quarta-feira, janeiro 09, 2008

O Intoxicante Dionisio

A palavra Tóxico, vem do latim com raiz grega (tox) e quer dizer "veneno para flechas" em grego temos o toxikón (pharmacon) novamente "veneno para flechas" e temos, também no grego, a palavra tóxon que é "o arco de atirar flechas". A sendo assim a palavra raiz de tudo isto é tox a "flecha".

Telemaco filho de Ulisses tinha o nome que significava "o que mata a distancia", portanto um arqueiro. Vemos com isto que as setas envenenadas foram as primeiras armas químicas de destruição em massa, pois eram atiradas indiscriminadamente contra os exércitos inimigos.

O sucesso de S. Sebastião se deve a ele ter resistido ao suplicio das Flechas e tendo que ser lapidado, e por associação era invocado contra a peste, que caía sobre os homens como uma chuva de flechas disparadas pelo deus cristão sobre a humanidade.

Temos aí uma reprodução de Apolo, o deus Grego das pestes, infalível arqueiro e deus da cura, portanto conhecedor dos tóxicos e fármacos.

Desde Timothy Francis Leary, (nos tempos contemporâneos) vemos os tóxicos e alucinógenos, que hoje chamados de enteógenos, como expansores de consciência, para o auto conhecimento. Coisa que já estava escrito no Templo de Apolo em Delfos "conheça a ti mesmo" onde uma pitonisa intoxicada com vapores vindo do interior da terra..

Pensando nisso vejo o quanto erramos quando pensamos no transe dionisíaco como uma intoxicação coletiva, afinal, intoxicar é algo muito apolíneo, pela raiz das palavras e em nada se parece com as manifestações dionisíacas. O transe provocado por Dionísio, não preciosa dos fármacos ou mesmo do vinho, pois Dionisio é ele próprio, tanto o veneno quanto a cura, é a intoxicação da consciência, o transe puro pela simples presença do Deus.

Acabei chegando a esta conclusão, que a simples presença de Dionisio dá barato, muitas vezes eu me sinto chapado, do nada, sem bebidas, ou enteógenos e não entendo o por que, da tontura, e de curtas viagens como se fossem flashs de LSD. Revelações e oráculos pintam na minha cabeça, ainda que não esteja com nenhum instrumento oracular por perto. De certa forma achava que estava pirando, que tudo não passava de loucura da minha cabeça, mas... não era. A aproximação de Dionisio é a causa destes transes e quando sou tomado por sua energia me sinto em uma viagem com enteógenos tão boa, que me sinto constrangido por não participar da festa. Mas agora caiu a ficha:

"O transe Dionisíaco é totalmente natural, já o transe induzido, aquele que controlamos e dosamos é Apolíneo."

Portanto fico imaginando que nos antigos rituais dionisíacos onde encontramos restos de ópio, maconha e outros enteógenos nos vasos sagrados, não seria uma formula apolínia usada pelos sacerdotes de Dionisio, para mostrarem aos iniciados o que era o transe, para que estes pudessem mais tarde reconhecer a presença do deus. Um "conheça-te a ti mesmo para reconhecer o seu deus" dionisíaco.

Aí imagino o que acontecia no oráculo de Delfos quando Apolo tirava férias e Dionisio assumia, a Pitonisa ia para uma clinica de desintoxicação, e os sacerdotes de Dionisio enlouqueciam com seus oráculos caretas aos que o consultavam, sem trípodes, vapores ou qualquer outro meio artificial de transe, piravam os consulentes que profetizavam as suas próprias vidas, pela simples presença do deus.

É engraçado como estes dois se misturam...

Um comentário:

Naty Amora disse...

Olá li algumas de suas coluns no site tribos de gaia! Gostei muito!!!
E o seu blog também é muito bom!
Um dia vou escrever como o senhor!
Abraço Naty