domingo, janeiro 08, 2012

Vênus Genetriz, a mãe dos romanos. (Parte II) A Presença



A volta de Vênus a minha vida, não foi como a volta de Perséfone no equinócio da primavera, tímida e titubeante, mas como o mês de outubro, quando a primavera se instala totalmente plena, prenhe de promessas e flores maravilhosas. Que no hemisfério norte acontece em abril, (aprilis), o mês consagrado a ela desde a Roma dos Reis. A Sua chegada nos transforma, espanta a tristeza e o enclausuramento do inverno, de dias tristes e cinzas e nos traz um mundo inteiramente renovado e colorido. Nossas mágoas de desfazem com a luz do sol e os fantasmas que nos atormentavam nas noites frias, que passamos encolhidos sob grossas cobertas, não resistem aos perfumes de dama da noite e jasmim, e fogem para os cantos escuros e soturnos, de onde nunca deveriam ter saído.
 
O auge da Primavera desperta o cio da terra, que recebe todas as sementes e as faz germinar. Com Tellus Mater receptiva todos os seus filhos sentem a vontade de se reunir aos pares para render suas graças a Vênus, que nesta época trás sempre pela mão seu filho aquele pequeno demônio que chamamos de Cupido, que com seu carcaz carregado de flechas de ouro e as dispara aleatoriamente. Para que o mundo se renove e as mulheres engravidem e se casem em Maio, mês de Maia, esposa de Vulcano e Apolo e mãe de Hemes.
Com tudo isto acontecendo fora de época, especialmente para mim, todas as feridas foram se fechando, cicatrizando e eu me restabelecendo. Na passagem do ano, que atravessei debaixo de chuva forte, foi como se as águas de Juno fossem mais fortes e poderosas que a de Possídon, pois me limparam de todas as más lembranças e dos humores em decomposição que haviam grudado em mim. As roupas brancas grudadas em meu corpo, os cabelos molhados ao invés de me incomodar, foram me alegrando, restabelecendo ao ponto de eu voltar a perceber que eu estava sendo visto e mulheres estavam me admirando, coisa que a anos eu tinha deixado de perceber.

 
Estava voltando a ser eu mesmo outra vez, encharcado, molhado até os ossos, passava frente uma vitrine espelhada e ria quase gargalhando do meu estado e isto era muito bom, pois sempre ri de mim próprio, e sempre sabia que tudo passaria um dia e que mais cedo ou mais tarde tudo se acertaria. Até que numa noite meu coração, sempre mais frágil que meu cérebro, lembrou da mulher que se foi, e voltou a doer e a me tirar o sono... Porem em pouco tempo uma musica leve e suave como um acalanto de mãe, em pouco tempo cochilei e começou um sonho muito real, sabem aquele que parece que estamos vivendo aquilo de verdade, pois temos todas as sensações e sentimos todos os nossos sentidos ativados?
No sonho encontrei uma filha de Vênus que conheci a anos, ainda adolescente, e veio falar comigo e perguntou por que eu estava triste. Contei das minhas perdas e assim quase do nada ela me beijou carinhosamente na boca e o beijo não terminou mais, até virmos para casa e continuamos a nos beijar na cama e de certa forma nos beijamos e fizemos amor a noite toda. Mas o sonho era muito real de sentir o toque dos lábios, o molhado da língua, o gosto da saliva o cheiro do seu corpo e quando acordei estas sensações ainda estavam tão presentes em mim que a procurei na cama e na casa.

 
Depois com certa frustração, percebi que havia sido um sonho, mas eu ainda sentia o cheiro dela no meu corpo e seu gosto em minha boca, os lençóis ainda úmidos e exalando a sexo. Eu passei a manhã cismado, mas ainda encantado pelo sonho até que as coisas começaram a se encaixar na minha cabeça, Vênus quis dizer alguma coisa pra mim e com certeza não era para eu virar um velho pedófilo onírico. Ela usou a menina, pois é a única filha de Afrodite Pandêmia a mesma qualidade da minha, que conheço, para reafirmar que era ela quem estava comigo. O fato da menina ainda ser uma adolescente, já que faz anos que não a vejo, ela já deve ter mais idade, possivelmente, ela estava me dizendo que preciso de um amor novo ou renovado, com o frescor de novidade, pois não devo mais seguir meu coração, ou me entristecer por uma história que se acabou, ainda que pra mim não tenha terminado. Todas as sensações que tive durante e depois do sonho, foram pra me mostrar que é isto que estou precisando. E constatei que é a pura realidade, passei os dois últimos dias com vontade de beijar horas, fazer sexo com carinho desde as preliminares até as posteridades a noite toda, quantas vezes o tempo permitir...

 
Bem creio que ela está certa mesmo, e ainda que não tivesse quem sou eu para discutir com Afrodite Pandemia, a querida por todos. A partir de hoje volto a olhar para os lados e para os olhos das mulheres bonitas, realmente minha cama já está vazia faz muito tempo e como já disse por aí, gosto mais de relacionamentos do que simplesmente sexo casual, vou a Luta!
Afinal nasci de duas Vênus, uma carnal e outra celestial, amar quem não me ama, não faz parte da minha natureza. 

 
Agora tenho certeza absoluta, o Julio César estava realmente certo: Vênus é a mãe de todos os romanos, e não nos abandona.

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