quarta-feira, agosto 04, 2010

Dzi Croquettes - eu ainda me lembro.

É engraçado como algumas coisas são completamente apagadas da nossa memória, esquecendo acabamos por repetir os erros e a não se lembrar dos acertos.



No começo dos anos 70, com a ditadura instalada, a nossa liberdade cerceada, nossa imprensa, teatro, musicas e manifestações artísticas e culturais censuradas, nasceu os Dzi Croquettes, um espetáculo teatral, que mesmo sem percebermos, mudou a visão de uma geração.


Nos esquecemos da Ditadura, tanto que vemos hoje um governo censurando a imprensa e fazendo alianças com cruéis ditaduras mundiais, e não lembramos mais de quanto sofremos com isto no passado. Se na ditadura, se não fossemos de direita éramos considerados criminosos de esquerda, hoje se criticamos o governo petista, somos hostilizados, por sermos reacionários de direita. Quanto tempo vai demorar para repetir o passado?
Aos 21 anos, assisti varias vezes o show musical dos Dzi Croquettes, era algo que hipnotizava. Homens (não vale a pena discutir aqui suas preferências sexuais) caricaturados de mulheres colocavam toda a força do masculino na dança. Que a principio parecia ser um espetáculo gay se transformava numa salada pansexual e a convivência do masculino com o feminino no mesmo corpo. Movimentos femininos, num corpo masculino, com pelos no peito e nas pernas, bigodes e barbas, transformando o show numa visão carnavalesca dos blocos travestidos percorrendo as ruas em fevereiro.

A lição que aprendemos com os Dzi, é que todos têm o masculino e feminino no seu interior e, portanto, qualquer sentimento de preconceito por opção sexual é contra nossa natureza dualística. Com isto aprendi a conviver com pessoas, com gente. E gente não se define por sexo, cor raça ou religião.


Posso nunca mais ter falado deles, praticamente me esquecido do espetáculo, mas a lição que aprendi com eles me tornou uma pessoa melhor.

Um grande documentário, que me fez sentir saudade e orgulho de pertencer a uma geração que ainda via novidades, que possuía uma vanguarda real e não estas infindáveis repetições pós modernistas que querem nos impingir como vanguarda e avanço político.

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