manifestam senão desprezo , às Leis de Afrodite: não penetram no seu templo e zombam das volúpias proibidas. Mostra o seu poder, ó Deusa, e pune aqueles que fogem de seus altares e desdenham de tuas alegrias.

Oferenda Rústica

Chamo-me Hermófilas, ó Deusa, e meu humilde trabalho é guardar bois. Minha noiva é a doce Eurínome, que enfeita os lindos cabelos com uma coroa de rosas.

Recebe dela ó Cipris, estes favos de mel dourado e da minha parte, este pequeno queijo.

A Vingança

Filina, também és amorosa? Conheces o terrível tormento das noites sem sono? Ou dormes, em teu leito tranqüilo, inconsciente do mal que me fazes?

Dia virá em que sofrerás as penas que sofro: as lagrimas crestarão as rosas das tuas faces, porque Afrodite me vingará – ela pune sempre as amantes cruéis.

Oferendas

Esta lindas sandálias enfeitavam os pés de Bitina; esta rede adornada de flores marinhas prendia os cabelos rebeldes de Filene; este delicado leque brilhava nas mãos de Anticléia; este fino véu que parece obra de uma deusa, protegia o rosto da bela Heracléia; esta serpente de ouro enrolava-se nos macios tornozelos de Aristéia.

Estas moças são amigas, tem a mesma idade e juntas fazem suas oferendas a Citeréia Celeste

quarta-feira, novembro 19, 2008

Belas lembranças

A Graça de Cípris

Doce é a neve para o viajante que tem sede, no verão; Doce é a brisa da primavera para os marinheiros cansados do inverno; mais doce ainda, porém é a graça que Cípris concede a dois namorados que se mantiveram separados por longos dias.

Melita

Tens os olhos de Hera, Melita; tuas mãos são as mãos de Atena; seus seios são delicados como os de Afrodite; teus pés são mais alvos que os pés de Tétis.
Fita-me – e é uma alegria sem par!
Falas-me – e é uma felicidade!
Beijas-me – e eu me sinto um semideus!
Desposas-me – e torno-me Deus

A Oferenda a Cípris

Vê Boidion, a Tocadora de flauta, vê Pítia, ó rainha Cípris.
Outrora foram amadas: agora oferecem os seus cintos e colares.
Ó negociantes, ó marinheiros, vossas bolsas não ignoram de onde vieram os cintos,
de onde vieram os colares

Os olhos culpados

Olhos meus, intrépidos bebedores de beleza pura, será que sempre vos embriagareis com o néctar cruel de Eros?
Fujamos, fujamos para longe, para um recanto sereno, onde farei sóbrias libações em honra a Cípris tranqüilizadora. Se Eros ainda vier te aguilhoar-me, umidece-vos de lágrimas gélidas, olhos meus, sofrei para sempre esta pena. Terá sido justa: pois vós que me fizestes conhecer as criaturas encantadoras que, sem cessar, me lançam em fogueiras furiosas.

As Flores

Já se entreabriu a branca violeta, e o narciso hibernal, e o lírio amigo das montanhas. Já floresceu Zenóbia, que os amantes adoram, flor encantadora entre todas as flores, rosa delicada de todas as rosas.
Ela passa. Ó Campinas, vão o brilho de vossas folhagens, vosso sorriso se desfaz. A criança é mais bela que as coroas de frescos perfumes .


(Sexta estarei bem longe da rede, por isto esta semana os
epigramas amorosos da Grécia antiga que nos remetem aos encantos de Afrodite, foram publicados hoje.)

Bona Dea


O começo de dezembro se aproxima e é o momento de preparar a festa de Bona Déia. A principio não poderíamos simplesmente traduzir este epíteto de Fauna, por Boa Deusa, afinal “bona” é o feminino de bônus e até a época de Cícero, bônus ou bona nada tinha com bom ou boa, mas sim com “Valente”, “Aguerrido” ou “bravo” já que este escreveu: “multae et bonae et firmae... legiones” ou seja “Não apenas valentes, mas também poderosas as legiões. Portanto Bona ou bônus, só se tornaram bom e boa no período do Império e por associação, não pela etimologia da palavra”.
Assim, se o culto da Bona Dea é anterior a própria fundação de Roma, já que ela é a mãe de Latino, pai de Lavinia que casou com Enéas, portanto devemos esquecer o Boa Deusa e chamá-la de Deusa Valente, Brava ou Aguerrida, o que, por sua lenda faz muito mais sentido.
Existem duas variantes do Mito, em uma ela é a Esposa de Fauno, que tendo um dia se embebedado de vinho e ele ao chegar em casa espancou-a até a morte com varas de Mirto. Na segunda Fauna é filha do Fauno e era muito virtuosa. Um dia seu pai chegou embriagado em casa e decidiu estupra-la, ela defendeu-se como pode até ser surrada pela vara de Mirto até que encharcada de sangue conseguiu fugir.
É nesta segunda variante que se sustenta as festas a Bona Dea, as matronas romanas “sempre” virtuosas e castas se reuniam desde o inicio da republica, na casa do Pontifix Maximus ou na de um dos dois cônsules e na presença das Vestais, a dona da casa chamava as mais importantes damas da republica, para numa atmosfera de pureza e respeito comemoravam a Bona Dea. Nestas festas, exclusiva para mulheres só eram proibidas duas coisas, o Mirto e falar a palavra vinho. Não obstante as Matronas se embriagavam de vinho, porém durante a festa o vinho era chamado de copo de leite e as ânforas que o guardavam de potes de mel. Quem as ouvia de fora só ouvia elas pedindo que passassem o pote de mel ou lhe servissem um copo de leite.
Outra particularidade desta festa era que como nas saturnalias ocorria uma inversão de papeis, as criadas vestiam as roupas da patroas e eram servidas por elas.
Com o crescimento da republica Bona Dea ganhou um templo no monte Aventino, cercado por um bosque sagrado, onde ocorriam as festas em honra a deusa, para as mulheres plebéias.

Esta tão decantada pureza destas festas é traída por alguns relatos do final do período republicano:
Contam que no ano de 62 a.C. o depravado Públio Clódio Pulcro, disfarçado de mulher, penetrou na casa Pontifix Maximus, não para apreciar a festa, mas sim por estar apaixonado por Pompéia a esposa de César, que ocupava na ocasião o cargo de Pontífice. Foi um escândalo sem precedentes, que levou o degenerado ao exílio e obrigou por honra César a divorciar-se de Pompéia.
Se analisarmos os símbolos desta festa veremos que desde o seu inicio eram festas em honra da virtude de Fauna, que poderia ter morrido, defendendo a sua pureza, a proibição ao vinho tinha uma estreita relação com a proibição das Matronas de tomar vinho, numa clara repressão aos cultos de Pater Líber, o Baco romano e a Surra de mirto, planta consagrada a Vênus, que apesar de ser cultuada por ser mãe de Enéas, era vista no principio de Roma como a Vênus Calva, numa lendária atuação das mulheres romanas que em meio a uma guerra pela conquista da Itália, cortaram seus longos cabelos para fornecer cordas para os arcos do exército de Roma, Vênus sempre amedrontou aos Romanos.
A Valente Bona Dea simbolizava as virtudes que as mulheres romanas deviam ter e das quais o vinho dionisíaco e Vênus poderiam afasta-las. Sem duvida, A cidade precisava estimular a fecundidade feminina das Mães e pretendia assegurar-lhes a proteção de divindades castas e caridosas, não deixando que as matronas se enveredassem por cultos sensuais que inspirassem as suas devotas o desejo de utilizar desordenadamente os poderes que deviam celebrar.
Bona Dea por ter defendido a castidade e depois se tornar mãe de Latino, um dos ancestrais de Roma, era o exemplo que os romanos queriam para suas mulheres. Porém em tempos imperiais, onde Vênus Genetriz a protetora de Julio César e de seu filho Otavio Augusto, as festas de Bona Dea perderam toda a sua aura de santidade. No período imperial podemos ler o que escrevia o ferino e satírico Décimo Junio Juvenal, contando e trazendo até nós as depravações que ocorriam nos finais do primeiro século d. C. nos mistérios de Bona Dea no Aventino:
Todos conhecem o que se passa nos mistérios da Bona Dea, Quando a flauta excita os quadris e sob o efeito da trombeta E do vinho, as Mênades de Priapo, fora de si, soltam e sacodem as cabeleiras e vociferam” ( Satirae 6, 314-334)
E Juvenal não para aí:

A excitação, porém não admite delongas; é a fêmea na sua totalidade.
Um grito Ecoa e se propaga pelo bosque todo: Agora é permitido, deixemos entrar os homens! Se o amante está dormindo, deve despertar e tomar seu manto e vir imediatamente; se não existe amante agarra um escravo; Se não existem mais escravos, virá ajustado o preço algum servo; Se este não é encontrado e faltam homens, não há porque retardar mais, Ela se deixa possuir por um jumento. (Satirae 6, 327-334)
E triste com o que descreveu Juvenal termina:
Oxalá os ritos antigos e o culto público se celebrassem isentos, ao menos, de semelhantes infâmias. (Satirae 6, 335-336)

fontes: Dicionário Mítico-Etimológico da Religião Romana – Junito Brandão O amor Em Roma - Pierre Grimal A literatura de Roma – G.D. Leoni

sexta-feira, novembro 14, 2008

Sexta é dia de Afrodite



O Orgulho de Ródope
Ródope se orgulha da sua beleza. Se eu lhe digo a sorrir: – “saúde, Ródope!” – Ela despede sobre mim um olhar distante. Se eu suspendo coroas à sua porta, ela as retira e pisa-as com seus pés arrogantes. Vem, impiedosa Velhice! Marcai o rosto de Rodapé, ó rugas! Assim vencereis a soberba de Ródope!

As canções de Eros

Eu dormia quando Cípris apareceu. O pequeno Eros a acompanhava. Ela me disse?
– Pastor, aqui está Eros; ensina-lhe a cantar. Dito isto desapareceu. E eu tentei obedecer-lhe. Ensinei a Eros minhas canções de pastor; transmiti-lhe tudo o que Pã inventara outrora, bem como Atena; contei como Hermes fez a lira com um casco de tartaruga; cantei, ainda mais, a gloria de Apolo Citaredo, no entanto, ele não me ouvia. Pôs-se a cantar e me ensinou muito sobre os amores dos homens e dos amores dos deuses, tecendo louvores a sua mãe. Esqueci as canções que procurei ensinar a Eros, mas não esquecerei nunca, as lindas canções que ele me ensinou.

Penélope

Voltas de terras longínquas, viste a Arábia empoeirada e a Índia onde as mulheres dançam nuas . e não tens mais olhares para sua amiga ansiosa que te esperava fiel em casa.
Malditas sejam as viagens! E no entanto, Ulisses, entre os braços de Circe, ainda pensava em Penélope.

Cáriclo

Teus Olhos , ó Cáriclo, estão pesados de desejo; tua cabeleira, em desordem; e tuas rosadas faces, mal iluminadas por extrema palidez. Pareces fatigado.
Se os olhos da noite te puseram em semelhante estado, quão feliz é quem te possuiu entre os braços! Se ao contrario, o teo ardor não foi satisfeito, se o ardente Eros não te atendeu de modo completo, vem pra mim! Sou capaz de acalmar tua inquietude Amorosa.

Eros e o Caçador
Um jovem caçador viu Eros em Uma Arvore, em descanço. Julgou então que o deus alado fosse um grande pássaro e quis prende-lo. Eros porém, zombou de todas as astúcias do caçador.
Irritado, o rapaz procurou um velho camponês e mostrou-lhe o pássaro sutil que fugia. O velho sorriu e disse-lhe: – Não persigas este pássaro, meu amigo. Ele é muito mau. Tomara que não o prendas nunca. Enquanto ele fugir de ti, serás feliz. Mas evita que ele um dia venha ao seu encontro espontaneamente e, de súbito, desabe sobre sua cabeça.

O Juramento de Arsínoe
Fizemos a Eros o mesmo juramento: prometi a Arsínoe uma ternura eterna; ela prometeu ser-me fiel. Mas de que valem os juramentos para Arsínoe? Eu lhe consagro ainda um Amor ardente, e ela hipócrita, vive de aventura em aventura.
Os deuses não se interessam em demonstrar seu poder.

Os Beijos de Safo

Langorosos são os beijos de Safo; langorosos são os abraços dos seus braços alvos; langoroso bé seu corpo tentador. Mas sua alma é dura como ferro. Seus lábios desfiam palavras de amor; mas onde aquele a quem se entregou inteiramente? Safo, cruel Safo, quem pudesse viver a teu lado suportaria muito bem o suplicio de Tântalo.

Dionísio: O Senhor da Dança


É inquestionável, os relatos e a grande multiplicidade de fontes confirmam que em varias regiões do mundo grego e posteriormente no mundo romanos, as orgias (por favor, não leiam isto com o sentido atual) Dionisíacas ocorriam com regularidade bienal, como o ciclo do deus. As orgias não eram associadas como hoje à diversão, mas sim como participar de um rito religioso, ou ter uma experiência religiosa ou ainda a comunhão com o Deus. Os festivais das Tíades, também chamadas de Bacantes ou Mênades, segundo Diodoro, ocorriam em várias partes da Grécia a cada dois anos. E era permitido que mulheres solteiras empunhassem o Tirso e compartilhar o êxtase com as mais velhas, o que retira o cunho sexual do evento. Estes festivais aconteciam em Tebas, Opus, Melos, Pérgamo, Priene e Rodes, além de atestadas por relatos de Pausânidas em Aléia na Arcádia, por Aeliano em Mitilene, e por Firmicus Maternus em Creta.

Com tal recorrência de relatos fica difícil acreditar que não passavam de lendas, como muitos afirmaram. Diodoro as descrevia como uma dança feminina que ocorria no alto das montanhas durante o inverno, o que é confirmado por Plutarco, que relata ocorrências no monte Parnaso em Delfos, alem de outros lugares “a sacerdotisa de Dionísio em Mileto ainda conduzia as mulheres à montanha em tempos helenísticos tardios”.

Leia o texto completo em: http://www.tribosdegaia.org/gwydyondrake/drake27.html


quarta-feira, novembro 12, 2008

As Artes de Atena


É muito estranho perceber que, nestes tempos de neopaganismo, a Deusa mais importante da antiguidade é relegada ao segundo plano, quando na religião grega ela fazia parte da trindade mais adorada tanto pelos gregos, (Zeus, Atena e Apolo) quanto pelos Romanos (Júpiter, Juno e Minerva, a Tríade Capitolina).

A primeira vista seria muito simples explicar esta ausência, já que parece que a inteligência abandonou de vez o nosso planeta. É claro que para quem busca o superficial, o que encontram sobre Atena é também superficial. E como poucos se dão ao trabalho de buscar profundidade e o que vemos na superfície é que Atena é a Deusa da estratégia militar e dos trabalhos artesanais para os gregos e a Deusa da sabedoria e engenhosidade para os romanos, coisas bem simples, convenhamos.

Leia o texto completo em http://www.tribosdegaia.org/textos/mitologia17.html

sexta-feira, novembro 07, 2008

Epigramas, não tão amorosos.

É claro que numa coletânea de epigramas não veremos apenas a felicidade do amor, vemos também o amor que dói, que mata ou faz sofrer, vamos ver algumas dores de corno gregas, e por serem gregas também são trágicas.

Zeus Enamorado

Não houve namorado mais lamentável que Zeus, para amar Danae se transformou em Ouro, para Sêmele, touro, com Leda cisne: Nunca foi amado por si mesmo. E como foi triste sua sorte na noite que para agradar Acmena, se viu obrigado a mais dolorosa transformação, transformou-se no seu esposo querido.

Ródope

Ródope me repeliu! Quero rasgar este vestido, enfeitado com uma faixa púrpura. Meus cabelos cairão em desordem. Não cuidarei mais das mãos, e minhas unhas se tornarão garras.
Com estas garras ferirei os olhos. Eles já não vêem Ródope: Cessem, portanto, de ver a luz da Aurora.

A Velha

Ah, o ciúme e a inveja não nos permitem sequer uma simples conversa á toa; nem a linguagem furtiva dos olhares. Uma velha maldosa ali está, a espionar-no incessantemente. É mais feroz que o vaqueiro de olhos inumeráveis que montava guarda Io filha de Ínaco. Fica-te aí, velha, a espiar-nos; é em vão sua que te fadigas; teu olhar não penetrará jamais no fundo do nosso ser.

Sobre a Morte

Se os mortais pudessem comprar a peso de ouro Alguns instantes de vida, eu conseguiria grandes riquezas, e quando a morte passasse por mim, poderia dar-lhe dinheiro e gritar-lhe: - Vai-te embora. Mas não podemos comprar a vida. De que serviria o ouro? Todos temos que morrer. Porque perder tempo com esforços inúteis? Prefiro beber com meus amigos. Tragam-me um vinho perfumado! E tu, jovem amiga, vem pra mim, para que possamos honrar a divina Afrodite.

O Corvo Branco

Procura outra presa, Mesnéstion. Não sou caça que te convém. Prefiro as maçãs bem maduras. O fruto que desejo colher amadurou no mesmo verão que eu.
Tu me seduzires! Creio que te seria mais fácil ver um corvo branco.

Corina

Não cairei nunca em forma de chuva de ouro. Outro se transforme em touro ou em cisne de voz melodiosa. Deixemos tais brinquedos para Zeus. Dou a Corina os seus dois óbolos, e assim posso conservar minha agradável aparência.

Sim

Sim, pela cabeleira amorosa de Rodante; sim pela carne perfumada de Mírtis; sim pelos braços tentadores de Ílias; sim pela voz encantadora de Teano; Sim pelo olhar luminoso de Filina – asseguro-te, Eros que escapa de meus lábios um leve sopro, que vai se perder. Se o perceberes, não compreenderás a minha queixa.

Não

Não pela cabeleira de Timo; não, pelo gracioso pé de Heliodora; não, pelo olhar de Anticléia, ternamente risonho; não, pela fronte florida de Dorotéia – não, tua aljava, Eros, já não esconde nenhuma flecha: todas voaram contra mim, e todas me feriram.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Mais epigramas amorosos

A Cortesã

Tuas palavras são impudicas, teus olhares insolentes, e és conquista fácil.

Outros te censurem: eu te louvarei.

Não admiramos cavalos arrogantes e os pássaros que vivem de cabeça erguida?

Conserva o orgulho da sua beleza. Aceitas um salário? Danae aceitou ouro.

Oferecem-te coroas? Tambem as oferecem aà virgem Ártemis.

Entregas-te às vezes aos campônios? Helena entregou-se ao pastor Paris.

Não recusas marinheiros? Jasão, o primeiro, dizem, que afrontou os perigos

do mar, foi amado por uma Nigromante.

Não desdenhas os escravos? Ó generosa amiga, não tem eles, presos em teus braços

a ilusão da liberdade.

O Vento

Por que não sou o vento? Quando passeias pela praia, eu acariciaria os teus seios nus.

O Exilado

Tem piedade, Ródope, de um infeliz que Mírteia exilou de sua morada.

Lembra-te de que outrora os ateniences acolheram os Heráclitas errantes.

Sê boa, e Mírtea ficará sabendo que me consolaste dos seus desdéns:

Pensa que os olhos dela, então, boiarão em lágrimas furiosas.



sexta-feira, outubro 24, 2008

Venerdì



O Retrato

Grande pintor, vem e pinta o retrato da minha amiga. Eu a descreverei.

Pinta os seus longos cabelos, negros e macios, untando-os, se puderes, com um óleo que conserve o mais doce perfume. Pinta-lhe a fronte de marfim e as lindas sobrancelhas. Os seus olhos por vezes lançam chamas – olhos claros como os olhos de Atena, úmidos como os de Afrodite.

Para pintar-lhe o nariz e as faces, Porá leite de rosas em suas tintas. Os lábios dela sugerem o beijo. No queixo, nas espáduas, sente-se o sortilégio de todas as graças.

Depois cobrir-lhes-ás o corpo com uma leve púrpura, que deixara transparecer um pouco de sua carne idolatrada.


Os Presentes

Quase nada tenho, minha amiga, mas sou teu, de todo o coração, juro-o. E a dádiva que lhe faço vale mais que os presentes preciosos.

Recebe esta lã fofa e espessa, que a púrpura florida colora. Toma ainda este tecido rosa. Para os teus cabelos aceita o perfume que este vidro Glauco encerra.

Passarás num vestido gracioso, provarás que são hábeis suas mãos. Eu guardarei de ti uma perfumada lembrança.


A Amante

Dentro da noite, enganando meu marido, eu vim. A chuva pesada molhou-me toda. E agora? Vamos nos sentar, sem fazer nada? Vamos dormir?

Ora, como se aos amantes fosse permitido dormir?


Irene

Como se eles deixassem os dourados domínios de Cípris, os amores descobriram a terna Irene. Flor sagrada, Irene desabrochava. E nela então eles adoravam todas as graças virginais. E estendendo os nervos purpurinos dos arcos dardejavam inumeráveis flechas sobre os rapazes.


Afrodite de Ouro

Homero, que sempre falava bem, afirmou que Afrodite é de ouro. Foi a coisa mais justa que ele disse.

Trazes algum dinheiro? Ès amigo da Casa, nenhum porteiro te detém e não encontras nenhum cão no vestíbulo. Vens de mãos vazias? O Próprio Cérbero se levanta contra ti.

Ó Mulheres, criaturas ávidas: quem vos viu alguma vez desdenhar a riquesa, vós que com asco repelis a pobreza

sexta-feira, outubro 17, 2008

+ Epigramas Amorosos

Em dia corrido de Pai da Noiva, não posso deixar de louvar Afrodite com versos escritos há dois mil anos.

Que ela traga e ofereça a minha filha Ariane todos os seus dons.

E que Hera proteja este casamento.

A Ametista

Ametista! Engastada em Ouro, esta pedra translúcida tem o poder de trair os homens que

vogam a distancia, ao sabor das ondas, e de seduzir as crianças recém-saídas da câmara materna.

Foi uma nigromante de Larissa quem deu a Nikô. Envolvida em lã purpúrea de uma ovelha,

oferece Nikô à terna Afrodite.

Nossis

Nada é mais doce que o amor. A felicidade que ele nos oferece é a maior de todas.

Por vezes minha boca desdenhou até o mel.

Assim fala Nossis. Quem não desejou Cípris, ignora que flores são as rosas.

O Cinto

Rodante, a divina criança, não ousava beijar-me os lábios. Era ainda tão tímida!

Desapertando o cinto, ela atirou-me uma ponta, que eu segurei. Em seguida,

Cobriu o cinto de ternos beijos. E meus lábios sedentos restituíam de longe estes beijos.

Este jogo me consolara um pouco. O delicado cinto era como um regato, onde ria uma onda amorosa.

Melíssias

Melíssias despreza o amor. Todo o seu corpo grita, portanto, que mil flechas o feriram.

Ela anda a passos agitados, incertos; tem a respiração ofegante e um brilho estraqnho nos olhos fundos – brilho que se extingue de súbito para reaparecer um instante depois. –

Ò desejos, por vossa mãe Citeréia, queimai, queimai a criança rebelde, forçando-a a não mais negar que está amando.



sexta-feira, outubro 10, 2008

Epigramas* Amorosos da Antologia Grega.

Nas próximas sextas feiras, dia de Afrodite, vou publicar mais alguns destes epigramas que falam de amor e da deusa da beleza.

Oferenda

Eis aqui algumas flores, amada Afrodite, Rainha do Ouro.

Colhi-as nos campos da querida Hélade, não as margens dos largos caminhos por onde passaram, depois do divino cego, o piedoso Ésquilo e o sábio Euripedes, Masw ao longo dos atalhos modestos, por onde a exemplo do elegante Meleagro, passearam Leônidas, honra de Tarento e o povo dos campos. Sei que adoras, Cipris estes caminhos humildes. Aí te vêem sorrir os amantes sem glória e as pequenas cortesãs. Perdemo-nos por eles muitas vezes com prazer.

Nem todas as amorosas procuram, Tintárida, aventuras ilustres. Conheces amantes que sem terem tido o destino de Paris, julgaram feliz a sua existência. E por ser muito famoso, Menelau não é, talvez, o mais digno de Lastima dentre daqueles que tu desgraçaste.

Assim, numa época em que os servos de um deus triste desejariam Proscrever-te, Citeréia, receba de mim esta guirlanda de flores.

* Epigramas - entre os antigos gregos, qualquer inscrição, em prosa ou verso, colocada em monumentos, estátuas, moedas etc., dedicada à lembrança de um evento memorável, uma vida exemplar etc.

domingo, outubro 05, 2008

Lançamento livro com um conto meu

“Ulisses estava realizado, qualquer um que olhasse para ele diria isto. Tinha um bom trabalho, apartamento decorado com móveis assinados por bons designers contemporâneos, obras de arte, um bom carro, os filhos do primeiro casamento, terminando a faculdade e com carreiras definidas. Era, para todos que o conheciam, um exemplo de realização. Porém algo o incomodava, nem mesmo ele sabia o que.”

 

Este é o primeiro parágrafo do conto Ulisses de todos nós que escrevi para o livro Histórias do Tarô, junto com este que foi escrito para o arcano O Sol, mais vinte e dois contos fazem a viagem pelos arcanos maiores do Tarô, um livro gostoso de ler com visões destes arcanos que não encontramos nos livros de tarô.

O lançamento deste livro que já se encontra nas livrarias, (vi ontem, na Livraria Cultura da Paulista, dois exemplares na estante) vai acontecer no próximo sábado dia 18 de outubro de 2008 das 15 ás 18 horas, na Livraria Francisco Alves na Av. Paulista, 509 – em frente ao metrô Brigadeiro.

Estarei lá autografando meu conto, junto com os outros 22 autores, imaginem a oferta “compre 1 livros e pegue 23 autógrafos”.

Com certeza autografar tantos livros será um trabalho árduo, assim as 18:00 estarei maluco por uma cerveja e podemos toma-la juntos em algum boteco das vizinhanças.

Espero você lá

O link para imprimir o convite e ver todos os autores que participaram do projeto é http://www.tarjaeditorial.com.br/convites/convite_taro.htm

quarta-feira, setembro 24, 2008

Nós, os Deuses e os Mitos de Criação

Quando pensamos em religião, não podemos nos esquecer dos mitos de Criação. A cosmogonia ou cosmogênese de cada religião vai representar a Cosmovisão de seus adeptos, que nada mais é para nós agora que a nossa maneira de ver o mundo e a Divindade.

É a partir do mito de criação que nós definimos como serão os nossos deuses e o nosso comportamento perante eles. Podemos considerar os deuses como nossos senhores, como nossos familiares, ou como nós sendo parte deles. A princípio e grosso modo podemos classificar três tipos de cosmogênese nas diversas religiões. Estas cosmogonias definem claramente se a religião é Monoteísta, Politeísta ou Panteísta e a relação entre o Humano e o Divino dentro de cada uma delas.


Quem quizer ler o restante do texto, passe no www.tribosdegaia.org e depois volte para comentar aqui

quinta-feira, setembro 18, 2008

Nossa natureza


 Porque será que aceitamos os deuses na natureza e suas manifestações e ao mesmo tempo recusamos a aceitar as manifestações dos deuses nas pessoas.

Será porque consideramos a natureza que nos cerca como irracional e portanto não precisa ser politicamente correta?

Vejam assim, um raio pode destruir uma casa, matar uma pessoa ou detonar uma subestação da Eletropaulo, que tudo bem é uma fatalidade (de Fates, as Moiras) coisa do destino. Já se um filho de Zeus levanta a voz e discute ele é um grosseiro.

Todos admiram a primavera, com toda a natureza se enfeitando, para tudo ficar mais bonito. Ninguém reprova a Primavera. Mas se uma Filha de Afrodite acorda de baton, ou  como todo filho de Afrodite exercita sua sedução, o povo já vai dizer que é vaidade, luxuria... Principalmente os feios e sem graça, vão falar mal, dizer que a pessoa está se achando ou galinhando.

Hera pode perseguir com seus ciúmes todas as mulheres que se aproximam de Zeus e até causar desastres naturais com suas tempestades, mas a filha de Hera deve controlar-se, ou todos vão dizer que ela é exagerada ou psica.

Aceitamos os deuses como eles são sem reservas, porque então não aceitamos as pessoas, que são reflexo dos deuses. Tudo bem se um filho de Marte pareça um psicopata edipiano, ou que o filho de Hermes seja mentiroso e trambiqueiro. Eles são assim, iguais aos deuses que carregam em si.

Nesta nossa civilização Ocidental e Cristã, a natureza sempre foi colocada como uma inimiga que precisamos conter e subjugar, porém nem com toda tecnologia moderna conseguimos conter furacões, terremotos, maremotos, por que então esta necessidade de conter as pessoas, de fazer com que elas ajam contra a sua própria natureza?

Acredito que isto aconteça pela adoção do monoteísmo, onde o deus criador vive longe da terra e é um deus transcendente cujo o reino de glória não está no nosso planeta. Por isto qualquer lembrança dos antigos deuses é condenada, já que estes são forças que regem o planeta e nossas emoções.

Eu aceito que os monoteístas sejam assim, mas não consigo entender como as pessoas que optaram pelo paganismo, mantenham o mesmo comportamento, já que são características de deuses pagãos refletidas em seus filhos.

Por que será que mesmo no paganismo, não aceitamos as pessoas como elas são, e sempre esperamos que elas ajam como se todos fossem parte de um mesmo rebanho, todos ovelhas do senhor.

 

Pensem nisso antes de criticar o comportamento dos outros

 

terça-feira, setembro 16, 2008

Deuses perigosos e desconhecidos.

 Isto daria uma série incrível, mas falta tempo para escrever tanto e quem se interessaria em conhece-los melhor, já que todos buscam deuses mais conhecidos para prestar culto e adoração.

Vemos diariamente na rede pessoas que se dizem filhos destes ou aqueles deuses por puro gosto pessoal, a vida destas pessoas, a aparência física e a própria fé destas pessoas, contradizem totalmente o mito do deus de quem eles dizem ser filhos. Porém estes querem usar os deuses como uma jóia resplandecente visivelmente pendurada em seus pescoços, para diferencia-los dos demais. Mas como todos que querem ser diferentes caem na vala comum da mediocridade, se juntando a outros seus semelhantes, formando um grupo de diferentes iguais, nivelados pela falta de fé e conhecimento.

Infelizmente, os deuses quando ofendidos pela hibris e a falta de piedade dos humanos, se afastam saem sorrateiramente sem serem percebidos e deixam estes infelizes humanos nos braços de Pheme, Fama para os romanos.

Fama era uma Titânida, filha de Gaia que habitava no centro do mundo, nos confins da Terra, no céu e no mar, morava em um palácio de Bronze, com milhões de orifícios que captavam tudo que fosse falado no mundo, por mais baixo e inaudível que fosse e ampliando-o, propalava-o de imediato.

Faziam parte do cortejo de Pheme, o engano, a credulidade, o temor e os boatos e Fama seguia com eles por todos os cantos do mundo. Ela possuía uma infinidade de olhos e ouvidos para não perder nada e outro tanto de bocas para divulgar o que tinha visto e ouvido.

Estes que procuram os deuses em busca de promoção ou poder, são guiados pela Fama, que tanto pode ser boa ou má, mas não podemos nos esquecer que em latim “Famosus” é derivado de seu nome mas ao invés do sentido moderno de brilho e gloria, era em principio aquele que dá o que falar, difamado e desacreditado.

Quem bem nos fala desta perigosa divindade é Ovídio quando descreve o Palácio da Deusa:

"O povo se espreme no salão; uma multidão frívola circula pelos umbrais. Mil falsos boatos entrelaçados com algumas verdades circulam de boca a boca, palavras confusas ecoam no ambiente. Alguns rumores penetram nos ouvidos dos ociosos, outros divulgam por toda parte o que foi dito. Os embustes se multiplicam e o narrador acrescenta algo novo ao que ouviu." ( Metamorfoses, 12, 53-58)

Outro romano, Virgilio, ainda mais poético retrata a deusa de corpo inteiro:

"Monstro Horrível, gigantesco, possuidor de tantas plumas no corpo quantos ( Ó Prodígio!) são os olhos sob elas, quantas são as línguas e bocas para falar e ouvidos à escuta.

À noite voa entre o céu e a Terra silvando, e não fecha os olhos ao doce sono. Durante o dia senta-se vigilante nas altas cumieiras das casas ou nas mais elevadas torres.

Aterroriza as grandes cidades, persistente mensageira tanto da mentira e calunia como de parte da verdade" ( Eneida, 4, 53-58)

Às vezes a Fama é retratada como a vanguarda de Pater Mars já que os boatos, maledicências e calúnias sempre antecedem as guerras e os assassinatos e outras tantas calamidades.

Portanto os que buscam os deuses pelo poder e pela fama, numca devem se esquecer que os deuses sempre exaltam aqueles que eles querem derrubar.


terça-feira, agosto 05, 2008

O terror ancestral volta a nos atormentar


Um terror antigo que que reprime toda a alegria do Brasil. Alem do politicamente correto, do nosso Judiciário corrupto, das balas perdidas e dos sequestro relâmpagos. Um novo demônio nos assusta nas ruas.
O Baphomêtro!

Descaradamente roubado do autor, Lord A:.

sexta-feira, julho 25, 2008

Os Deuses e nós.

Peço que durante a leitura deste artigo, vocês façam o possível para não pensar no que aprenderam na infância sobre o Deus monoteísta revelado, esqueça durante estes minutos em deuses criadores do céu e da terra, em deuses únicos e eternos. Vamos falar de Deuses aparentados conosco, filhos de uma mesma mãe que os humanos e feitos da mesma matéria e ainda assim Deuses, imortais, poderosos e que dividem conosco o mesmo espaço ainda caminhando sobre a Terra

assim começa minha nova coiluna no tribos http://www.tribosdegaia.org/gwydyondrake/drake25.html


Passem lá para eler o resto e depois voltem aqui e comentem.

Abraços

terça-feira, junho 24, 2008

Astrônomos ligam eclipse de 1178 aC a eventos na Odisséia


Dados astronômicos do poema reforçam hipótese de que Ulisses matou os pretendentes em 16 de abril

Carlos Orsi, do estadao.com.br

SÃO PAULO - O poema épico Odisséia narra os dez anos que o herói grego Ulisses (ou Odisseu) passou em aventuras pelo Mediterrâneo, tentando retornar para sua terra natal, a ilha de Ítaca. Composta por volta de 800 a.C, a narrativa conta como Ulisses enganou o ciclope Polifemo, derrotou da bruxa Circe e escapou do canto das sereias, entre outras peripécias. Agora, dois astrônomos afirmam que o épico contém, ainda, o momento da reconquista, pelo herói, do palácio onde sua rainha, Penélope, o aguardava: 16 de abril de 1178, a.C, por volta do meio-dia. Essa informação não aparece explicitamente nos versos mas pode ser deduzida, dizem os cientistas, de dados astronômicos presentes no poema, uma das obras fundadoras da literatura ocidental.

O ponto de partida dos pesquisadores, que descrevem sua hipótese na revista científica Proceedings of the National Academy os Sciences (PNAS), é um verso do vigésimo canto do poema, onde um vidente prevê um escurecimento do céu e a morte dos pretendentes que buscam conquistar Penélope. A idéia de que essa profecia poderia conter uma referência velada ao eclipse de abril de 1178 não é nova, reconhecem os autores do artigo, e existe há séculos. O que eles afirmam é ter encontrado diversas outras informações astronômicas no poema que dão à hipótese uma força até agora inédita.

"Analisamos outras referências astronômicas no épico, sem presumir a existência de um eclipse, e procuramos datas que batam com os fenômenos astronômicos que, acreditamos, são descritos", diz o texto na PNAS.

A conclusão a que os autores chegam, com base no movimento das constelações de Plêiades e Boieiro, e em deslocamentos do planeta Mercúrio - que seriam apresentados, no texto, como viagens do deus Hermes - é de que essas referências fornecem confirmação independente de que o dia do massacre dos pretendentes foi um dia de eclipse solar sobre as ilhas gregas.

"Fizemos o melhor possível para não sermos seletivos nos dados que usamos", diz um dos autores, Marcelo Magnasco, da Universidade Rockfeller, em Nova York. "Não há outras referências abertas a fenômenos astronômicos no poema. Vasculhamos a Odisséia em busca de mais, e não há. Quanto a movimentos de deuses, só há quatro no primeiro plano da ação: Atena, que fica o tempo todo para lá e para cá; Zeus, que não sai do lugar e, então, Hermes e Poseidon". Deus dos mares, Poseidon, ou Netuno, só passou a ser uma referência astronômica com a descoberta do planeta que leva seu nome, em 1846.

O principal problema com a hipótese, reconhecem os autores, é explicar como toda a informação astronômica supostamente codificada no poema teria sobrevivido ao longo dos quase 400 anos entre os eventos reais que teriam dado origem ao mito de Ulisses e a composição do épico. "Todas as possibilidades soam malucas", reconhece Magnasco, dizendo que é isso que torna o trabalho "tão interessante". "Se houvesse qualquer modo evidente dessa informação chegar, então não haveria tanta surpresa".

O astrônomo diz ainda que a reação ao trabalho ligando os céus à Odisséia tem sido positiva, no geral, com uma exceção: "Todo o retorno que tivemos de historiadores especializados em Grécia foi extremamente negativo". As razões, segundo Magnasco, são o fato de não haver um canal claro para a informação astronômica precisa ter sobrevivido até a composição do poema, e a afirmação de que os gregos antigos não identificavam o planeta Mercúrio com o deus Hermes. "Mas Platão, em 400 a.C, refere-se a Mercúrio como a estrela sagrada de Hermes", defende-se.

"As interpretações alegóricas antigas de que o verso se refere a um eclipse existem mesmo", diz o professor de língua e literatura grega da Universidade Federal de Minas Gerais, Jacyntho José Lins Brandão, afirmando que, embora não possa julgar a parte astronômica do trabalho, considera a hipótese como um todo "bem amarrada". "Se não é verdade, é bem contado", diz.

"Do ponto de vista literário, embora se trate de um texto ficcional, a Odisséia está repleta de marcas de verossimilhança", explica, referindo-se à coerência interna do poema. "O conhecimento do movimento dos astros devia ser difundido para um povo agrícola e marítimo como os gregos, podendo, num poema de viagem marítima como a Odisséia, constituir, para eles, uma marca de verossimilhança mais forte do que para nós".

terça-feira, junho 17, 2008

ESPÍRITO DE BRUXA

Um texto da Bru

Oi tchurminha!!! (É assim que cumprimento meus amigos sempre que nos encontramos, então aqui não vai ser diferente.)

A minha apresentação foi feita pelo Gwydyon Drake e, além de relatar o meu curriculum vitae profissional e bruxal, meu “mui amigo” já me entregou legal nos bons e maus aspectos das minhas maluquices pessoais, rs rs rs . Então não vou tomar mais tempo de vocês com isso, quem quiser detalhes dá uma olhada lá.

Quero aproveitar este espaço para falar sobre coisas que eu considero fundamentais no comportamento dos neopagãos em geral, e dos que se consideram bruxos em particular, qualquer que seja a Tradição escolhida. Coisas que muitos talvez considerem simples demais, óbvias demais para que se perca tempo com elas, não apenas falando a respeito mas colocando em prática. Afinal, há tantos livros de autores renomados para ler, feitiços para decorar, instrumentos mágicos e amuletos para comprar e consagrar, rituais para executar com dia, hora, minuto e local marcados, listas de discussão na Internet onde precisamos expor brilhantemente nossas verdades incontestáveis. Tudo isso toma tempo, muito tempo. E esta passagem que chamamos de “vida atual” sempre nos parece curta demais para realizarmos todos os nossos propósitos, independentemente de qual estágio desta “vida” nos encontremos. Daí que perdemos tanto tempo ocupados em aprender teorias sofisticadas, em escolher UM SÓ E DEFINITIVO CAMINHO - descartando de forma radical, quase irada, as demais trilhas e seus seguidores - que muitas vezes nos esquecemos de que é o CAMINHO que nos escolhe, e que o caminho não está nem aí para nossa preocupação com o tempo, pois ele é eterno, pelo menos até a explosão da próxima bomba nuclear.

Esquecemos com frequência que a Mãe Terra é redonda e que vivemos clamando “que o círculo nunca se quebre”, talvez sem entender o que isto realmente significa. Estas palavras representam o moto contínuo, o rio que nunca é o mesmo enquanto rio que corre para o mar, mas que um dia rio novamente será, após ter sido mar, nuvem e chuva, rio que também é árvore, grama e fruta nascidas da terra que a chuva fertilizou, árvore, grama e fruta que alimentam os animais que são também alimento de outros animais, na infindável cadeia alimentar que é a base de equilíbrio da natureza sem a intervenção do Homo Sapiens. Se é isso que os bruxos realmente desejam, que “o círculo nunca se quebre”, precisamos antes de mais nada compreender que todos os caminhos levam à Grande Mãe, quer estejamos vivos ou mortos, qualquer que seja a trilha escolhida.

Bem, foi preciso teorizar um pouco para poder chegar à prática. Isso mostra que não menosprezo os estudos, os livros, os rituais, os debates salutares na troca de idéias e conhecimentos. Mas essa bagagem de nada me serve se eu não tiver – e não colocar em prática 24 horas por dia – aquilo que convencionei chamar de ESPÍRITO DE BRUXA. Porque de nada adianta escrever aqui o quanto é importante manter o planeta limpo, criticar as indústrias poluidoras e ao mesmo tempo jogar meu toco de cigarro para fora da janela do carro. Qual a validade de anos de exercícios xamânicos complicadíssimos para encontrar o “animal de poder” que nos dá dicas em sonhos ou visões, se não achamos espaço em nossas casas e em nossas vidas para um gatinho ou um cachorro de verdade? De que serve a nossa passiva revolta diante da TV ao vermos a Amazônia e suas nobres madeiras sendo dizimadas, se temos preguiça até de regar meia dúzia de vasinhos que são pedaços da Mãe Terra dentro de nossos urbanos apartamentos? Para que celebrar o ciclo da vida e da morte nos sabbats da Roda do Ano, se quando a vida em pessoa bate na janela de nosso carro pedindo uma ajuda saímos apavorados ou fechamos o vidro naquela cara subnutrida?

Incorporar o verdadeiro ESPÍRITO DE BRUXA é ir além da dedicação, da iniciação, da busca pelos graus sacerdotais e de poder dentro de cada Tradição mágica. Nada contra, é claro. Eu mesma pertenço à Fellowship of Isis desde 1992 e dentro do possível busco ser uma sacerdotisa da Lua estudiosa e dedicada, apesar da distância física (a sede da FOI é na Irlanda). Também sonho um dia conhecer a sabedoria dos Druidas fazendo o curso da OBOD, mas já tem sete anos que estou empacada no grau de Bardo, tantas são as minhas dúvidas e falhas no Caminho Solar. Mas nada disso me fez ou me fará uma bruxa. O que me faz ter a certeza de que dentro de mim existe um ESPÍRITO DE BRUXA é a compreensão de que a verdadeira magia é a capacidade de operar a ALQUIMIA DA TRANSFORMAÇÃO no dia-a-dia.

Voltemos aos exemplos da teoria versus prática. Da próxima vez que você for ao supermercado ou lojinha de doces, compre alguns pacotes a mais de biscoitos, especialmente aqueles recheados. Não precisam ser caros nem de marcas famosas, precisam ser apenas biscoitos recheados. Compre também balas e alguns chocolates. Tenha essas guloseimas sempre à mão no porta-luvas. E da próxima vez que um pequeno projeto de vida com carinha suja e olhos tristes bater na janela do seu carro em meio ao trânsito infernal, não se assuste: sorria e diga que não tem o dinheiro que ele está pedindo, mas que tem biscoitos recheados, ou uma barra de chocolate. E você verá o toque da Pedra Filosofal operar o milagre da transmutação da dor em alegria diante dos seus olhos. Porque uma criança é sempre uma criança, por mais que a realidade a empurre para a violência e o desamor. E não dá para imaginar uma infância sem biscoitos nem chocolate, lembre da sua neste instante e não dê a moeda que os adultos certamente lhes vão tirar, dê doçura e felicidade, devolva ainda que por alguns minutos a infância roubada e tenha a certeza de que os deuses da Fartura sempre lhe rodearão. Afinal, você tem o ESPÍRITO DE BRUXA dentro de você.

Tão frágeis quanto as crianças são os animais, estes talvez mais ainda, pois embora consigam sobreviver sozinhos no mundo muito mais cedo do que um filhote humano, sua carência e incapacidade de comunicação verbal geralmente são fatais em caso de abandono. Adote um animal de estimação. Mas esqueça raças e pedigrees, por favor. Há tantos bichinhos sem lar e sem chance de viver, e você vai pagar fortunas por um filhote encomendado, filho de “campeões”? Campeões de que? De subserviência à vontade do Homem, de andar em cima de arames, fazer o oito entre obstáculos, subir num tamborete? Campeão é o cão vira-lata que jamais abandona o mendigo e divide com ele a fome e o desabrigo sob os viadutos das grandes cidades. Campeão é o gatinho jogado fora, arrancado da mãe ainda mamando, mas que teimosamente sobrevive e mia noites a fio debaixo da sua janela implorando seu amor. Seja BRUXO (A), abra sua casa e seu coração para esses animais de poder e agradeça à Deusa por permitir que você conviva com essas criaturinhas tão especiais. E agora que você transformou mais uma vez a realidade, pegue seu bicho no colo e medite em busca do seu xamânico “animal de poder”. Garanto que será uma experiência inesquecível.

Para encerrar o papo de hoje, não poderiam faltar as plantas. Não desanime se suas tentativas anteriores de ter plantas em apartamento ou mesmo numa casa fracassaram. Você agora está incorporando o ESPÍRITO DE BRUXA e tudo lhe é possível!!! Comece com pequenos vasinhos de ervas e temperos, que não sejam tóxicos aos animais domésticos, e empenhe-se em fazê-los sobreviver por pelo menos três meses. Siga as instruções do vendedor, ou compre um livro se o assunto lhe interessa, ou pesquise gratuitamente na Internet. Não relaxe, a planta é um ser vivo assim como você, o gato ou o cachorro do parágrafo anterior, não pode sobreviver sem água nem torrando no sol ou mofando na escuridão. Observe suas reações à medida que ela cresce, vá criando intimidade, conhecendo suas particularidades, o que a faz florescer e o que a bloqueia. Não se engane com a aparência dessa plantinha minúscula e inofensiva. Reverencie-a diariamente, assim como aos animais, aos outros seres humanos e a você mesmo diante do espelho, e estará reverenciando a Grande Deusa Mãe Natureza na forma que ela mais aprecia: a troca de energia entre suas criaturas.

BRUXURSINHA

Um Tributo a Bruxursinha

Não sei se por culpa da cidade que vivemos, ou das intermináveis guerras no neopaganismo brasileiro, deixamos de nos ver e fomos nos perdendo, o triste é que quando recebi a noticia, percebi que a perda era real e nada mais eu podia fazer para reverter o fato.

Era minha amiga e assim sendo meus amigos não tem defeitos, portanto ela também não os tinha, apesar de mentir um bocado. Mas era minha amiga e portanto eu sabia, sentia ou queria acreditar que sabia e sentia que ela mentia por uma tremenda carência afetiva. Ela precisava ser amada e precisava tanto que não bastava o amor que eu e outras tantas pessoas Sentia por ela. Era pouco ela queria o amor de multidões e de um homem que a amasse como mulher. Pois como excelente profissional que era, era admirada por muitos.

Mas não vamos aqui abrir uma dor atrasada, ela se foi há mais de uma semana e se foi como passou estes últimos anos discretamente e apesar de ser uma tremenda jornalista morreu sem dar nenhuma notícia. Creio que ela não queria que ficássemos tristes por sua partida e espero que todos respeitem isto. Não vamos falar da morte, falemos de vida e das alegrias que tivemos com ela.

Uma vez estávamos em Curitiba num encontro Bruxal num boteco no largo da ordem e ela aparece do nada com seu andar característico: – Sei lá, estava sozinha em São Paulo e pegou um avião para tomar umas conosco.

Outra vez ela me fez passar o maior mico num telefone Publico, na passagem de 2001 para 2002 e ela me obrigou a ficar conversando com minha gata Heloisa que havia ficado com ela enquanto eu viajava.

Também o desconhecimento da História de Abelardo e Heloisa já que ela batizou um gato preto com o nome de Abelardo só para cruzar com minha Heloisa. Porem ela acabou castrando o Abelardo antes dele fazer os gatinhos mágicos que nasceriam desta união. E não adiantou explicar pra ela que na história o Abelardo só foi castrado depois de dormir com a Heloisa.

Poderia ficar aqui falando horas sobre coisas engraçadas como ela se convidar umas 3 vezes por semana para jantar na minha casa, mas creio que hoje poucos conheçam a Bruxursinha, e assim não vão se interessar tanto por suas história.

Então paro por aqui, lembrando que ela participou e foi ativa colaboradora das listas de discussão do yahoo Incantatio e Annwn, me ajudando um bocado.

Como só soube atrasado, e nem tive noticias dela nos últimos anos espero que o nome Rachel Melamet, que ela usava no jornalismo, foi mais uma de suas mentiras, e que ela continue viva e apareça qualquer dia destes num boteco com seu andar de Humpty Dumpty e chegue dizendo estava chato em casa e vim encontrar com vocês

Depois do Boteco de Ares...

Uma comemoração que fazemos entre os amigos, na vespera da Festa onde homenageamos ao deus das guerras e das lutas que vivemos no dia a dia. Agora sou surpreendido por uma nova concorrencia o "Barzinho de Jesus" que ameaça se transformar em tradição.
Será que o além do sangue a Cerveja, a cachaça e o Vinho de Jesus também tem poder ???
Sei lá eu não fui... fiquei com medo do que ia encontrar por lá. se bem que o tal jesus era boa praça, já que era criticado pelos fariseus por viver em jantares regados a vinho e cercado por mulheres. Tanto que seu primeiro milagre foi transformar agua em vinho. Fico imaginando se neste barzinho ele transforma agua em cerveja1 é lucro certo já que a agua é baratinho.


quinta-feira, junho 05, 2008

Os Italianos e os Ciganos



15/05/2008

Cinco acampamentos de ciganos romenos foram incendiados nas últimas 48 horas em Ponticelli, na periferia de Nápoles, noticia o El País. A comunidade teme que regressem a Itália as leis raciais do tempo do fascismo.

Os habitantes dos acampamentos tiveram de abandonar o local escoltados pela polícia, devido às ameaças de que têm sido alvo.

A notícia de que uma jovem romena de 16 anos teria tentado sequestrar um bebé despoletou o terror em Nápoles. Habitantes locais lançaram pedras e cocktails molotov para os acampamentos, semeando o terror entre os adultos e crianças que vivem nos acampamentos.

«Não sabemos para onde ir. Se nos mudarmos para Roma ou Veneza irá acontecer-nos o mesmo», disse esta quarta-feira um dos ciganos, citado pelo El País.

De acordo com relatos da agência de noticias italiana Ansa, um grupo de mulheres e crianças aplaudia, enquanto as chamas destruíam um dos acampamentos.

Já esta manhã, habitantes da zona, regressaram ao local, para incendiarem o pouco que tinha resistido às chamas. O grupo festejava, batendo palmas e cantando. Os bombeiros foram recebidos com gritos de: «Vocês apagam as chamas, nós regressaremos para as reacender».

Em Itália, de acordo com Organizações não Governamentais, vivem entre 130 e 150 mil ciganos. Metade têm nacionalidade italiana, cerca de 50 mil são romenos, e os restantes jugoslavos.


20-05-2008

Itália: Governo quer acabar com acampamentos de ciganos

O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, assegurou segunda-feira que quer eliminar todos os acampamentos de ciganos ilegais e criar "estruturas de alojamento dignas de tal nome".

Maroni fez estas declarações no programa Porta a Porta da televisão pública RAI.

"Nesses acampamentos, há de tudo, cidadãos honestos e infiltrados que geram reacções injustificáveis mas determinadas pelo que sucede nos acampamentos vizinhos", comentou o ministro.

Maroni disse que os que não tiverem a sua documentação em ordem serão "levados para a prisão, caso tenham cometido um delito, e expulsos para o seu país de origem".

Trata-se de uma operação para ser levada a cabo "num curto prazo", por esse motivo, "os prefeitos de Roma, Nápoles e Milão serão nomeados comissários extraordinários".

O ministro declarou-se favorável a tipificar a imigração ilegal como delito, o que de momento não está contemplado no decreto-lei sobre segurança que será aprovado esta semana na reunião do Conselho de Ministros que se realiza em Nápoles.

"Em países civilizadíssimos como a França e a Alemanha o delito de imigração clandestina já existe: isso implica o julgamento imediato e a expulsão depois da sentença de condenação", disse Maroni, assegurando que insistirá, por isso, na tipificação do delito.

Enquanto isto, o plenário do Parlamento Europeu debate hoje a proposta do grupo Socialista sobre a situação dos ciganos na Itália e nos restantes países da União Europeia (UE).

O ponto foi incluído segunda-feira na agenda por 106 votos a favor, 100 contra e duas abstenções.

O presidente dos socialistas, o alemão Martin Schulz, indicou que o colectivo irá examinar a situação "não só em Itália mas também na Europa em geral".

"A situação em Itália é difícil mas não é problema especificamente italiano", disse Schulz, aludindo aos recentes ataques perpetrados contra acampamentos de ciganos romenos e de outros países do Leste de Europa em Nápoles e Roma.

O debate de hoje é precedido por uma pergunta à Comissão Europeia que deverá expor as políticas da UE na matéria- a que se seguirão as intervenções dos eurodeputados.

Não está previsto a votação de nenhuma resolução escrita.


Seg, 02 Jun, 07h49

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, concedeu aos prefeitos de Roma, Milão e Nápoles, as três maiores cidades da Itália, poderes extraordinários para resolver o que chamou de "emergência cigana", segundo o jornal espanhol El Pais. Desde que foi eleito em abril, Berlusconi vem endurecendo a política contra imigrantes, especialmente os romas (ciganos), vistos com desconfiança por muitos italianos. O ministro do Interior, Alfredo Mantovano, chegou acusar os romas de estarem ligados a roubos, assaltos e raptos.

A aprovação dos poderes especiais, publicada no sábado na Gazeta Oficial italiana, prevê uma verba inicial de € 3 milhões (US$ 4,6 milhões) para que os prefeitos "realoquem ou expulsem" as comunidades ciganas das regiões do Lácio, da Lombardia e da Campânia. "As ações que devem ser tomadas são o controle e recenseamento de todos os ciganos, além da adoção, em colaboração com a polícia, das medidas necessárias em relação a indivíduos que possam ser objeto de ações judiciais", de acordo com a ordem aprovada por Berlusconi. A medida prevê ainda que os prefeitos poderão desmontar acampamentos ilegais e obrigar seus moradores a se mudarem para locais mais afastados.

A desconfiança em relação aos romas - etnia originária principalmente da Romênia - não é novidade na Itália. O governo de centro-esquerda de Romano Prodi, que caiu no começo do ano, também foi pressionado pela população para que lidasse com a população cigana. O problema voltou a ocupar as manchetes dos jornais italianos quando uma jovem roma foi acusada de ter tentado raptar um bebê italiano em maio, em Nápoles. A acusação, não confirmada pela polícia, foi o suficiente para que grupos de moradores enfurecidos incendiassem dois acampamentos de ciganos.

No sábado, em entrevista ao jornal Il Tempo, Mantovano não poupou acusações à etnia. "Como demonstram os números e a realidade sociológica, os romas são uma etnia ligada a certos tipos de crimes, como roubos, assaltos e até raptos", acusou o ministro, do partido de extrema direita Aliança Nacional. A Romênia e a comunidade internacional criticaram o recente endurecimento da política italiana contra os ciganos. Na semana passada, a organização Anistia Internacional disse estar alarmada com o que chamou de "clima de discriminação" na Itália.

Teofania

Um livro não para entender ou comparar os deuses, mas perceber como e porque os Olímpicos foram cultuadas pelos gregos, umas das mais importantes civilizações que formaram o mundo de Hoje.

Adorei, já grifei inteiro! fundamental para a compreensão de vários aspectos da religião dos gregos.

Publicado em 1959, depois da morte de seu autor, este belo livro dá um precioso arremate a grandes obras de Walter Friedrich Otto. Em particular, Teofania liga-se de um modo íntimo ao famoso Die Götter Griechenlands, de que esta editora publicou a pioneira tradução em língua portuguesa, Os Deuses da Grécia, e ao igualmente célebre ensaio Dionysos. Mas Teofania também recapitula e aprofunda teses expostas pelo autor em outros estudos da última fase de sua generosa produção. Oferece, pois, uma perspectiva privilegiada para o desfrute do pensamento de um ensaísta original, que se destacou em sua época pela singularidade de sua posição teórica, pela beleza de seus escritos, por uma profunda sensibilidade poética e pelo autêntico fervor com que tratou da religião grega. Estas qualidades asseguraram a ampla repercussão de sua obra, embora ele costumasse “remar contra a correnteza”, divergindo das principais linhas de pensamento que em seu tempo dominavam os estudos clássicos: encontram-se aqui agudas observações sobre as teorias do animismo, do fetichismo e similares, assim como sobre as elaborações da chamada “ psicologia das profundezas“. Sua autêntica devoção aos deuses gregos causou assombro, mas este verdadeiro entusiasmo lhe franqueou uma percepção privilegiada dos valores religiosos por ele estudados.

Walter F. Otto deu destaque à presença que continuam a ter no mundo ocidental as figuras esplêndidas dos deuses gregos e a partir deste sentimento procurou aproximar-se das fontes da religião helênica. Teofania reflete o sentimento apaixonado de uma fascinante aparição que este poeta do helenismo se empenhou em contemplar. Trata-se, pois, de um livro encantado... e por isso mesmo encantador.




segunda-feira, maio 26, 2008

Santa Sara Kali e Eu

É incrível a força que as coisas tem, quando elas precisam acontecer.

Santa Sara Kali, sempre foi para mim uma devoção do povo Cigano, e portanto algo que pertencia a tradições que não estavam ligadas a minha.

Nos cruzamos a primeira vez há uns anos atrás, quando eu pesquisava Maria Madalena e o Santo Graal e estava no sul da França, seguindo a trilha de Maria Madalena na Europa. ( isto aconteceu uns anos antes do lançamento do livro O Código Da Vinci e eu seguia a trilha do Livro “O Santo Graal e a linhagem Sagrada” que me fez percorrer o sul da França e a região Cátara. Num pequeno bistrô próximo a Montpelier, uma outra paixão falou mais alto escutei sobre o Sal das Camargues e soube que estava a poucos quilômetros desta região. E fui em frente em busca deste sal culinário e cheguei numa cidade chamada Saintes-Maries-de-La-Mer. Fui em busca do sal, mas não pude deixar de ver uma grande Igreja de tijolos aparentes e entrei.

Era a Igreja onde contam as lendas foram enterradas Maria Jacobina, Maria Salomé, que junto com Maria de Madalena dão nome a Cidade ( Santas Marias do Mar) e uma jovem escrava negra, que veio com elas da Palestina, Sara, a Negra (Kali em romanie hindú). Vi a imagem desta Santa, não reconhecida pela igreja católica, que ajudou na conversão dos habitantes da região. Visitei a igreja onde no dia 24 de Maio acontece a peregrinação dos ciganos e a festa de Santa Sara Kali e a cripta onde se encontra a mais antiga de suas estátuas. E corri de volta para a região Cátara, com 3 quilos dos cristais brancos do sal de Camargue.

Passou o tempo, e há 3 anos fui convidado por um amigo cigano para uma festa familiar de Santa Sara, infelizmente, outro compromisso impediu que eu fosse, e mais um ano se passou e nele conheci melhor o Hermínio Portela, pela rede trocavamos textos e conhecimentos teóricos e práticos sobre paganismo Greco –romano. Infelizmente não conseguimos nos encontrar neste ano, mas deixei minha agenda livre para o mês de maio, já que minha curiosidade em torno deste grupo cigano que cultuavam os deuses antigos aumentava a cada dia.

E em Maio de 2006, finalmente conheci o Hermínio e sua tribo, e foi como um reencontro de amigos ou irmãos, que não se viam há muito tempo. Cada um daquela família, me tocou com seu abraço, me senti bem vindo como fazia tempo que não sentia. E acompanhando a procissão de Sara, comecei a ver que a cada passo algo estava significando mais do que meus olhos viam. A procissão com a Santa em seu andor, atravessava um pequeno riacho carregada pelos Homens e depois voltava por uma outra ponte onde era recepcionada pelas mulheres. Era por demais estranho existir duas pontes a menos de 3 metros uma da outra, mas enfim não era minha tradição, não era meu sangue. Mas eu observava ali tinha coisa, tinha babado... tinha baraka.

E logo depois fui convidado para entrar na Tenda junto com os homens da tribo e de mero observador passei a integrante do ritual e senti a força que tinha tudo aquilo.

Até a minha segunda festa de Sara, visitei várias vezes a chaca e a tribo, vivíamos inventando motivo, almoço, jantares e fomos estreitando a amizade. No ano de 2007 fui convidado para participar das Slavas sazonais em honra aos deuses, para conhecer a roda do ano da Tribo. E assim participei da festa já bem mais familiarizado com os seus costumes e nesta meus 25% de sangue andaluz gritaram bem alto. Ainda em 2007 aceitei o chamado de Dionísio e minha iniciação foi confirmada na Tribo e ganhei uma espécie de dupla cidadania. Não virei cigano, afinal ninguém vira cigano. O povo cigano é uma etnia, assim como ninguém vira japonês, chinês ou cracoviano, não tem o porque eu me considerar cigano, apesar de que, se revirar minha ancestralidade da Andaluzia devo encontrar algumas gotas do sangue cigano misturadas ao meu.

Me senti acolhido, por gente que gostava das mesmas coisas e adorava os mesmos deuses que eu. Ciganos pagãos e politeístas, talvez uma exceção aqui no Brasil, já que a maioria dos ciganos que moram no Brasil, são católicos ou evangélicos ( como disse cigano é o sangue, não a religião). Encontrei o meu povo, a minha família com laços tão forte como os laços de sangue, já que não escolhemos nossos pais e irmãos e a Tribo é a “Família” que escolhi.

Depois da minha aceitação pela tribo, comecei a conhecer o que realmente acontecia nas slavas sazonais, já que antes de confirmada a iniciação eu via apenas as festas, sem saber realmente o que acontecia. Depois de confirmado e recebido o Kamia, passei a participar do que acontecia antes e depois da festa, e aí vi e compreendi o sentido de tudo que eu via. E gostei ainda mais, pois tudo o que eu tinha estudado na teoria, era ali na tribo e nas suas slavas aplicado na prática. Uma pratica que eu perseguia a anos.

E finalmente chegou minha terceira festa de Santa Sara Kali. Agora eu não era mais um convidado, era um membro da família e pude participar da montagem da festa; Três dias de trabalho duro junto com todos os membros da família. E finalmente pude perceber que o sentido da festa era agradecer por tudo que nos foi dado no ano anterior e neste agradecimento louvamos Santa Sara convidando os nossos amigos para comungar conosco deste agradecimento a maneira dos ciganos, com musica, dança, comida, bebida e a alegria que apenas povos sofridos e perseguidos podem sentir.

Para nós da Tribo beber e comer com amigos é mais que um simples ritual, é a Celebração da Vida que começa a brotar dentro do negro e escuro ventre da terra e que virá a luz com o nascimento da criança divina que reinará durante o próximo ciclo.

Hoje sou um Devoto de Sara, e como tal me irrito ao ver que ela e sua festa virou moda e que todo maio, terreiros de Umbanda, espaços esquisotéricos e outros aproveitadores fazem dela um comércio que leva a nada. Me irrita que folhetos de festas de Santa Sara sejam distribuídos pelas ruas e que eu receba convites de festas ciganas pela internet. Me irrita ver que as pessoas aceitam qualquer simulacro, que lhes dê a impressão de estar participando de algo sagrado, que poderia mudar suas vidas ao invés de procurar a seriedade e uma fé que realmente as transforme. Hoje o culto a uma divindade passou a ser considerado como uma grife, que as destaque dos demais e estes se esquecem que a divindade está na natureza e na simplicidade das coisas naturais.

Santa Sara Kali está intimamente ligada a etnia cigana e perde todo e qualquer sentido se não for cultuada entre eles e em família. Infelizmente muitos não percebem isto.