segunda-feira, agosto 30, 2010

Sindicalista, Socialista e Ateu, no poder, virou Fascista.

Nem nisto somos originais, já que o Benito Mussolini seguiu esta trajetória antes.

 

Além da fotografia maravilhosa tanto a cores como em preto e branco e a beleza de pintura da atriz Giovanna Mezzogiorno, o filme “Vincere” de Marco Bellocchio, nos mostra claramente o que acontece com as pessoas na busca do poder, quando todos seus ideais  são desfeitos pelo oportunismo.
Vincere apesar de lindo visualmente, nos causa incômodos e náuseas durante os 120 minutos do filme. A história não oficial, porém verdadeira, de Ida Dalser a mulher apaixonada que vendeu tudo que tinha para impulsionar a carreira oportunista e populista do futuro Duce e do filho dos dois é comovente chegando às raias do absurdo.
Vale a pena ver, como a história se repete, nem sempre como farsa  e que precisamos apreender com o passado.

Vincere - Official Trailer

segunda-feira, agosto 23, 2010

Ubi non sis qui fueris, non est cur velis vivere

(Quando não é o que foste não há razão para viveres)

Cícero já definia esta máxima como um provérbio antigo. Creio que até alguns anos atrás não entenderia esta sentença, mas hoje a maturidade, o conhecimento e a pratica religiosa, fizeram com que a entendesse perfeitamente.

Embora a primeira vista ela nos pareça uma revolta contra a velhice, que não teríamos mais função depois que passássemos da maturidade, quando a analisamos sob uma ótica pagã, percebemos que a sentença nos leva a lembrar de quem éramos na infância, isentos das influências do meio.

Na infância é quando somos nós mesmos, nossos pensamentos sonhos e fantasias ainda não foram esmagados por conceitos e preconceitos sociais. Nossos pais e a escola ainda não nos ensinaram que devemos sufocar nossos sonhos e fantasias, para vivermos no mundo e que muitos dos nossos sonhos nos levarão ao fracasso e a ruína. 

Na adolescência e juventude somos constantemente reprimidos, para que nos tornemos no futuro em profissionais competentes e possuidores de ótimos salários e vai ser exatamente isto que fazemos na maturidade, buscamos o material e dinheiro, para realizar sonhos de consumo impostos pela sociedade, embora estes não façam o menor sentido para as pessoas que fomos, ainda que de forma embrionária.

Esta maturidade que a penas visa as imposições sociais, esta vida que levamos apenas para agradar aos outros e a sociedade, nos leva a um enorme vazio, que buscamos preencher com mais sonhos de consumo. O que nos leva irremediavelmente a depressão e a infelicidade.

Se não lembrarmos quem fomos na infância, adolescência e juventude, e não buscarmos um equilíbrio ente a criança que éramos e o adulto que somos, nunca teremos uma maturidade plena nem atingiremos a excelência como seres humanos.

Seremos sempre fracassados para nós mesmos, não importa que tantos nos julguem vencedores, no nosso íntimo sempre faltará alguma coisa, sempre teremos algo como uma fome insaciável que nos corrói e nos afasta da plenitude.

Precisamos a cada dia lembrar-se de quem fomos, pois aí com certeza saberemos quem somos.
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terça-feira, agosto 10, 2010

Invictus

Invictus

(Título Original: "Invictus")

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
 Além deste oceano de lamúria,

Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,

Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Ontem à noite assisti Invictus

Estava com o DVD em casa já fazia alguns meses, mas relutava em assistir a obra de Clint Eastwood com  Morgan Freeman e Matt Damon, Hollywood falando de segregação racial, devia ter algo de piegas e com certeza forçaria a barra.

Mas, na falta de outra coisa, coloquei no DVD player e me surpreendi com a maneira como o Nelson Mandela , uniu um país social e racialmente dividido, usando o esporte. O rugby o esporte praticado pela classe dominante é usado como uma metáfora de como podemos unir um país em busca de um ideal de igualdade.


O filme aborda o primeiro ano de mandato de Mandela como Presidente e nos mostra que quando os ideais são maiores que os homens tudo é possível. E que Mandela, usou o perdão  acima de sua própria dor e com ele começou a unir a Africa do Sul, usando na sua própria segurança, agentes do governo anterior que até então o perseguiram.

É engraçado, que apesar da sua popularidade, o nosso presidente, não perdoa a suas duas derrotas no primeiro turno para o FHC. Com isto perdeu a chance de mostrar um mínimo de grandeza, que é o que esperávamos dele como presidente do Brasil. Lula, apesar de ter usado toda a estrutura deixada por seu antecessor, nunca foi capaz de reconhecer o trabalho de FHC.



 Outro grande erro, foi a criação de cotas para negros nas universidades, já que a divisão aqui no Brasil não é racial, mas sim social. Portanto, não são os negros, mas sim toda a classe trabalhadora e proletariado, aí incluindo os negros, que deveriam ter cotas nas universidade. Mais simples, prático e verdadeiro.  Assim nosso presidente demonstrou, que não chega nem perto do estadista que ele diz que é, não tem a grandeza de espírito que o cargo precisa. Foi lamentavelmente mais um populista, que manipula dados e pesquisas em seu próprio beneficio. E que na hora do aperto, diz que não sabe de nada, por medo de cortar na própria carne, ou seja seu partido, todos os que se corromperam e transformaram este país num mar de lama.
Que pena, mas podemos ver no filme como poderia ter acontecido conosco e com o Brasil, se tivéssemos tido por aqui um grande homem.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Dzi Croquettes - eu ainda me lembro.

É engraçado como algumas coisas são completamente apagadas da nossa memória, esquecendo acabamos por repetir os erros e a não se lembrar dos acertos.



No começo dos anos 70, com a ditadura instalada, a nossa liberdade cerceada, nossa imprensa, teatro, musicas e manifestações artísticas e culturais censuradas, nasceu os Dzi Croquettes, um espetáculo teatral, que mesmo sem percebermos, mudou a visão de uma geração.


Nos esquecemos da Ditadura, tanto que vemos hoje um governo censurando a imprensa e fazendo alianças com cruéis ditaduras mundiais, e não lembramos mais de quanto sofremos com isto no passado. Se na ditadura, se não fossemos de direita éramos considerados criminosos de esquerda, hoje se criticamos o governo petista, somos hostilizados, por sermos reacionários de direita. Quanto tempo vai demorar para repetir o passado?
Aos 21 anos, assisti varias vezes o show musical dos Dzi Croquettes, era algo que hipnotizava. Homens (não vale a pena discutir aqui suas preferências sexuais) caricaturados de mulheres colocavam toda a força do masculino na dança. Que a principio parecia ser um espetáculo gay se transformava numa salada pansexual e a convivência do masculino com o feminino no mesmo corpo. Movimentos femininos, num corpo masculino, com pelos no peito e nas pernas, bigodes e barbas, transformando o show numa visão carnavalesca dos blocos travestidos percorrendo as ruas em fevereiro.

A lição que aprendemos com os Dzi, é que todos têm o masculino e feminino no seu interior e, portanto, qualquer sentimento de preconceito por opção sexual é contra nossa natureza dualística. Com isto aprendi a conviver com pessoas, com gente. E gente não se define por sexo, cor raça ou religião.


Posso nunca mais ter falado deles, praticamente me esquecido do espetáculo, mas a lição que aprendi com eles me tornou uma pessoa melhor.

Um grande documentário, que me fez sentir saudade e orgulho de pertencer a uma geração que ainda via novidades, que possuía uma vanguarda real e não estas infindáveis repetições pós modernistas que querem nos impingir como vanguarda e avanço político.

Dzi Croquettes o documentário.