terça-feira, março 27, 2012

Feliz, feliz...


Feliz, feliz eu não estou, até porque concordo totalmente com o Tom Jobim: “Fundamental é mesmo o amor / É impossível ser feliz sozinho...

Mas no geral, o que os olhos já não podem ver, é que estou até que feliz comigo mesmo. Durmo bem, agora que consegui estabilizar a falta de nicotina com um patch de 3,5 mg, que insisti tanto em não usar.  Acordo feliz cantando, pois não tem ninguém mal humorado por perto que detesta quem acorde feliz. Gente que acorda mal humorada é uma merda, já te corta sua alegria logo de manhã.

Canto, danço e dou risadas sozinho das minha coisas, afinal eu realmente acabo fazendo tudo da maneira mais difícil, que mais fácil para mim, por saber fazer daquele jeito meio atrapalhado e engraçado.

Não pensem que entrei naquela onda das pessoas do facebook, que estão sempre bem (da boca pra fora) ainda que estejam fodidos intimamente. Quem me acompanha sabe que não sou assim, tampouco sou hipócrita como muita gente que se faz parecer algo que não é. Gosto de ser eu mesmo, gosto de ir até o fundo dos meus sentimentos ao invés de ignorá-los. Sofro, choro, desço ao tártaro, o mais profundos dos ínferos mundos, deixando pra trás todas minhas roupas, conquistas e sonhos, pra poder tomar impulso para voltar e criar uma nova vida, como nascendo de novo.

Dificilmente falo aqui da minha felicidade, da minha perfeição como pessoa, da minha magnífica espiritualidade, mesmo porque, não sou nada disso. Geralmente, além de mitologia falo de mim mesmo, da minha dor, que muitas vezes não se cala se eu não grito aos céus. Falo da minha humanidade e da minha humildade perante a divindade, pois vejo o divino e os deuses a cada momento da minha vida.

Mesmo durante este período que sofri perdas terríveis, de nenhuma maneira me senti abandonado pelos deuses, eles e principalmente o meu Deus, estiveram sempre ao meu lado, me confortando, me dando paciência e me mostrando o quanto era importante eu passar por tudo que eu estava passando.

Agora a cada dia mais percebo, que tudo está melhorando e com o tempo tudo vai melhorando, estou sonhando e vou concretizar novos sonhos, construir novas coisas, afinal recomeçar de novo sempre foi o meu forte. Embora tudo esteja um pouco diferente, não sei se pela idade ou pelo tamanho das perdas, pois esta vez tudo foi mais lento, e exigiu mais empenho, mas ainda assim, as coisas estão andando.

A felicidade é composta de uma série de pequenas felicidades, e sem que eu percebesse como um conjunto, comecei a ver muitas pequenas felicidades na minha vida. Estou feliz com meu corpo, minha cabeça, a casa e seu cheiro de limpa e o aroma de boa comida no horário das refeições, geralmente ela está arrumada. Sinto-me feliz quando entro entre os lençóis perfumados, na banheira com sais e com as toalhas secas e fofinhas. Sou feliz com o conjunto das pequenas coisas da minha vida. Nunca espero explosões de felicidade, pois sei que isto é fugaz, me contendo com amores possíveis e nem busco mais os impossíveis já faz algum tempo e amores de cinema eu já tive, faltava dores de corno de literatura, que acabei também tenho, então daqui pra frente eu quero calma, amizade, confiança e alguém disposta a viver do meu lado o resto da vida. Tudo bem, que sempre quis isto, mas creio que agora é hora realmente de pensar seriamente nisto, antes de entregar meu coração.

E como todo bom taurino como sou só resta dizer, não tenho tudo que quero, mas é só uma questão de tempo, heheheh!

terça-feira, março 20, 2012

Vida após a morte!


É engraçado como até mesmo os textos parecem ter vida própria, ontem eu queria escrever o que vou tentar novamente hoje, mas à medida que fui escrevendo ele foi se desenvolvendo para algo que nem pensei escrever. O que eu realmente queria falar é sobre algumas tomadas de consciência que aparecem como um insight. Algo que já se cristalizava e consolidava, se que isto estivesse bem claro para você mesmo.

Há uma duas ou três semanas, estava fazendo meu jantar, quando um irmão me chamou na porta do prédio para me entregar alguma coisa, desci, passei uns 10 minutos conversando e subi porque tinha deixado coisas no fogo.

A surpresa foi quando abri a porta, o cheiro da comida e o calor que vinham da comida, me deram a sensação exata de estar voltando para o lar. Sim senti que minha casa era o meu lugar, ele me protegia e aconchegava mesmo eu estando sozinho.

Até então eu ainda pensava que meu lar era onde meu coração estava, mas ultimamente nem mesmo eu sei onde está meu coração, se com meus filhos e os filhos deles, os com os filhos distantes um ao norte e outra ao sul, ou se dividido em pedacinhos em cada mulher que amei. Amor recente que me machucou, amor antigo que deixou muita saudade, sei lá por onde anda meu coração, mas ainda não senti falta dele. Algumas vezes ainda dói, outras sente saudade, mas deixo quieto e logo ele acalma.

O que mais eu precisava era esta constatação de que eu tenho a minha casa e esta é um lar, casamentos eu já tive, filhos tive quatro com três mulheres diferentes, e a te sentir o cheiro da minha própria comida e o calor de meu fogão, eu acreditava que um lar é onde existe uma família, porém percebi que a família pode orbitar a casa paterna, afinal os meus filhos mais próximos nasceram aqui, meus pais morreram aqui, assim entre ascendentes e descendentes sou o elo mais forte entre o passado e o futuro da gens (guens) e dos gens.

O meu lar é onde eu me sinto bem, e a cada dia que passo estou mais adaptado a estar sozinho,  já acerto a fazer boas receitas em porções individuais, e nas vezes que exagero, aprendi a guardar ou congelar, pois agora aceito comer comida requentada. A casa está (quase) sempre arrumada, minhas plantas estão lindas. E eu começando a criar novos sonhos...

A vida sempre retorna, por mais que tenhamos descido ao mais profundo dos ínferos mundos, sempre podemos voltar à vida, e o que mais me garante esta fé é ver que as plantas brotam até em concreto de viadutos. Por mais que a morte seja inevitável, a vitória final é da vida.

sexta-feira, março 16, 2012

Múltiplos Horizontes

Às vezes me surpreendo vendo as coisas acontecerem sem que eu tenha projetado ou pensado em fazer algo para que acontecessem... Às vezes eu faço alguma coisa que por si só iniciam uma série de coisas de maneiras aleatórias, mas totalmente ligadas as minhas necessidades do momento. E é nesta hora que me pergunto: Será que só eu vejo assim? Será que só eu vejo a força dos deuses e das senhoras do destino agindo sobre mim?

Percebo que uma ação, por mínima que seja, coloca em movimento não apenas a minha vida, como também a de todos que me cercam. A cada ato, não apenas o universo que vivo, mas também alguns universos paralelos de movimentam e se realinham. Uma simples decisão, não importa se certa ou errada, desencadeia uma série de eventos inesperados e impensados como se existissem muitos horizontes, além dos horizontes visíveis. Véus que nublavam a nossa visão são rompidos um por um até que consigamos enxergar a verdade que nunca conseguíamos ver.

Aquilo que deu errado, sempre esteve errado desde o começo, por mais que todos nossos alarmes e intuições tivessem disparado lá no princípio, e ainda assim, nossa mente ou coração, insistiram em levar em frente aquilo que estava destinado ao fracasso, talvez porque nós quiséssemos que desse certo. Eu não sei se existe em nós esta vontade de enfrentar o destino, ou se foi incutido na nossa mente esta idéia religiosa de Livre Arbítrio, que afinal de livre não tem nada, pois você tem a liberdade apenas de escolher obedecer ou desobedecer, e a partir disso ir para o céu ou o inferno. Eu por não acreditar nem em um nem no outro, pois definitivamente sou contra as coisas absolutas, não creio numa bondade absoluta e tampouco em uma maldade plena. Acredito num equilíbrio e que tudo se encaminhe para um senso onde tudo se nivele.

Assim vejo que cada pequeno movimento que faço desencadeia outros, e que mesmo sem perceber tudo que até pouco tempo estava um caos, se encaminha sem nenhum esforço para o equilíbrio e a ordem, naturalmente. É isto que chamo de providencia divina, e este é o trabalho dos deuses.