Já não tenho alma. Dei-a à luz e ao ruído,
Só sinto um vácuo imenso onde alma tive...
Sou qualquer cousa de exterior apenas,
Consciente apenas de já nada ser...
Pertenço à estúrdia e à crápula da noite
Sou só delas, encontro-me disperso
Por cada grito bêbedo, por cada
Tom da luz no amplo bojo das botelhas.
Participo da névoa luminosa
Da orgia e da mentira do prazer.
E uma febre e um vácuo que há em mim
Confessa-me já morto... Palpo, em torno
Da minha alma, os fragmentos do meu ser
Com o hábito imortal de perscrutar-me.
Perdido
No labirinto de mim mesmo, já
Não sei qual o caminho que me leva ...
(Fernando Pessoa)
Percorrendo os meandros viscerais até o âmago do ser humano, o inferno da mente. E dali retornar um novo ser, sem mais nenhum medo, vencendo as trevas da ignorância.
segunda-feira, outubro 24, 2005
Labirinto
quinta-feira, outubro 20, 2005
A voz de Joana
È incrível, como podemos sentir tanta saudade da voz de uma criança, as vezes ando tão desesperado, para ouvir a voz da princesa Joana, que se encontra prisioneira de corpo e alma da Bruxa má do Oeste Ligo, vezes inutilmente e outras que ela fala muito pouco, pois a Malvada que a aprisiona, praticamente, domina sua mente.
Cercada de Espinhos impenetráveis, e guardada pela virago, vestida de magoa e ódio, não compreendeu que amor só existe a dois e que amor sem reciprocidade, não é amor, mas sim algo próximo da doença. Que transforma o amor em ódio, e de certa forma impede o contato e separa o sangue, algo que é castigado pelos deuses.
Amores que acabam, não devem se transformar em ressentimentos e fúria, a menos é claro que este rompimento fosse causado por mentiras e traições não apenas físicas, mas sim traições de alma. Que é a traição da confiança e falta de consideração.
Mas voltando a Joana, tenho feito o que posso pra não perder o contato, ligo, mesmo que assustada pela descrição que devem fazer sobre o demônio, consigo ainda arrancar duas ou mais palavras dela, ainda que sejam Pai Catacumba ou to vendo a Xuxa. Não vi a Princesa nem no seu aniversario, mas mandei presentes, e nem uma foto da menina com as roupas que mandei consegui ver.
A princesa cresce longe dos meus olhos, cercada de escuras brumas, que a escondem de mim no longínquo oeste, muito além do arco íris, so me resta a sua voz, pequena frágil e infantil a me dizer Pai, pai catacumba, vou ver a Xuxa, mas só isto, já me alegra, pois ela sabe que mesmo a distancia, existo, a amo e um dia ela ira crescer e o poder da bruxa má vai se esvair, e nos reencontraremos, mas eu já terei perdido toda a sua infância, mas ainda que triste sei, que meu sangue não se perderá, um dia a minha princesa menina vai se aproximar sozinha.
Até Pensei
Chico Buarque
Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia, toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre, tão pobre de carinho
Que, de tolo, até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida me ensinou essa modinha
quarta-feira, outubro 19, 2005
Benvinda
Benvinda
(Chico Buarque)
Dono do abandono e da tristeza
Comunico oficialmente que há um lugar na minha mesa
Pode ser que você venha por mero favor, ou venha coberta de amor
Seja lá como for, venha sorrindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o luar está chamando, que os jardins estão florindo
Que eu estou sozinho
Cheio de anseio e de esperança, comunico a toda gente
Que há lugar na minha dança
Pode ser que você venha morar por aqui, ou venha pra se despedir
Não faz mal pode vir até mentindo
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Que o meu pinho está chorando, que o meu samba está pedindo
Que eu estou sozinho
Vem iluminar meu quarto escuro, vem entrando com o ar puro
Todo novo da manhã
Oh vem a minha estrela madrugada, vem a minha namorada
Vem amada, vem urgente, vem irmã
Benvinda, benvinda, benvinda
Que essa aurora está custando, que a cidade está dormindo
Que eu estou sozinho
Certo de estar perto da alegria, comunico finalmente
Que há lugar na poesia
Pode ser que você tenha um carinho para dar, ou venha pra se consolar
Mesmo assim pode entrar que é tempo ainda
Ah, benvinda, benvinda, benvinda
Ah, que bom que você veio, e você chegou tão linda
Eu não cantei em vão
Benvinda, benvinda, benvinda. benvinda, benvinda
terça-feira, outubro 18, 2005
Lua Louca, Lua Lorca
MURIÓ AL AMANECER
NOCHE de cuatro lunas
y un solo árbol,
con una sola sombra
y un solo pájaro.
Busco en mi carne
Ias huellas de tus labios.
El manantial besa al viento
sin tocarlo.
Llevo el No que me diste,
en Ia palma de Ia mano,
como un limón de cera
casi blanco.
Noche de cuatro lunas
y un solo árbol.
En Ia punta de una aguja
está mi amor ¡girando!
MORREU AO AMANHECER
NOITE de quatro luas
e uma só árvore,
com uma sombra
só e um só pássaro.
Busco em minha carne
as marcas de teus lábios.
O manancial beija o vento
sem tocá-lo.
Levo o Não que me destes
na palma da mão,
Como um limão de cera
quase branco.
Noite de quatro luas
e uma só árvore.
Na ponta de uma agulha
está o meu amor girando!
segunda-feira, outubro 17, 2005
O Amor e a Lógica de Bibiana
Só naquele instante é que o padre percebeu que os Terras quase sempre principiavam suas sentenças com um mas; era o sinal de que estavam sempre discordando do que os outros diziam. Era a gente mais cabeçuda, mais teimosa que ele conhecia.
Eu sei que a Bibiana gosta desse homem. E muito.
Arrependeu-se de ter dito isso. Não podia violar o segredo do confessionário. Mas agora era tarde. A coisa lhe tinha escapado... Deus compreenderia. Deus não era cabeçudo.
Mas quem foi que lhe disse?
Não havia outro remédio senão mostrar as cartas.
Ela mesma me disse.
Como é que a Bibiana lhe diz coisas que nunca me disse?
Arminda ergueu a cabeça e soltou um balido de ovelha:
Ora, Pedro. O vigário sabe.
O Pe. Lara avançou:
Vosmecê já lhe perguntou alguma vez se ela gostava do capitão?
Não.
Pois aí está . . .
Pedro mexeu-se na cadeira. Viu uma lagartixa atravessar a parede, por trás do padre. Seguiu-a com os olhos, mas pensando em Bibiana. Por fim disse
Ela pode gostar um pouco dele. Mas vai acabar esquecendo.
Arminda ergueu a cabeça
Esquecendo? - repetiu. - A Bibíana é bem como a avó, dessas que só gostam dum homem em toda a vida. Essas nunca esquecem.
Pedro Terra suspirou, inclinou o busto para a frente, descansou os cotovelos nas coxas e apoiou a cabeça nas mãos.
É triste a gente criar uma filha com sacrifício para entregar depois ao primeiro canalha que aparece...
Já lhe disse que o governo não condecora canalhas! Vosmecê está sendo injusto. Um canalha vem da guerra com a guaiaca cheia de onças, de jóias e de coisas roubadas. O Cap. Rodrigo trouxe apenas o soldo que economizou. Não é muito. Eu vi.
Pedro olhava fixamente para o chão. O padre e Arminda trocaram um olhar significativo. Vendo que ela estava de seu lado, o vigário sorriu?lhe, agradecido.
Seja tolerante, Pedro - insistiu ele. - Receba o homem na sua casa, converse com ele, tenha paciência.
Pedro pôs-se de pé e gritou:
Bibiana!
A moça apareceu.
É verdade que vosmecê gosta deste tal Cap. Rodrigo?
Bibiana baixou os olhos. Viu as botas embarradas do pai, mas viu principalmente a face do Cap. Rodrigo. Tinha chegado a hora decisiva. Se mentisse, perderia o homem que amava. Se dissesse a verdade, poderia perdê-lo também, mas pelo menos ficaria ,com o consolo de não ter mentido. Aconteça o que acontecer - resolveu - vou dizer a verdade. Sem erguer a cabeça, balbuciou
Gosto, papai.
E vosmecê sabe que eu não gosto dele?
Sei, sim senhor.
E mesmo assim quer casar com ele?
Eu não sei se ele quer casar comigo . . .
Está visto que quer! Mas vosmecê está resolvida a arriscar a ser infeliz?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos.
Estou - disse, erguendo o rosto e encarando o pai.
O padre olhou para Pedro e sentiu um calafrio. O que via nos olhos, no rosto daquele homem era ciúme, um ciúme surdo, escondido, que ardia como brasa viva sob a cinza.
Vosmecê alguma vez falou com esse homem? - tornou a perguntar Pedro Terra.
Nunca, papai.
E se eu lhe proibisse de falar com ele, que é que vosmecê fazia?
Obedecia.
E ficava triste?
Ficava.
Ficava com raiva de mim?
Como é que a gente vai ficar com raiva do pai?
Mas não acha que um dia vosmecê podia esquecer esse homem?
Não acho, não senhor.
Por quê?
Porque sei o que sinto.
Escute, minha filha. - A voz de Pedro ficou mais branda e ele chegou a dar um passo na direção da moça. O padre olhou para Arminda e viu que as mãos dela tremiam. - Vosmecê nunca se interessou por homem nenhum . . .
Bibiana meneou a cabeça afirmativamente.
E vosmecê não sabe - continuou o pai - que esse homem não tem nada de seu a não ser um cavalo, um violão e uma espada? Que esse homem não tem nenhum ofício e nenhuma serventia? Não vê que vosmecê pode ser infeliz com ele, sempre com medo que ele possa abandonar a casa duma hora pra outra, e ir pra alguma aventura ou seguir outra mulher? Não sabe?
Sei.
E assim mesmo quer casar com ele?
Se ele quiser, eu quero.
O padre agora via na moça a decisão de Ana Terra: o mesmo jeito de falar, quase a mesma voz. Teve saudade da velha, com quem costumava manter longas conversas ao pé do fogão, nas noites de inverno.
Pedro Terra continuou:
E vosmecê sabe que este casamento vai me deixar muito triste ?
Sei, sim senhor.
E apesar disso ainda insiste em casar com ele?
A própria Bibiana sentiu que era Ana Terra quando respondeu:
Parece que é sina um de nós dois ficar triste. Veja só, papai. Se eu me caso com ele, vosmecê fica triste, mas eu fico alegre. Se vosmecê me proíbe de casar, não caso, mas fico triste, e me vendo sempre triste vosmecê vai ficar triste e a mamãe também. Não é melhor só um triste em vez de três?
( Erico Veríssimo – O Tempo e o Vento – Continente I – Um Certo Capitão Rodrigo )
sexta-feira, outubro 14, 2005
Simplesmente irresistível
Travessura...
Confesso que não fui visitar cliente nenhum naquela segunda-feira, era só uma desculpa pra atravessar a cidade numa manhã entediante e dizer “oi”. Estava com saudade.
Não devia, em tempos em que tudo é breve e esquecido em menos de uma semana, mas estava. Não me bastavam mais as fotos, estáticas, porém cheias de lembranças do que já conheço e aos poucos vai sumindo de mim, como seu perfume na minha blusa, como o gosto do seu beijo.
Confesso também que não sei respeitar os sinais vermelhos, as placas que me advertem, que gritam aos meus olhos para que eu mantenha distância.
Sou unicamente uma criança grande, que acaba de assumir uma travessura tão gostosa quanto matar aula de Matemática, pegar doces escondido da mãe, nadar na correnteza.
Que sentiu o coração aos pulos quando viu você, perdido em algum lugar dos seus pensamentos. Tão sério. Tão desejável.
Uma criança que não sabe fingir, que ainda não aprendeu a ser adulta, que se nega a jogar com os próprios sentimentos e com os de quem se aproximar.
Uma menina que quer brincar de novo com você.
Bjos a todas as "crianças grandes" do mundo!!!
Abençoadas travessuras...
Silene
quinta-feira, outubro 13, 2005
Um novo dragão, de novo
Tatuagem
(Chico Buarque/Ruy Guerra)
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas coisas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo Mas não sentes
Tenho recebido varias mensagens em off, e-mails, mensagens do orkut e por msn. Estas algumas me congratulam pela coragem de expor sentimentos outras, quase como condolências por uma perda, e compaixão ( não no sentido cristão, de piedade e pena, mas sim, no seu sentido de compartilhar a dor, dividir comigo o que sinto) agradeço a estas amigas, porém, gostaria de deixar muito claro, que o que passo por estes dias apesar de dolorido, como sempre é dolorido reconhecer um erro que cometemos, não é de forma alguma preocupante, afinal, como já disse o pior sintoma é a perda de apetite, e estou emagrecendo todos os quilinhos que ganhei com a felicidade e o natural relaxamento que temos quando estamos comprometidos com nossa verdade. Ou seja, quando nos comprometemos com os nossos próprios sentimentos, amamos verdadeiramente, descuidamos um pouco da balança, temos prazer em viver, e com uma vida prazerosa, não recusamos um leve excesso de boa comida.
Portanto, não sendo Poliana, temos que ver os dois lados da situação.
Primeiro, a dor na separação, ou mesmo na crise que antecede ela, quando a paixão dos primeiros encontros volta redobrada, e nosso coração dispara a um toque de telefone, choramos num final feliz e babaca como o do filme “A Feiticeira”, andamos a flor da pele, e com a certeza até maior do que a realidade acreditamos que tudo pode “acabar bem”, ou seja que é possível um recomeço.
Depois sentir tanto amor e a conseqüente dor pela perda da amada, nos garante, que nenhum sentimento não foi em vão durante o tempo que passamos juntos, pois, procuramos inutilmente alguma mentira ou engodo que amenizasse a mágoa e não encontramos nada que nos que nos convença que tudo foi um enganos, o que nos dá a mais absoluta consciência que amamos e mais amamos muito, durante o período que estivemos juntos, e se vocês como eu, buscam o amor sem medo, podemos nos congratular, afinal, vivemos um grande amor.
E ainda mais na minha idade, quando a maioria das pessoas busca o recolhimento, tanto num casamento acabado, como em relações em que o casal se atura por medo ou se isolam e se conformam por não amar e ainda acham que isto é racional. Eu e alguns poucos, não nos conformamos com uma vida sem amor, e corremos sempre buscando a felicidade.
Assim olhando para o vazio que ficou em mim, separado de quem me preenchia, sinto que vivi um grande amor e só isto me conforta, saber que minha capacidade de amar está intacta, e que portanto, posso depois das feridas cicatrizadas, amar novamente, mais consciente e sem cometer alguns erros bobos de auto avaliação.
Assim sendo, não existe nenhum motivo para preocupação, mas sim esperar que o tempo (o mais lindo dos deuses como diz Caetano) faça o seu trabalho, e o gravar na pele em mais uma tatuagem, a lembrança desde amor que com certeza não devo esquecer, mas que um dia só será lembranças, enquanto o novo dragão, por mais que desbote, estará sempre gravado na minha pela, porque cada um de minhas tatuagens sempre representam um fim, e um novo começo, como o dragão negro da omoplata ou oroboros que marca o meu braço, a morte e o renascimento num ciclo continuo, e o crescente com a estrela, que me garante que sempre havera uma nova vida.
Eu Te Amo
(Tom Jobim/Chico Buarque)
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
domingo, outubro 09, 2005
Viver o Amor
"Ja Domnedeus no.m azir tan
qu'eu ia pois viva jorn ni mes
pois que d'enoi serai mespres
ni d'amor non aurai talan"
"Possa Deus nunca me odiar tanto
a ponto de eu poder viver dia ou mês
depois que como um estorvo eu for desprezado
ou não mais desejar o amor"
“Noih e jorn pes, cossir e velh,
planh e sospir; e pois m'apai.
On melhs m'estai, et eu peihz trai.
Mas us bos respeihz m'esvelha
don mos cossirers s'apaya.
Fols, per que dic que mal traya,
car aitan rich' amor envei,
pro n'ai de sola l'enveya.”
“Noite e dia penso, preocupo-me e velo,
choro e suspiro; e depois me acalmo.
Quanto melhor estou, pior me sinto.
Mas acorda-me uma boa esperança
que apazigua minhas preocupações.
Louco, por que digo que sofro?
Pois se desejo tão rico amor,
o próprio desejo é uma recompensa.”
(Bernard de Ventadorn ...1147-1170...)
Há muito tempo, em 1985, o Gabo, me emocionou muito com seu “Amor no Tempo do Cólera” onde Florentino Ariza que esperou cinqüenta e um anos por Fermina Daza, amando-a a cada dia se preparou e prosperou, enquanto esperava a viuvez de sua amada.
Depois, mais uma vez, em 1994, ele me encantou com o “Do Amor e Outros Demônios” sobre um visionário apaixonado pela história de uma noviça ruiva, que enlouqueceu de amor.
Agora o Gabriel Garcia Márquez, mais uma vez me surpreende com seu Memorias de mis Putas Tristes, um livro que é quase um conto de fadas na 3ª idade. È lindo lêr a história de um homem de 90 anos que após passar pais de 50 anos escrevendo uma coluna sempre igual e enfadonha num jornal, se apaixona, pasmem, por uma menina de 14 anos e virgem. E mais, cuja a vós ele nunca ouviu, pois e todos seus encontros ela estava dormindo. E depois deste encontro, que a principio tinha intenções sórdidas como conterei adiante, este senhor, que durante os seus noventa anos sempre fugiu do amor muda sua vida e sua coluna semanal, que falava sobre a cidade passa a falar de amor e faz com que ele conheça a popularidade e recomece a viver.
Em sua memórias, de uma vida sexual ativa com mulheres de aluguel, ele conta que no seu aniversário de 90, resolveu se dar de presente uma virgem, e faz com que uma Cafetina sua amiga, corrompa uma menina para colocar em sua cama. Pela menina estar muito nervosa, lhe deu uma dose de valeriana e a moça dormiu no encontro.
Uma relação de carinho e troca ocorreu entre a menina adormecida e o velho fauno, musica sussurrada no ouvido, juntamente com poesia e literatura, e mensagens no espelho do prostíbulo, e sem se falarem, aquele que julgava estar a beira da morte renasceu e com esta nova vida apaixonou a cidade toda, com sua colunas dominicais.
Bem, é melhor parar por aqui, é melhor vocês comprarem o livro, é pequeno, barato, e vale cada centavo.
Mas disse tudo isto para falar sobre uma frase do Gabbo, certa vês quando perguntado por um repórter, qual seria mais perigoso:
O Amor no tempo do Colera ou O Amor nos tempos de AIDS ?
Sorrindo, e com olhos sonhadores Gabriel Garcia Marques respondeu:
"Amar, independente do tempo sempre, foi e será perigoso."
E eu complemento, Amar pode ser perigoso, mas que é uma vida sem amor? Seca e triste como do ancião acima? Buscar não sofrer e fugir do amor é mais dolorido que as dores do amor, pois estas, fazem nosso sangue se embaralhar nas veias, nossa cabeça voar e ainda emagrecer, pois dores de amor nos deixam vazios e não é comida que vai nos satisfazer, apenas a lembrança sacia e preenche, alimentando e nos mantendo vivos.
Amar por mais que doa e seja arriscado nos faz sentir vivos, e mesmo nos finais a dor mais intensa é a das boas lembranças que temos do relacionamento. E estas memórias nunca morrem, voltando sempre a nossa lembrança, fazendo com que vivamos aquele amor que acabou, junto como outros mais antigos e outros mais recentes, até o fim de nossas vidas. Se perguntados no leito de morte se temos algo a confessar, podemos sorrir e repetir Pablo Neruda, no titulo de suas memórias: “ Confesso que Vivi ”
SONETO XXXIII
Amor, ahora nos vamos a la casa
donde la enredadera sube por las escalas:
antes que llegues tú llegó a tu dormitorio
el verano desnudo con pies de madreselva.
Nuestros besos errantes recorrieron el mundo:
Armenia, espesa gota de miel desenterrada,
Ceylán, paloma verde, y el Yang Tsé separando
con antigua paciencia los días de las noches.
Y ahora, bienamada, por el mar crepitante
volvemos como dos aves ciegas al muro,
al nido de la lejana primavera,
porque el amor no puede volar sin detenerse:
al muro o a las piedras del mar van nuestras vidas,
a nuestro territorio regresaron los besos.
( Pablo Neruda)
terça-feira, outubro 04, 2005
I am very happy
Here's a little song I wrote
You might want to sing it note for note
Don't worry, be happy
In every life we have some trouble
But when you worry you make it double
Don't worry, be happy
Don't worry, be happy now
Don't worry, be happy Don't worry, be happy
Don't worry, be happy Don't worry, be happy
Ain't got no place to lay your head
Somebody came and took your bed
Don't worry, be happy
The landlord say your rent is late
He may have to litigate
Don't worry, be happy
Don't worry, be happy
Don't worry, be happy, Don't worry, be happy
Don't worry, be happy, Don't worry, be happy
segunda-feira, outubro 03, 2005
Lembrei tanto deste dia
Ver-te ao alcance da boca
Lindeza
Caetano Veloso
Coisa linda
É mais que uma idéia louca
Ver-te ao alcance da boca
Eu nem posso acreditar
Coisa linda
Minha humanidade cresce
Quando o mundo te oferece
E enfim te dás, tens lugar
Promessa de felicidade
Festa da vontade
Nítido farol, sinal
Novo sob o sol
Vida mais real
Coisa linda
Lua lua lua lua
Sol palavra dança nua
Pluma tela pétala
Coisa linda
Desejar-te desde sempre
Ter-te agora e o dia é sempre
Uma alegria pra sempre