segunda-feira, outubro 24, 2005

Labirinto



Já não tenho alma. Dei-a à luz e ao ruído,
Só sinto um vácuo imenso onde alma tive...
Sou qualquer cousa de exterior apenas,
Consciente apenas de já nada ser...
Pertenço à estúrdia e à crápula da noite
Sou só delas, encontro-me disperso
Por cada grito bêbedo, por cada
Tom da luz no amplo bojo das botelhas.
Participo da névoa luminosa
Da orgia e da mentira do prazer.
E uma febre e um vácuo que há em mim
Confessa-me já morto... Palpo, em torno
Da minha alma, os fragmentos do meu ser
Com o hábito imortal de perscrutar-me.


Perdido
No labirinto de mim mesmo, já
Não sei qual o caminho que me leva ...
(Fernando Pessoa)

2 comentários:

Anônimo disse...

Althea também citou Pessoa...
Repito o comentário: amo o que ele escreve...
Bjos!

Anônimo disse...

Nussa! Eu adoro Fernando Pessoa!

Beijos