Engraçado, quando resolvi escrever sobre Mutunus Tutunus, pensei em apenas mostrar a evolução de um deus em relação ao desenvolvimento da sociedade que o cultuava, não imaginei que chamaria a discussão de outros pontos.
Os Romanos, com seu Império de mais de mil anos, que tanto influenciaram a sociedade ocidental, viam sua civilização como o estado da ordem contra a barbárie. E buscaram civilizar seus deuses e que estes fossem os agentes da ordem, os pilares de uma sociedade organizada se opondo ao caos.
Por isto Mutunus Tutunos a força incontrolável da fertilidade foi suavizada e transformada com sua fusão a outros deuses. Por isto também o culto dionisíaco foi considerado subversivo e finalmente proibido. Porém existem forças da natureza que são impossíveis de serem controladas, a fertilidade humana, animal e vegetal é uma delas. Brota do interior da terra e explode a cada primavera nos campos e também nos humanos e por isto: Por mais que as amarras das religiões e da ordem social tentem imobiliza-la, ela sempre volta e cada vez com mais força. O fascínio do membro viril ereto vem dos primórdios da nossa raça, desde o paleolítico estão gravadas nas paredes de pedra das cavernas este símbolo da força da reprodução.
Os romanos ficavam numa encruzilhada sem alternativas, ao mesmo tempo que precisavam incentivar a fertilidade, pois precisavam de filhos de Roma para o crescimento das gens e de seu império, viam no sexo um fator de instabilidade para o império, pois era uma força irrefreável da natureza portanto difícil de ser controlada. E assim Roma ficou encurralada entre dois grandes perigos: Se negligenciassem os cultos a fertilidade e virilidade as fontes da vida em seus territórios poderiam secar; outro que não temia menos, liberar estas praticas e estas viessem a provocar acessos de fanatismo e desordem tão prejudiciais a Urbe. O medo do senado em relação aos cultos dionisíacos, na época dos escandalosos bacanais da epidemia de Dionisio, não era menor que o que tinham em relação ao culto de Vênus a patrona dos amores.
E ainda que o Estado romano proibisse ou mascarasse o culto a estas divindades o Falo e a Figa eram símbolos da vida e eram fartamente usados para afastar o mal e as doenças, proteção das casas e para a fertilidade dos campos. A vida pulsante e forte e o sexo, eram sem duvida o melhor amuleto para afastar as sombras.
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