quinta-feira, maio 26, 2011

Filho dos Deuses



Ser filho de um Deus é vibrar na intensidade da divindade, a principio pode parecer estranho esta ligação desde o nascimento com um deus ou deusa, que está presente em toda a nossa vida ainda que não a reconhecemos. 

Os Deuses são forças da natureza que regem o mundo e estão presentes em tudo o que nos cerca inclusive o que não vemos e muitos ainda estão presentes em nossos sentimentos e pensamentos. Estamos cercados de divindades, e portanto algumas delas regem a nossa maneira de ser.

Quando nossos antepassados deram corpo e nome para as energias que os cercavam, passaram a perceber que as pessoas também eram regidas por estas forças, inclusive na aparência física criada para a divindade. Os chamados filhos dos deuses tem atitudes e aparecia do deus que o rege, assim como aos signos astrológicos, mesmo porque os planetas e as constelações que são estudados na astrologia estão intimamente ligados as histórias e aventuras dos deuses.

Assim, fazendo uma redução dos atributos divinos, podemos dizer que os filhos de Apolo geralmente são bonitos e sedutores, com habilidade para a cura e podem se tornar ótimos oráculos. Os filhos de Afrodite a deusa da beleza e sensualidade, com toda certeza serão sensuais e admiradores da beleza. É claro que não é só isto, pois as divindades politeístas pagãs são monístas e, portanto têm em si todos os princípios e todas as dualidades, além da parte boa dos deuses seus filhos também carregam o que chamamos de lado negro, obscuro, que torna os filhos de Apolo sérios candidatos a desilusões amorosas, e a um distanciamento dos outros seres humanos e os filhos de Afrodite acabam sendo de certa forma fofoqueiros, afinal em cada encrenca mitológica sempre vamos ver um dedo de Afrodite, além do excesso de luxuria.

É claro que vão existir outras dezenas de aspectos de cada deus, que devem ser analisados por seus filhos e isto como já falei antes vai ser descoberto através de profundos estudos da mitologia. Diferentemente dos pais naturais que cada filho é uma loteria genética, os filhos dos deuses acabam sempre seguindo os mitos de seus pais divinos, seu destino está ligado ao da divindade, portanto quanto mais conhecem os mitos, melhor podem seguir sua vida e destino, fugindo das armadilhas em que estes deuses caíram.

Apolo por exemplo, ao brigar com Eros selou seu destino de ser infeliz no amor, sabendo disso, apesar de sua beleza, o filho de Apolo deve louvar Eros, para que este não atrapalhe a sua vida amorosa. Já os filhos de Afrodite devem controlar sua luxuria, para não caírem na rede de Hefesto e no conseqüente ridículo de verem sua vida sexual ser exposta publicamente.

Mas a coisa fica um pouco mais complicada porque não somos filhos de apenas uma divindade, mas sim de várias, o que muitas vezes explica a formação da nossa personalidade.

Por mais que eu soubesse que sou filho de Dionisio e de Afrodite, existiam vários aspectos na minha personalidade, que não faziam parte dos mitos destes deuses, mas que eu tentava encaixar neles, como minhas súbitas explosões e o meu refinamento estético. Via que as explosões podia ser o jorro dionisíaco de um Zagreus Ctônico e vulcânico e o refinamento estético por ser filho de Vênus, porém quando fui ao oráculo de Pã, logo na abertura, quem responde escandalosamente foi Posidon, o deus que estremece a terra e que causam os maremotos em plena calmaria, exatamente da maneira das minhas explosões. E analisando melhor percebo que o refinamento estético (por mais que seja difícil para um Dionisio admitir) é coisa de Apolo.

Não escolhemos nossos pais divinos, eles nascem conosco e vivem em nós, só o que devemos fazer é reconhece-los em nós, e como já disse: reconhece-los inteiros e não só as partes "bonitinhas".

Porém existem outras coisas que devemos levar em conta, além dos deuses que fazem parte da nossa alma ainda temos a opção da dedicação, esta sim é de nossa escolha, afinal existem muitos deuses e ninguém vai conseguir servir a todos.

Esta questão da dedicação é tão velha quanto a própria mitologia e nela vemos casos fragrantes desta troca como por exemplo Hipólito, filho de Teseu com Hipólita, que apesar de todas as suas características apolíneas, incluindo o dom da cura, dedica sua vida a Ártemis ou Paris também apolíneo e arqueiro dedica-se a Afrodite podo em risco sua vida, família e cidade.

Creio ser esta a grande vantagem do paganismo, não somos obrigados a aceitar um deus que nos é imposto, nem mesmo aquele que nasceu conosco, podemos sempre optar por deuses com que tenhamos mais afinidade. Mesmo que assumamos um deus contrario aos nossos deuses pessoais, o culto a este vai acabar nos levando aos deuses que moram em nós, não é preciso pressa para conhecer nossos pais divinos, pois a medida que trilhamos o caminho, eles vão aparecendo a medida que conhecemos melhor a nós mesmos.

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