As cinquenta filhas de Nereu, figura muito arcaica, chamado de Velho do mar, eram criaturas que encarnavam, cada uma, um aspecto ou um estado particular do elemento marinho. Elas moravam num grande palácio no fundo das águas, onde passavam o tempo tecendo e cantando, quando não vinham brincar na superfície com os delfins e as ondas. Sempre prometi a mim mesmo ir um dia, ao nascer do sol, à orla de uma ilha grega e lá enumerar o nome das Filhas do mar. Esses nomes, que encontramos dispersos nos textos antigos e cujo número não parou de ser aumentado pela imaginação dos poetas, nunca foram sistematicamente reunidos, e muito menos traduzidos, o que é bastante lamentável. Aqui estão eles, em ordem alfabética, pois essas criaturas graciosas e brincalhonas eram, parece - como o mar, aliás -, de grande suscetibilidade!
Aproximando-me, pois, da margem, exclamarei sem ênfase, mas com convicção:
O vós, minhas Nereides,
Acteea, a Ribeirinha
Agave, a Admirável
Amatea, a Selvagem
Anfínome, a Onipotente
Anfítoe, a Agitada
Apseudes, a Prudente,
Calianassa, a Soberana
Calinira, a Esplêndida
Calipso, a Secreta'
Ceto, a Gironda
Cimatolege, a Apaziguadora
Cimo, a Onda
Cimódoce, a Colinosa
Clímene, a Atenciosa
Cranto, a Realizada
Dero, a Paciente
Dexamene, a Côncava
Dinamene, a Poderosa
Dione, a Divina
Dóris, a Acerada
Doto, a Pródiga
Éione, a Auroreal
Erato, a Amável
Eucrate, a Harmoniosa
Eudora, a Abundante
Eulímene, a Acolhedora
Eumolpe, a Cantora
Eunice, a Vitoriosa
Eupompe, a Acompanhante
Evágora, a Congregadora
Evarne, a Carneirinha
Ferusa, a Portadora
Galatéia, a Leitosa
Galene, a Serena
Glauce, a Chamejante
Halimede, a Soberana
Hálio, a Marinha
Hiponoe, a Cavalina
Hipotoe, a Cavaleira
Íone, a Púrpura
Janira, a Sonhadora
Limnoréia, a Lisa
Lisianassa, a Libertadora
Mélite, a Graciosa
Menipe, a Domadora
Mera, a Vociferante
Nausítoe, a Impetuosa
Nemertes, a Fecunda
Orítea, a Montanhosa
Pánope, a Onividente
Pasítea, a Toda Divina
Plexaura, a Entrelaçadora
Polínoe, a Sábia
Pontomedusa, a Rainha do Largo
Pontoporéia, a Viajante
Prónoe, a Prudente
Proto, a Aventureira
Protomedéia, a Ancestral
Psâmate, a Rainha das Areias
Sao, a Cavernosa
Talia, a Florescente
Temisto, a justa
Tétis, a Imensa
E tendo dito esse último nome, eu dispersarei um a um os grãos de areia da margem na clepsidra de meus dedos como as pérolas de todos os esplendores para sempre submerso.
(do Livro: Grécia Um Olhar Amoroso de Jacques Lacarrière)
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