sábado, maio 12, 2012

Dª. Alaide estou triste. Muito triste mesmo, Mamãe!



Mãe, tem me dado uma agonia, pois desde que eu me lembro, devo não ter passado nenhum dia das mães longe de você. Vivemos os últimos 25 anos, com uma interrupção de dois anos, morando juntos, sinto muito sua falta, do convívio diário das briguinhas das conversas, e principalmente da companhia. Já se passaram 9 meses que você se foi, eu sei mais que ninguém que viver era extremamente doloso para você, depois da perda da Sonia, e que era puro egoísmo lutar pela sua vida como lutei no seu ultimo ano de vida. Que mais eu podia fazer, queria estar com você por perto mais tempo, lutei contra a morte, te arranquei dos braços dela algumas vezes até que um dia que a morte te tirou dos meus braços.

Não sei como vai ser o dia de amanhã pra mim, não tenho para onde ir, meus filhos tem as mães deles para visitar, meus irmãos tem esposas e sogras e eu neste momento não tenho ninguém, e também não quero estar com ninguém. Queria sim, poder te fazer um almoço gostoso, te servir meia taça de vinho e passar o dia contigo. Mas, mais uma eu vez seria egoísta, tinha muita gente te esperando do outro lado do rio.

Vou passar o dia de amanhã lembrando de ti, principalmente das risadas que demos juntos na véspera da sua partida, enquanto eu te enrolava para que você tomasse mais algumas colheres do caldo, já que era a única coisa que você conseguia engolir, mesmos com as lagrimas que agora correm soltas, meus lábios sorriem ao lembrar que te prometi ir comprar sorvete se você tomasse todo o caldo e quando você terminou. Sorriem mais ainda ao lembrar que você com a boca torta pelo AVC, pediu para que eu comprasse sorvete de morango. Nunca vou esquecer, a nossa ultima gargalhada juntos, enquanto eu lhe dava o sorvete e com dificuldade você me contou que sua prima morta há 30 anos, tinha vindo te chamar para passear e eu gritei rapidamente: Não vai não mãe, ela esta morta faz tempo! E caímos os dois na risada.

No dia seguinte você não falou mais nada e no comecinho da tarde, começou um processo de asfixia, e eu no afã de te ajudar te abracei e tentei te colocar sentada para respirar melhor e neste momento sua vida se foi e senti seu corpo vazio e flácido junto do meu. Não pude chorar naquela hora tinha muita coisa para ser feita. Preparei seu corpo para a travessia, fiquei firme para receber a família, tive que ser forte e consolar cada um que chegava, só puderam chorar no velório e em muitas vezes que a saudade apertava.

Amanhã é dia das mães, não sei como é não ter mãe no dia das mães, vou comprar rosas vermelhas para você, imprimir esta carta e a meia noite queimá-la na esperança que você a receba e saiba o quanto eu queria que você estivesse aqui.

Mas mãe, a vida continua. Quando você se foi o Thiago, meu filho estava na Grécia, rezou numa capelinha branca em cima de um morro, e em alguns dias a esposa dele engravidou entre a Grécia e a Sicília. Existe uma grande chance que mais um de seus bisnetos nasça amanhã, é um menino e vai se chamar Otto. A vida é assim, um vai outro vem, e seu sangue e DNA prossegue firme e forte.

Um beijo grande
Te amo, onde você estiver

3 comentários:

Luciana Onofre disse...

te comentei no dia em que postaste, sumiu bjs

Patricia Coelho disse...

Me emocionou. Parabéns pelo texto e por sempre conseguir se expressar tao bem.

Unknown disse...

El nino llora,
El nino vive su dollor
Una vez mas Y tantas...
Estar consgo mismo, es el dolor..
lo que seria de nosotros sin la mama? dolor y vacio...mientras una nueva posibilidad? Yo no se, aun no lo se??
Pero si una esperanza, una esperanza..
Una madre que se fue, una madre que con uno eres...nada mas! Gracias por el amor!!!