– Adoro o jeito que você mistura a sua Vida com a Mitologia, quando escreve, fica parecendo tão real!
Juro que parei por uns instantes, sem entender o que ela estava falando, quando finalmente entendi respondi:
– Eu não misturo nada, é assim que eu vivo! Sinto a presença dos Deuses em cada momento da minha Vida.
– Você fala, conversa com os deuses diariamente – espantou-se ela.
– Na verdade não, pelo menos, não na maneira que você pensa. Não me sento com eles na mesa, tampouco olho para os céus, pergunto e eles respondem nem converso com eles no templo, Mas eles estão presentes o tempo inteiro na minha vida, eu os vejo e os escuto na natureza e em minha volta. Às vezes um raio responde uma pergunta que esta na minha cabeça, um vento, uma brisa me dão sinais, um pio de pássaro que não deveria estar por ali. As vezes a resposta vem de um mendigo que me fala coisas aparentemente sem nexo, mas que fazem um puta sentido, ou por acaso escuto uma conversa enquanto tomo café num balcão.
Sonho tenho visões principalmente naqueles momentos de modorra, aquela sonolência gostosa quando estamos quase fechando os olhos de sono, isto eu aprendi com o Monteiro Lobato que poucos lêem hoje. Sim creio que foi quando a crianças do sítio queriam ver o saci. Hoje eu sei que é um momento limítrofe, estamos entre o sono e a vigília, e todo momento de transição é por si mesmo mágico, como falei aqui no post “Aquele azul”
Assim vou vendo deuses e os sentindo a todo o momento, como se estivessem o tempo inteiro me alertando, me acariciando e dando um jeito de me avisar o que eu deveria saber. Porém temos um livre arbítrio, que nos dá a opção de segui-los o tempo inteiro ou seguir nossa própria cabeça e não é pecado nenhum não fazer o que os deuses mandaram eles não se incomodam, mesmo porque não acredito em pecados, nem na culpa imposta pois não sou dualista e separo tudo em bem e mal, luz e trevas, masculino e feminino, acredito que tudo se interage, pelo bem ou pelo mal, dependendo o momento.
Assim, eu sinto sim a presença dos deuses e vivo exatamente da maneira que eu escrevo, ora louvando uns, ora aplacando outros e sempre buscando o equilíbrio ou como sempre fala o eixo da roda da fortuna, onde tudo gira em minha volta e eu permaneço no centro.
Creio que este papo não vai acabar por aqui, temos muito que falar sobre como viver como pagão, e não dizer que é pagão e viver querendo ser bonzinho para ir para o céu, ou optando pelo outro lado. Gente, o paganismo é o equilíbrio, sem ele nunca seremos pagãos