quarta-feira, julho 13, 2005

Amar o amor.



Quando descobri que não morreria de amor, percebi que podia amar muito mais, pois perdi o medo de amar.

Antes de tomar a consciência disso claro que doeu muito, e varias vezes acreditei que o amor me mataria, mas, por mais que doesse, não matava, por mais que o mundo ficasse escuro e sem graça eu também não me matava. E continuando vivo encontrava um novo amor.

E de paixão em paixão percebi que o amor, já que não matava, também ele não morria, vivia pra sempre. E percebi então, que podia continuar amando até mesmo com os amores que antes acreditei que me matariam, e estes já não incomodavam, mas sim, davam força para que eu continuasse amando cada vez mais e com mais intensidade.

O amor não morre quando uma relação acaba, ele continua vivo, e quando não aceitamos isto, o trocamos por ódio, desilusão e angustia, apenas porque não suportamos o simples fato de que a vida continua, e quem tanto quem amamos, possa ser feliz longe de nós. Somente o tempo nos mostra que também seremos felizes com novos amores, e bastando para isto dar uma oportunidade ao amor.

Quando não renegamos o amor ou fugimos dele, este passa a fazer parte da nossa vida e podemos amar quem já não convive conosco. Não amamos o passado, afinal o passado é o que deixou de existir e os momentos de amor que tivemos não deixarão de existir, continuarão vivos enquanto durar nossa existência, pois todo momento de amor é eterno e é quase impossível nos esquecermos deles, já que se entranham no nosso corpo e alma, se fundem a nós permanecendo sempre em nossas lembranças.

Assim de amor em amor, acumulando momentos e lembranças nos aperfeiçoam na arte de amar e amamos com mais intensidade, pois como dizia o Poetinha sobre o amor que teve: Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.

Assim a cada amor aprendemos a amar mais e a cada novo amor o fazemos com mais intensidade, pois quando percebemos que amor não mata, passamos a viver de amor.


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

3 comentários:

Anônimo disse...

É bem isso aí mesmo
Que seja infinito emquanto dure. epa!
Muito mágico!
bjo

Anônimo disse...

Que maravilhoso texto sobre o amor sentido.Ainda mais acompanhado desse maravilhoso soneto.
realmente caro amigo, você tem o dom...Parabéns!!!
Bjks e um Bom Dia , para você!

Anônimo disse...

Eu me surpreendo sempre com seus textos. Não vejo a hora de ler um livro de sua autoria. A experiência de que não morremos de amor é linda e a constatação que morremos por falta dele.