segunda-feira, julho 18, 2011

Helena




Desde o seu nascimento, pairam duvidas sobre Helena, com certeza ela é filha de Zeus, mas persistem duvidas se é filha de Leda ou de Némesis. Contam às lendas que ela seria filha de Leda depois do coito com Zeus transformado em cisne, porem, outras tradição conta que Zeus desejou Némesis, que fugiu de Zeus percorrendo o mundo todo mudando de forma, afinal a Vingança tem a capacidade de se metamorfosear em qualquer coisa para atingir seu objetivo. Mas contra o rei dos deuses não foi possível, pois a cada metamorfose, Zeus a acompanhava e depois de fugir por todo o mundo, Némesis transformou-se em gansa Zeus transformou-se em Cisne e mais rápido que ela a possuiu em pleno vôo.

Indiferente de seja sua mão Helena, é filha de Zeus transformado em cisne, qual seria a razão disto, já que Zeus é geralmente identificado com o Carneiro, ou Touro ou a Serpente.
Dando uma pesquisada rápida via o Dicionário de Símbolos do Chevalier, pode ser que encontremos o porque do Cisne. Na Grécia antiga, e por toda a Europa o Cisne era a Ave imaculada, cuja a brancura o poder e a graça fazem dele uma epifania da luz, encarnando tanto a Luz Solar e masculina, como a lunar e feminina tornando o animal como um andrógino síntese de toda a luz. Mas como existem também o Sol negro, e cavalos Negros da Noite também existe o cisne negro, que continua sagrado mas carregado de um simbolismo oculto e invertido.

Outras vezes é vista como a virgem celeste a ser fecundada pela água ou pela terra, não mais a luz celeste que fecunda, mas como a luz fecundada, deixando de ser a luz celeste masculina e se tornando feminina como na hierogamia egípcia, quando o céu é fecundado pela terra.
Bachelard conclui um seu trabalho de analise de um verso de Goethe: " a imagem do cisne é hermafrodita. O cisne é feminino na contemplação das águas luminosas; masculino na ação. Para o inconsciente, a ação é um ato. Para o inconsciente, não há senão um ato". A Imagem do cisne para Bachelard se sintetiza como o Desejo, para que se fundam as duas polaridades do mundo. O canto do cisne, em consequência, pode ser interpretado como as eloqüentes juras do amante... com este termo tão fatal à exaltação que é, verdadeiramente, uma morte .amorosa. O cisne morre cantando e canta morrendo. Torna-se na realidade o símbolo do primeiro desejo que é o desejo sexual.

Imaginando, não era apenas desejo, mas era o realizador de todos os seus desejos, pois engoliu toda a criação e todos os deuses para devolvê-los em seguida, se tornando assim o pai de todos os deuses. Procuramos então qual o objetivo de Zeus ao querer uma filha humana?
De todas as aventuras de Zeus a partir de Metís (A Prudência ou no sentido pejorativo a Perfídia) antes do casamento com Hera, de onde acreditando que geraria um filho que o suplantaria, engoliu Metís, e gerou sozinho na sua mente a filha Athena. Ele gerou apenas filhos homens entre os mortais, os semideuses ou heróis, que ajudaram a criar as cidades e a eliminar monstros e tiranos que ainda haviam ficado na terra.

Por que então Zeus se transforma em Cisne, no mais primitivo dos desejos e se faz feminino para gerar Helena ?

Por que Helena era tão especial, a ponto de ter duas mães, uma a vingança dos deuses (Némesis) e outra uma rainha humana (Leda) por que existia a necessidade de Helena ser a mulher mais linda do mundo, ainda precisava nascer sendo filha do desejo? 

Creio que é neste momento que devemos imaginar o quanto Helena não comandaria o seu destino, o quanto ela nunca satisfaria os seus desejos, ela seria por vontade de Zeus uma pela de um jogo nas mãos dele, e quando por vezes ela se livrava das mãos de Zeus era utilizada por outros jogadores, é provável que em nenhuma vez Helena realizasse um de seus desejos.
A filha da luz fertilizada, a filha do desejo, nunca veria os seus realizados. A beleza e a sensualidade nascida da Necessidade (Ananké), nunca teriam o prazer de ser bonita para si mesma, ou apenas para seu amado. Esta cria do duplo feminino, nunca seria uma mulher, seria sempre a mais linda mulher do mundo, a Afrodite caminhando entre os mortais. O destino cruel de Helena é ser um objeto em eterna disputa, tanto que quando um dia aquele príncipe vindo da Ásia, chegou vestido de ouro no palácio de Menelau, ela sentiu se pela primeira vez apaixonada. Ele não a jogou nos dados como fizeram Teseu e Peritoo, nem a disputaram fazendo que a Grécia inteira temesse a destruição numa guerra entre todos os seus pretendentes. Aquele moço, que apesar de tanta realeza a encantou com seu sorriso simples dos homens do povo, e o seu olhar de desejo real, mas contido por sua timidez e respeito à Menelau, encantou Helena, pela primeira vez em sua vida, depois de dois filhos tidos na casa real da Lacedemonia, ela se sentiu mulher, e não apenas um objeto cuja posse era disputada ou mantida.

Ela não sabia que aquele inocente príncipe da Longínqua Tróia estava ali em função de que ela havia sido fruto de uma disputa entre 3 deusas, e mesmo sem saber acabou sendo um prêmio, mas pelo menos aquela vez Afrodite foi honesta, Páris não teria um objeto, teria o amor da mulher mais linda do mundo, que o amaria até fim de sua vida.

Hécuba, nas Troianas, faz questão de acusar Helena de não ter amado Páris, mas sim ter se impressionado com aquele Divo, pois era conhecido como Divo Alexandre, o seu verdadeiro nome, o seu nome de pastor. Hécuba chorando a morte de 50 filhos ataca Helena a chama de Meretriz. Priamo, em seus últimos momentos a perdoa," para mim, - Você não é a causa, só os deuses são a causa" - a culpa foi da profecia, Páris seu filho incendiaria Tróia, e combater a profecia, fez com que ela ocorresse. Expor Páris fora o seu erro, se tivesse sido criado como um príncipe e não como um pastor, não teria sido o escolhido para julgar a qual deusa entregaria o pomo. 

Mas Tróia ainda arde, enquanto Helena é acusada. Menelau, que quer matá-la por sua traição, vê seus seios semi expostos para sua espada se ajoelha e a perdoa.
Ela não pediu, esperava como sempre a vontade dos deuses, esperava o seu destino de princesa de Tróia, como a paciente Andrômaca, que vê seu pequeno filho Astíanax, o Herdeiro de Heitor ser arrancado de seus braços para deitar-se no frio leito dos seios das Queres, gritando ainda a Imponência da mulher do maior herói de Tróia:

" Pois seja assim! Arrebatai-me esta Criança,
Levai-a já de mim, lançai-a das Alturas
Se vos apraz! Fartai-vos desta carne tenra!
Os deuses Decretaram nossa perdição
E não posso impedir a morte do meu filho!..."
(Eurípides As troianas).

Espera Helena a mesma sorte, ou até mesmo uma mais cruel, de morrer pelo fio da espada, mas Aphrodite (Afrodite) ou a Aphrosyne ( insanidade, a loucura) Que tem o mesmo radical no nome e por vezes se confundem, a leva de volta para Esparta.

Onde mais uma vez o destino e os deuses a levam para onde querem, tanto para ser morta em Taurica, num sacrifício por Ifigênia, ou para ser morta por Tetis no mar por seu filho Aquiles, como a forca, morrendo entre o Céu e a terra, meio deusa, meio humana pendurada numa Arvore em Rodes, traída por sua amiga Polixo, ou atormentada pelas Erínias. Mas dizem que até hoje, as mulheres em Rodes apontam, para alguma arvores a beira de um penhasco, e dizem aquela é a arvore de Helena, num desprezo típico de quem por pura inveja da beleza, diz que o fim justo da beleza é a morte.

Zeus fez a necessidade (Ananké) e a Vingança (Némesis) gerarem a Beleza, e esta se transformou em morte, Na planície de Ilion, Aos Brados da suada e nua Ênio ( O grito de Guerra).

A necessidade se fez bela, para dar corpos para Queres, e povoar o Hades de heróis, Helena nunca foi nada, era apenas um objeto que era manipulado pelos Deuses e Homens.

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