15/05/2008
Cinco acampamentos de ciganos romenos foram incendiados nas últimas 48 horas em Ponticelli, na periferia de Nápoles, noticia o El País. A comunidade teme que regressem a Itália as leis raciais do tempo do fascismo.
Os habitantes dos acampamentos tiveram de abandonar o local escoltados pela polícia, devido às ameaças de que têm sido alvo.
A notícia de que uma jovem romena de 16 anos teria tentado sequestrar um bebé despoletou o terror em Nápoles. Habitantes locais lançaram pedras e cocktails molotov para os acampamentos, semeando o terror entre os adultos e crianças que vivem nos acampamentos.
«Não sabemos para onde ir. Se nos mudarmos para Roma ou Veneza irá acontecer-nos o mesmo», disse esta quarta-feira um dos ciganos, citado pelo El País.
De acordo com relatos da agência de noticias italiana Ansa, um grupo de mulheres e crianças aplaudia, enquanto as chamas destruíam um dos acampamentos.
Já esta manhã, habitantes da zona, regressaram ao local, para incendiarem o pouco que tinha resistido às chamas. O grupo festejava, batendo palmas e cantando. Os bombeiros foram recebidos com gritos de: «Vocês apagam as chamas, nós regressaremos para as reacender».
Em Itália, de acordo com Organizações não Governamentais, vivem entre 130 e 150 mil ciganos. Metade têm nacionalidade italiana, cerca de 50 mil são romenos, e os restantes jugoslavos.
20-05-2008
O ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, assegurou segunda-feira que quer eliminar todos os acampamentos de ciganos ilegais e criar "estruturas de alojamento dignas de tal nome".
Maroni fez estas declarações no programa Porta a Porta da televisão pública RAI.
"Nesses acampamentos, há de tudo, cidadãos honestos e infiltrados que geram reacções injustificáveis mas determinadas pelo que sucede nos acampamentos vizinhos", comentou o ministro.
Maroni disse que os que não tiverem a sua documentação em ordem serão "levados para a prisão, caso tenham cometido um delito, e expulsos para o seu país de origem".
Trata-se de uma operação para ser levada a cabo "num curto prazo", por esse motivo, "os prefeitos de Roma, Nápoles e Milão serão nomeados comissários extraordinários".
O ministro declarou-se favorável a tipificar a imigração ilegal como delito, o que de momento não está contemplado no decreto-lei sobre segurança que será aprovado esta semana na reunião do Conselho de Ministros que se realiza em Nápoles.
"Em países civilizadíssimos como a França e a Alemanha o delito de imigração clandestina já existe: isso implica o julgamento imediato e a expulsão depois da sentença de condenação", disse Maroni, assegurando que insistirá, por isso, na tipificação do delito.
Enquanto isto, o plenário do Parlamento Europeu debate hoje a proposta do grupo Socialista sobre a situação dos ciganos na Itália e nos restantes países da União Europeia (UE).
O ponto foi incluído segunda-feira na agenda por 106 votos a favor, 100 contra e duas abstenções.
O presidente dos socialistas, o alemão Martin Schulz, indicou que o colectivo irá examinar a situação "não só em Itália mas também na Europa em geral".
"A situação em Itália é difícil mas não é problema especificamente italiano", disse Schulz, aludindo aos recentes ataques perpetrados contra acampamentos de ciganos romenos e de outros países do Leste de Europa em Nápoles e Roma.
O debate de hoje é precedido por uma pergunta à Comissão Europeia que deverá expor as políticas da UE na matéria- a que se seguirão as intervenções dos eurodeputados.
Não está previsto a votação de nenhuma resolução escrita.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, concedeu aos prefeitos de Roma, Milão e Nápoles, as três maiores cidades da Itália, poderes extraordinários para resolver o que chamou de "emergência cigana", segundo o jornal espanhol El Pais. Desde que foi eleito em abril, Berlusconi vem endurecendo a política contra imigrantes, especialmente os romas (ciganos), vistos com desconfiança por muitos italianos. O ministro do Interior, Alfredo Mantovano, chegou acusar os romas de estarem ligados a roubos, assaltos e raptos.
A aprovação dos poderes especiais, publicada no sábado na Gazeta Oficial italiana, prevê uma verba inicial de 3 milhões (US$ 4,6 milhões) para que os prefeitos "realoquem ou expulsem" as comunidades ciganas das regiões do Lácio, da Lombardia e da Campânia. "As ações que devem ser tomadas são o controle e recenseamento de todos os ciganos, além da adoção, em colaboração com a polícia, das medidas necessárias em relação a indivíduos que possam ser objeto de ações judiciais", de acordo com a ordem aprovada por Berlusconi. A medida prevê ainda que os prefeitos poderão desmontar acampamentos ilegais e obrigar seus moradores a se mudarem para locais mais afastados.
A desconfiança em relação aos romas - etnia originária principalmente da Romênia - não é novidade na Itália. O governo de centro-esquerda de Romano Prodi, que caiu no começo do ano, também foi pressionado pela população para que lidasse com a população cigana. O problema voltou a ocupar as manchetes dos jornais italianos quando uma jovem roma foi acusada de ter tentado raptar um bebê italiano em maio, em Nápoles. A acusação, não confirmada pela polícia, foi o suficiente para que grupos de moradores enfurecidos incendiassem dois acampamentos de ciganos.
No sábado, em entrevista ao jornal Il Tempo, Mantovano não poupou acusações à etnia. "Como demonstram os números e a realidade sociológica, os romas são uma etnia ligada a certos tipos de crimes, como roubos, assaltos e até raptos", acusou o ministro, do partido de extrema direita Aliança Nacional. A Romênia e a comunidade internacional criticaram o recente endurecimento da política italiana contra os ciganos. Na semana passada, a organização Anistia Internacional disse estar alarmada com o que chamou de "clima de discriminação" na Itália.
Um comentário:
=/ não demora eles vão fazer a mesma coisa que fizeram com judeus na alemanha....as limpezas étnicas
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