terça-feira, março 20, 2012

Vida após a morte!


É engraçado como até mesmo os textos parecem ter vida própria, ontem eu queria escrever o que vou tentar novamente hoje, mas à medida que fui escrevendo ele foi se desenvolvendo para algo que nem pensei escrever. O que eu realmente queria falar é sobre algumas tomadas de consciência que aparecem como um insight. Algo que já se cristalizava e consolidava, se que isto estivesse bem claro para você mesmo.

Há uma duas ou três semanas, estava fazendo meu jantar, quando um irmão me chamou na porta do prédio para me entregar alguma coisa, desci, passei uns 10 minutos conversando e subi porque tinha deixado coisas no fogo.

A surpresa foi quando abri a porta, o cheiro da comida e o calor que vinham da comida, me deram a sensação exata de estar voltando para o lar. Sim senti que minha casa era o meu lugar, ele me protegia e aconchegava mesmo eu estando sozinho.

Até então eu ainda pensava que meu lar era onde meu coração estava, mas ultimamente nem mesmo eu sei onde está meu coração, se com meus filhos e os filhos deles, os com os filhos distantes um ao norte e outra ao sul, ou se dividido em pedacinhos em cada mulher que amei. Amor recente que me machucou, amor antigo que deixou muita saudade, sei lá por onde anda meu coração, mas ainda não senti falta dele. Algumas vezes ainda dói, outras sente saudade, mas deixo quieto e logo ele acalma.

O que mais eu precisava era esta constatação de que eu tenho a minha casa e esta é um lar, casamentos eu já tive, filhos tive quatro com três mulheres diferentes, e a te sentir o cheiro da minha própria comida e o calor de meu fogão, eu acreditava que um lar é onde existe uma família, porém percebi que a família pode orbitar a casa paterna, afinal os meus filhos mais próximos nasceram aqui, meus pais morreram aqui, assim entre ascendentes e descendentes sou o elo mais forte entre o passado e o futuro da gens (guens) e dos gens.

O meu lar é onde eu me sinto bem, e a cada dia que passo estou mais adaptado a estar sozinho,  já acerto a fazer boas receitas em porções individuais, e nas vezes que exagero, aprendi a guardar ou congelar, pois agora aceito comer comida requentada. A casa está (quase) sempre arrumada, minhas plantas estão lindas. E eu começando a criar novos sonhos...

A vida sempre retorna, por mais que tenhamos descido ao mais profundo dos ínferos mundos, sempre podemos voltar à vida, e o que mais me garante esta fé é ver que as plantas brotam até em concreto de viadutos. Por mais que a morte seja inevitável, a vitória final é da vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

voltando a sentir cor e sabor...

May disse...

Que lindo isso :) é exatamente a visão de vida que eu tenho, mas que acabo esquecendo, e esqueço até ficar meio perdida, meio triste. Daí, depois me lembro. Não sei quanto tempo vai durar essa minha certeza de agora de "que está tudo bem com a vida", tudo seguindo seu plano corretamente. Na verdade é até um absurdo esquecer disso, mas acontece.