quinta-feira, outubro 13, 2005

Um novo dragão, de novo




Tatuagem

(Chico Buarque/Ruy Guerra)

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas coisas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo Mas não sentes






Tenho recebido varias mensagens em off, e-mails, mensagens do orkut e por msn. Estas algumas me congratulam pela coragem de expor sentimentos outras, quase como condolências por uma perda, e compaixão ( não no sentido cristão, de piedade e pena, mas sim, no seu sentido de compartilhar a dor, dividir comigo o que sinto) agradeço a estas amigas, porém, gostaria de deixar muito claro, que o que passo por estes dias apesar de dolorido, como sempre é dolorido reconhecer um erro que cometemos, não é de forma alguma preocupante, afinal, como já disse o pior sintoma é a perda de apetite, e estou emagrecendo todos os quilinhos que ganhei com a felicidade e o natural relaxamento que temos quando estamos comprometidos com nossa verdade. Ou seja, quando nos comprometemos com os nossos próprios sentimentos, amamos verdadeiramente, descuidamos um pouco da balança, temos prazer em viver, e com uma vida prazerosa, não recusamos um leve excesso de boa comida.
Portanto, não sendo Poliana, temos que ver os dois lados da situação.
Primeiro, a dor na separação, ou mesmo na crise que antecede ela, quando a paixão dos primeiros encontros volta redobrada, e nosso coração dispara a um toque de telefone, choramos num final feliz e babaca como o do filme “A Feiticeira”, andamos a flor da pele, e com a certeza até maior do que a realidade acreditamos que tudo pode “acabar bem”, ou seja que é possível um recomeço.
Depois sentir tanto amor e a conseqüente dor pela perda da amada, nos garante, que nenhum sentimento não foi em vão durante o tempo que passamos juntos, pois, procuramos inutilmente alguma mentira ou engodo que amenizasse a mágoa e não encontramos nada que nos que nos convença que tudo foi um enganos, o que nos dá a mais absoluta consciência que amamos e mais amamos muito, durante o período que estivemos juntos, e se vocês como eu, buscam o amor sem medo, podemos nos congratular, afinal, vivemos um grande amor.
E ainda mais na minha idade, quando a maioria das pessoas busca o recolhimento, tanto num casamento acabado, como em relações em que o casal se atura por medo ou se isolam e se conformam por não amar e ainda acham que isto é racional. Eu e alguns poucos, não nos conformamos com uma vida sem amor, e corremos sempre buscando a felicidade.
Assim olhando para o vazio que ficou em mim, separado de quem me preenchia, sinto que vivi um grande amor e só isto me conforta, saber que minha capacidade de amar está intacta, e que portanto, posso depois das feridas cicatrizadas, amar novamente, mais consciente e sem cometer alguns erros bobos de auto avaliação.
Assim sendo, não existe nenhum motivo para preocupação, mas sim esperar que o tempo (o mais lindo dos deuses como diz Caetano) faça o seu trabalho, e o gravar na pele em mais uma tatuagem, a lembrança desde amor que com certeza não devo esquecer, mas que um dia só será lembranças, enquanto o novo dragão, por mais que desbote, estará sempre gravado na minha pela, porque cada um de minhas tatuagens sempre representam um fim, e um novo começo, como o dragão negro da omoplata ou oroboros que marca o meu braço, a morte e o renascimento num ciclo continuo, e o crescente com a estrela, que me garante que sempre havera uma nova vida.

Eu Te Amo

(Tom Jobim/Chico Buarque)

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

4 comentários:

Anônimo disse...

Dragão Mór!
Só pra variar, me deixastes sem poder me expressar, pois você conseguiu por em palavras perfeitas o que tento explicar, que não há vida pra mim sem amor, ele é a fonte da nossa força e vontade de estarmos aí mundo afora, fazer, acontecer, ser e estar. Porque será que suspiramos mais quando amamos? Por que estamos cheios de vida e precisamos inflar mais os pulmões pra nutrir essa vida a mais.
Espero que em breve possa marcar minha pele tbm, minha nova fase, meu renascimento.
Beijocas
Tetéia

Anônimo disse...

Um dragão mesmo!Tem a força que aparenta, mas em relação a idade acho que está muito longe da velhice. Afinal qual a estimativa de vida de um dragão? Então...meio século é muito jovem,rsss

Cezar Drake disse...

Anônimo,


hehehehe, ninguém falou nada de velhice, mesmo porque, estou passando muito bem, é que tenho visto gente com bem menos idade desistindo de amar e se conformando com uma vidinha confortável e com os amores possíveis, e eu busco os amores impossíveis e plenos. Quero o amor dos romances e dos sonhos, da cumplicidade e confiança e com toda a certeza, não tenho medo de amar

Eu , Ella e Irene disse...

E depois , nada mais prazeiroso que morrer só pelo tesão de nascer de novo rsrs