quarta-feira, setembro 24, 2008

Nós, os Deuses e os Mitos de Criação

Quando pensamos em religião, não podemos nos esquecer dos mitos de Criação. A cosmogonia ou cosmogênese de cada religião vai representar a Cosmovisão de seus adeptos, que nada mais é para nós agora que a nossa maneira de ver o mundo e a Divindade.

É a partir do mito de criação que nós definimos como serão os nossos deuses e o nosso comportamento perante eles. Podemos considerar os deuses como nossos senhores, como nossos familiares, ou como nós sendo parte deles. A princípio e grosso modo podemos classificar três tipos de cosmogênese nas diversas religiões. Estas cosmogonias definem claramente se a religião é Monoteísta, Politeísta ou Panteísta e a relação entre o Humano e o Divino dentro de cada uma delas.


Quem quizer ler o restante do texto, passe no www.tribosdegaia.org e depois volte para comentar aqui

quinta-feira, setembro 18, 2008

Nossa natureza


 Porque será que aceitamos os deuses na natureza e suas manifestações e ao mesmo tempo recusamos a aceitar as manifestações dos deuses nas pessoas.

Será porque consideramos a natureza que nos cerca como irracional e portanto não precisa ser politicamente correta?

Vejam assim, um raio pode destruir uma casa, matar uma pessoa ou detonar uma subestação da Eletropaulo, que tudo bem é uma fatalidade (de Fates, as Moiras) coisa do destino. Já se um filho de Zeus levanta a voz e discute ele é um grosseiro.

Todos admiram a primavera, com toda a natureza se enfeitando, para tudo ficar mais bonito. Ninguém reprova a Primavera. Mas se uma Filha de Afrodite acorda de baton, ou  como todo filho de Afrodite exercita sua sedução, o povo já vai dizer que é vaidade, luxuria... Principalmente os feios e sem graça, vão falar mal, dizer que a pessoa está se achando ou galinhando.

Hera pode perseguir com seus ciúmes todas as mulheres que se aproximam de Zeus e até causar desastres naturais com suas tempestades, mas a filha de Hera deve controlar-se, ou todos vão dizer que ela é exagerada ou psica.

Aceitamos os deuses como eles são sem reservas, porque então não aceitamos as pessoas, que são reflexo dos deuses. Tudo bem se um filho de Marte pareça um psicopata edipiano, ou que o filho de Hermes seja mentiroso e trambiqueiro. Eles são assim, iguais aos deuses que carregam em si.

Nesta nossa civilização Ocidental e Cristã, a natureza sempre foi colocada como uma inimiga que precisamos conter e subjugar, porém nem com toda tecnologia moderna conseguimos conter furacões, terremotos, maremotos, por que então esta necessidade de conter as pessoas, de fazer com que elas ajam contra a sua própria natureza?

Acredito que isto aconteça pela adoção do monoteísmo, onde o deus criador vive longe da terra e é um deus transcendente cujo o reino de glória não está no nosso planeta. Por isto qualquer lembrança dos antigos deuses é condenada, já que estes são forças que regem o planeta e nossas emoções.

Eu aceito que os monoteístas sejam assim, mas não consigo entender como as pessoas que optaram pelo paganismo, mantenham o mesmo comportamento, já que são características de deuses pagãos refletidas em seus filhos.

Por que será que mesmo no paganismo, não aceitamos as pessoas como elas são, e sempre esperamos que elas ajam como se todos fossem parte de um mesmo rebanho, todos ovelhas do senhor.

 

Pensem nisso antes de criticar o comportamento dos outros

 

terça-feira, setembro 16, 2008

Deuses perigosos e desconhecidos.

 Isto daria uma série incrível, mas falta tempo para escrever tanto e quem se interessaria em conhece-los melhor, já que todos buscam deuses mais conhecidos para prestar culto e adoração.

Vemos diariamente na rede pessoas que se dizem filhos destes ou aqueles deuses por puro gosto pessoal, a vida destas pessoas, a aparência física e a própria fé destas pessoas, contradizem totalmente o mito do deus de quem eles dizem ser filhos. Porém estes querem usar os deuses como uma jóia resplandecente visivelmente pendurada em seus pescoços, para diferencia-los dos demais. Mas como todos que querem ser diferentes caem na vala comum da mediocridade, se juntando a outros seus semelhantes, formando um grupo de diferentes iguais, nivelados pela falta de fé e conhecimento.

Infelizmente, os deuses quando ofendidos pela hibris e a falta de piedade dos humanos, se afastam saem sorrateiramente sem serem percebidos e deixam estes infelizes humanos nos braços de Pheme, Fama para os romanos.

Fama era uma Titânida, filha de Gaia que habitava no centro do mundo, nos confins da Terra, no céu e no mar, morava em um palácio de Bronze, com milhões de orifícios que captavam tudo que fosse falado no mundo, por mais baixo e inaudível que fosse e ampliando-o, propalava-o de imediato.

Faziam parte do cortejo de Pheme, o engano, a credulidade, o temor e os boatos e Fama seguia com eles por todos os cantos do mundo. Ela possuía uma infinidade de olhos e ouvidos para não perder nada e outro tanto de bocas para divulgar o que tinha visto e ouvido.

Estes que procuram os deuses em busca de promoção ou poder, são guiados pela Fama, que tanto pode ser boa ou má, mas não podemos nos esquecer que em latim “Famosus” é derivado de seu nome mas ao invés do sentido moderno de brilho e gloria, era em principio aquele que dá o que falar, difamado e desacreditado.

Quem bem nos fala desta perigosa divindade é Ovídio quando descreve o Palácio da Deusa:

"O povo se espreme no salão; uma multidão frívola circula pelos umbrais. Mil falsos boatos entrelaçados com algumas verdades circulam de boca a boca, palavras confusas ecoam no ambiente. Alguns rumores penetram nos ouvidos dos ociosos, outros divulgam por toda parte o que foi dito. Os embustes se multiplicam e o narrador acrescenta algo novo ao que ouviu." ( Metamorfoses, 12, 53-58)

Outro romano, Virgilio, ainda mais poético retrata a deusa de corpo inteiro:

"Monstro Horrível, gigantesco, possuidor de tantas plumas no corpo quantos ( Ó Prodígio!) são os olhos sob elas, quantas são as línguas e bocas para falar e ouvidos à escuta.

À noite voa entre o céu e a Terra silvando, e não fecha os olhos ao doce sono. Durante o dia senta-se vigilante nas altas cumieiras das casas ou nas mais elevadas torres.

Aterroriza as grandes cidades, persistente mensageira tanto da mentira e calunia como de parte da verdade" ( Eneida, 4, 53-58)

Às vezes a Fama é retratada como a vanguarda de Pater Mars já que os boatos, maledicências e calúnias sempre antecedem as guerras e os assassinatos e outras tantas calamidades.

Portanto os que buscam os deuses pelo poder e pela fama, numca devem se esquecer que os deuses sempre exaltam aqueles que eles querem derrubar.