quinta-feira, janeiro 12, 2012

Comida para a Alma.




Às vezes precisamos mais que apenas alimentar o corpo, precisamos trazer o nosso espírito de volta. Uma comida com história, passado que te traga lembranças da infância e de momentos onde não existia tristeza, uma comida alegre. Um rango caseiro e familiar, sem nada de sofisticado, nem com sotaque esquisito, nem receita em livro.

Não sei se fiquei caçando fotos antigas hoje , mas hoje nem mesmo o  Bistrô Ici, me satisfaria e creiam, foi lá que fui surpreendido pela ultima vez, por uma inusitada combinação, se um atum fresco quase cru com crosta de gergelim acompanhado com um purê picante. Não, eu queria comida de sábado, quando meu pai ou meu avô iam pra cozinha, comida de um ex. sogro nascido em Bolonha. Comida que eu exercitei ainda na adolescência, mas minhas primeiras incursões na cozinha. Nada elaborado, quase grosseiro, comida de camponês faminto, com gosto de lar, sabor de saudade daqueles que não virão nunca mais.

Degustar todos os momentos da sua vida que foram marcados pela simplicidade, muitas das vezes que se abriu a geladeira quase vazia e se foi encontrando um pedaço de calabresa perdido, tomates quase passados, cebolas com jeito de cansadas e juntar tudo num molho vermelho com cebolas cortada em oito pedaços , tomates cortados em quatro e a calabresa fatiada em rodelas, refogadas na manteiga temperada com ervas de Provence carregada com alecrim e sal marinho moído na hora.

Só pelo cheiro do molho abri um Chianti, uma taça grossa, carreguei no parmesão de verdade e moí pimenta na hora, já na primeira garfada, sabia que era isto que eu precisava. Chamei todos os meus mortos para comer comigo, pois foi com cada um deles que aprendi a me virar na cozinha.

A Comida da Alma é aquela que alimenta seu corpo e também eleva seu espírito a lembranças boas e verdadeiras.

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