Uivo pra lua com o gorro de lobo daquele que não se sabe o nome.
Sigo com as sandálias aladas, que me transportam alem das colunas de Hércules,
Escudo polido qual espelho, gladio cortante, bolsa de couro.
Fui em busca daquela que quando ouriça os cabelos se escutam agudos silvos.
Cortei alado os oceanos de onde ninguém retorna
e que mais tarde Ulisses vai buscar ali uma das portas do mundo inferior.
Na casa de Gorgóna ando sem colocar os pés no chão,
Me guio por invertidos reflexos convexos do escudo e invisível
fito seus olhos que a tantos transformou em pedra.
E vejo neles o que a tantos congelou.
Neles vejo espelhados os meus olhos,
por mais que ela não me veja.
E olhando os meus olhos onde deveriam estar os seus,
vejo a dor que a todos paralisa.
Observo os glaucos olhos daquela cujo templo foi profanado
e a cega raiva da deusa, que com as armas do seu pai lança raios contra quem a fita
Ofuscando visão enquanto este se torna pedra de dentro pra fora,
mineralizando e endurecendo seu coração.
Do frio centro da vida, a gelada pedra liquida vai endurecendo
os músculos enrijecendo articulações eliminando os movimentos.
Me aproximo de costas para me guiando pelo enganador reflexo,
um arrepio percorre sua espinha e explode em movimentos ondulantes
silvos sibilantes.
Meu cheiro, nenhum deus lembrou-se disso.
O meu odor humano me traiu,
recendendo suor e medo estanquei colado a parede,
o barulho era infernal. Me transformei em parede e cortei minha respiração
Quando a Gorgóna vem em minha direção guiada por seu olfato,
aproveito minha invisibilidade, atiro o escudo em outra direção,
e quando ela se volta, agarro sua cabeça com a mão esquerda e a degolo com a direita.
Neste brusco movimento me escorrega da fronte o gorro das trevas subterrâneas
e me materializo diante de Medusa,
ainda viva ela me fita com os olhos glaucos de Athena
por um instante, um átimo de tempo, o poder de seus olhos se perdeu.
Entre a vida e a morte seu olhar foi de agradecimento e amor.
Tudo que ela pediu foi apenas um ultimo beijo.
Percorrendo os meandros viscerais até o âmago do ser humano, o inferno da mente. E dali retornar um novo ser, sem mais nenhum medo, vencendo as trevas da ignorância.
terça-feira, janeiro 22, 2008
Medusa, por Perseu
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário