quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Meu pequeno coração


Volto dos feriados e do festival das Sementes e sou surpreendido pelo que leio no jornal, os cientistas afirmam que o coração encolhe a partir dos 50 anos, ficando em média 16% menor.

Bem que eu vinha sentindo, meu coração sempre grande e acolhedor vinha mostrando esta redução, sem que eu entendesse por que. Antes ele estava sempre aberto para visitas de novas paixões e as aventuras de viver. Hoje ela acolhe apenas uma paixão um amor e quer guardar ela dentro de si. Será que é por isto que ele encolhe?

Os cientistas não sabem. Nem por que ele encolhe nem os efeitos que isto causa, mas tem certeza que ele diminui. Independente do sexo o coração fica menor.

Será a maturidade e a certeza que fazemos as escolhas? E por escolhermos melhor ele fecha ? ou será por que nos aproximamos da morte o coração reduza de tamanho, para que façamos melhor nossas escolhas, para que abriguemos menos pessoas nele. Que o avanço da vida e a lenta aproximação das Queres, limite a nossa capacidade de amar, ficamos seletivos com quem devemos amar?

Menos amigos, menos parentes e uma só mulher. Eu pelo menos, aprendi a não me entregar de coração à novas amizades, escolho a dedo a quem me dou de coração, tive que arrancar com dor alguns falsos amigos, cirurgia invasiva, dolorida, mas necessária, já que estes deveriam morar em outro lugar, jamais dentro de mim. Parentes foram arrancados com as próprias mãos embora outros tantos fossem lançados, como outros amigos, na corrente sangüínea e dali filtrados e excluídos de forma fisiológica. Foi muito gratificante ver pessoas que não mereceram meu amor, no turbilhão do vaso sanitário e no caminho do esgoto.

Já os amores de quem tanto eu me lembrava, com a redução devem ter ficados perdidos imprensados e emparedados nas reduções.

Hoje pouco me lembro dos amores passados, a partir dos cinquenta, amo apenas uma, como se muito das minhas lembranças tenham todas acontecidas com ela. Filmes, situações e outras coisas que acontecem quando amamos agora quase sempre têm o mesmo rosto.

Engraçado, já que os cientistas não explicam as razões nem as conseqüência, apelas constataram, e só me resta especular, e assim sendo, acredito que aos cinquenta temos mais claras nossas certezas e já não precisamos de tanto coração....

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