sexta-feira, setembro 24, 2010

Sine Cerere et Libero friget Venus


(Sem Deméter e Dioniso, a Venus Definha - Sem pão e vinho o amor enfraquece)

Primeiro achei esta frase genial, uma versão romana para a nossa:“Quando a necessidade entra pela porta o amor sai pela janela”

Percebendo cada vez mais o quanto repetimos os antigos no nosso dia a dia, mas ela ficou repetindo na minha cabeça na pronuncia restaurada das aulas de latim “Sine Kerere et Libero friguet Uenus” e a cada repetição, ela se mostrava mais rica. Afinal não é apenas Venus que precisa de Ceres e Baco e nem mesmo o amor precisa apenas disso para se manter. E fui criando listas e listas de interdependências dos deuses.
Começei com a própria frase, Ceres e Dioniso, não são apenas pão vinho. Em Ceres temos toda a renovação anual do ciclo da vida, o que lembra aos amantes que também é preciso se renovar. Em Dioniso temos toda a loucura necessária para a paixão, pois é preciso a insanidade para se entregar inteiro ao outro e às vezes se deixar cair de costas tendo a certeza que será amparado.

E discorri algumas horas sobre o tema e vi que este amadurecia em uma verdade eterna, os deuses perdem sua força e definham quando estão sozinhos. Que seria de Athena, com toda sua estratégia, sem Ares e Enio para sujar as mãos na batalha. Um exército de Athenas perderia a guerra sem soldados ou sem o clamor da batalha, como uma tropa de sanguinários, que atacassem sem um general com a visão da batalha.
Mesmo Zeus não governaria o universo sem a ajuda de outros deuses, Hades governaria um mundo desabitado, sem uma Venus Libitina, a personificação do amor derradeiro, que prepara seus entes queridos para a viagem ao mundo subterrâneo. E que esperança haveria sem que Perséfone estivesse ao lado de Plutão, indicando o caminho para um renascimento de uma primavera.

Não consegui, imaginar nem um deus que trabalhasse sozinho, mesmo Hefesto precisa da beleza de Afrodite sua primeira esposa e de Aglaia a mais linda das graças, para criar o deslumbramento da beleza na sua arte.
Os deuses pagãos trabalham em conjunto, sempre vemos o dedo de um no trabalho dos outros, é esta Harmonia e cumplicidade, que deixaram os deuses tão perto de nós, e fizeram que eles permanecessem nas artes e literatura, mesmo quando seu culto foi abolido por força das armas.

É o conjunto dos deuses que os tornam mais semelhantes a nós, a interatividade que os tornam grandiosos e eternos. Por isto filhos dos deuses que não podemos louvar a um só, já que é impossível apenas um compreender toda a complexidade do ser humano e do universo que nos rodeia.

Assim filhos dos deuses, não acreditem que exista um deus mais forte e poderoso que os demais, cada um deles é uma força natural que em conjunto governam o infinito. E no momento que perceberem esta realidade, finalmente verão o quanto é ridículo, um humano se julgar acima dos outros.

Um comentário:

Bruxa Horus disse...

Por isso a questao sempre em tres...
bjus de bruxa!!!